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Estado de Minas ECONOMIA

'N�o h� quem explique fala de Trump', diz embaixador do Brasil nos EUA


postado em 27/10/2018 11:05

O debate eleitoral no Brasil n�o tocou nas grandes discuss�es internacionais e na posi��o que o Pa�s adotar� frente �s mudan�as no cen�rio de com�rcio exterior. "� uma pena", diz o embaixador do Brasil nos Estados Unidos, S�rgio Amaral, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. "Quando se discute pol�tica econ�mica e industrial, seria interessante que houvesse um debate sobre as quest�es internacionais, porque elas v�o ser relevantes."

Em rela��o � declara��o de Donald Trump de que � dif�cil negociar com o Brasil, ele diz que n�o v� raz�o para essa postura. "Ainda n�o consegui quem me explicasse (a fala de Trump)."

O que esperar da pol�tica externa, dado o que foi apresentado durante a campanha eleitoral?

� uma pena que o debate eleitoral no Brasil, seja no primeiro ou segundo turno, praticamente n�o tenha tocado nas quest�es relativas � pol�tica externa ou nas grandes quest�es internacionais. � compreens�vel que tenham se concentrado nas quest�es de interesse imediato da popula��o: seguran�a, corrup��o, economia. Mas, de qualquer forma, teria sido importante que esse debate pudesse ter inclu�do algumas quest�es internacionais, porque o mundo mudou rapidamente. Temos as implica��es todas sobre globaliza��o e relativas a com�rcio internacional, a volta das medidas bilaterais de com�rcio. Qual a nossa estrat�gia em rela��o a essas novas quest�es de com�rcio? N�s estamos numa fase que tender� a fortalecer as medidas unilaterais? H� transforma��es grandes na Am�rica Latina: essa converg�ncia entre Mercosul e Alian�a do Pac�fico vai criar um grupo de pa�ses que � muito importante. Como n�s poderemos acelerar esse processo?

Mas o que seria saud�vel hoje: continuidade da pol�tica externa ou mudan�a de rumo?

S� o novo governo pode responder. A pol�tica externa tem de refletir as diretrizes principais da pol�tica interna. O que estou procurando dizer � que existem fatos novos na realidade internacional sobre os quais o Pa�s e o partido eleito ter�o de tomar uma posi��o. Quando se discute pol�tica econ�mica e industrial, seria interessante que houvesse uma participa��o no debate sobre as quest�es internacionais, porque elas v�o ser relevantes.

Como � hoje o relacionamento do Brasil com os EUA?

O n�mero de visitas, que era modesto, nos �ltimos meses aumentou substancialmente. Houve um interc�mbio grande de pessoas importantes e os projetos Brasil-Estados Unidos est�o funcionando, o com�rcio continua crescendo, os investimentos avan�aram. O que eu achava que dever�amos fazer nos EUA � a rela��o chegar, como chegou, a um ponto de maturidade. Estamos superando um processo pendular na rela��o em que a priori n�s somos contra ou a priori somos a favor. Se voc� pegar a hist�ria das rela��es Brasil-Estados Unidos voc� v� esse processo de zigue-zague, de p�ndulo. Em alguns momentos, tivemos declara��es como "o que � bom para os Estados Unidos � bom para o Brasil", e em outros tivemos uma posi��o de desconfian�a. Hoje estamos trabalhando numa linha que �: se n�s concordamos com um item da agenda, n�o tem raz�o para n�o trabalharmos juntos. E, se n�o concordamos, n�o tem raz�o para n�o dizer.

O amadurecimento dessa rela��o � suficiente para evitar que o pr�ximo governo tenha s� um alinhamento ou s� oposi��o?

Isso vai depender das decis�es do pr�ximo governo. Ele (pr�ximo presidente) que imprimir� a dire��o da pol�tica externa. Acredito que n�o h� raz�o para que as rela��es n�o sejam boas.

H� espa�o hoje para um acordo de com�rcio entre Mercosul e EUA?

Isso � uma coisa prematura. Eu tamb�m j� ouvi falar que haveria essa ideia. Eu acho que precisa ver o que entendemos como acordo de com�rcio. Se for um acordo de facilita��o de com�rcio, certamente tem. Se for de converg�ncia regulat�ria, acho que tem espa�o. Mas se for um acordo de com�rcio, � preciso ver qual seria o objetivo. N�s temos um grande entendimento entre os setores empresariais Brasil-Estados Unidos. � um tema para haver um primeiro exame por parte dos grupos empresariais de todos os lados. A partir da�, � uma quest�o para o pr�ximo governo avaliar o que seria interessante pelo lado brasileiro. Sobretudo porque essa avalia��o vai caber ao pr�ximo governo.

O Fernando Cutz, ex-conselheiro da Casa Branca, falou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que a meta do pr�ximo governo deveria ser tentar um acordo de livre-com�rcio com os EUA.

Isso � uma quest�o que precisa ser avaliada primeiro pelos setores comerciais. E � algo que o pr�ximo governo precisar� avaliar.

Cutz fala que o Brasil perdeu a relev�ncia no cen�rio internacional, por exemplo.

Minha opini�o � que nos dois �ltimos anos a rela��o com os EUA se ampliou, e num relacionamento que sempre foi muito positivo. Eu n�o tenho conhecimento de nenhum contencioso na rela��o Brasil e EUA. Temos converg�ncias em quest�es de direitos humanos na Am�rica Latina, no que diz respeito ao tratamento de temas como a Venezuela na OEA. Temos diferen�as tamb�m, mas s�o normais. N�o podemos achar que temos de ter ou alinhamento ou oposi��o. Depende do assunto.

De onde saiu a fala do Trump sobre a dificuldade de neg�cios com o Brasil?

N�o consegui quem me explicasse. Falei com algumas pessoas que disseram que isso n�o estava previsto no texto que foi dado a ele. N�o h� raz�o. Nossas rela��es comerciais s�o boas e temos tido d�ficit com os EUA em quase toda a �ltima d�cada. O Trump quis renegociar acordos com pa�ses com os quais os EUA t�m d�ficit. Eles t�m super�vit conosco.

Se aproximar mais dos EUA s� � poss�vel hoje se houver um distanciamento com a China?

Estamos caminhando para um mundo cada vez mais multipolar, com uma competi��o com os pa�ses que representam os polos. S�o importantes parceiros do Brasil. N�o temos raz�o para tomar partido nesses conflitos, mas ajudar a encontrar um caminho de solu��o, uma solu��o por via multilateral.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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