Numa tentativa de evitar que o minist�rio da Ind�stria, Com�rcio Exterior e Servi�os (MDIC) seja engolido pela cria��o do superminist�rio da Economia, o atual ministro, Marcos Jorge, vai endossar junto � equipe de transi��o do presidente eleito, Jair Bolsonaro, a ideia, colocada por entidades do setor produtivo, que prop�e a fus�o da pasta respons�vel por pol�ticas industriais com o minist�rio do Trabalho. Esse desenho, segundo o ministro, permitiria sinergia maior do que a reorganiza��o prometida pelo governo que toma posse em janeiro.
O desconforto dos empres�rios com a incorpora��o do MDIC numa pasta de Economia foi adiantado nesta segunda-feira, 5, em reportagem do jornal Valor Econ�mico. Segundo a mat�ria, dez entidades representantes do setor industrial levaram ao deputado Onyx Lorenzoni, futuro ministro da Casa Civil de Bolsonaro, uma proposta para a cria��o do minist�rio da Produ��o, Trabalho e Com�rcio, resultado da fus�o do MDIC com o Trabalho.
Na China, o plano de reforma ministerial do presidente eleito foi alvo de cr�ticas do titular do MDIC e tamb�m do atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi - ambas as pastas podem ser absorvidas pelas estruturas de superminist�rio do futuro governo.
Bolsonaro est� reavaliando a ideia de unir Agricultura e Meio Ambiente, mas est� mantendo o plano, anunciado durante a campanha pelo Planalto, de agrupar as pastas de Fazenda, Planejamento e Ind�stria num �nico minist�rio da Economia.
Ao falar sobre o assunto, Marcos Jorge disse que, embora concorde com a ideia de redu��o do n�mero de minist�rios, a pasta da Ind�stria teria converg�ncia maior com a do Trabalho.
Nesse desenho, defendeu o ministro, os minist�rios da Ind�stria e do Trabalho teriam melhores condi��es de trabalhar, juntos, em torno de uma "agenda de futuro", o que inclui a qualifica��o tanto de m�o de obra quanto do setor produtivo para as tecnologias da nova revolu��o industrial.
"De fato, estou pensando no momento que talvez esse seja um desenho adequado. Temos que verificar a disposi��o da equipe de governo (eleito) para que possamos passar de forma mais aprofundada uma ideia de remodelamento como essa", comentou o ministro.
Sistema S
Marcos Jorge acrescentou que, unidos num "Minist�rio da Produ��o, Trabalho e Com�rcio", as duas pastas poderiam reunir num �nico local todo o Sistema S, cujas compet�ncias s�o atualmente divididas entre o minist�rio da Ind�stria, que fica com Sebrae e Ag�ncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), e minist�rio do Trabalho, respons�vel por Senai e Senac.
J� o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, que j� havia alertado na semana passada sobre poss�veis preju�zos ao agroneg�cio se a uni�o com o minist�rio do Meio Ambiente for concretizada, voltou a criticar o plano.
Para Maggi, a proposta de Bolsonaro far� com que o ministro da Agricultura, normalmente vindo do setor agropecu�rio, tenha que tratar de mat�rias das quais tem pouca familiaridade, como licenciamento ambiental de atividades n�o ligadas ao campo.
"Acho que vai atrair ao minist�rio da Agricultura demandas que n�o s�o nossas. O tempo de trabalho que um ministro e toda sua equipe t�m j� � bastante apertado para as demandas do agroneg�cio", assinalou Maggi. "Perde agilidade. H� conflitos de interesses, n�o devemos negar", acrescentou o ministro, numa refer�ncia � possibilidade de flexibiliza��o de regras ambientais � produ��o agr�cola.
Junto com o ministro das Rela��es Exteriores, Aloysio Nunes, Maggi e Marcos Jorge acompanham a delega��o empresarial brasileira que est� em Xangai para participar, nesta semana, de uma megafeira com importadores chineses.
No total, 250 empres�rios e representantes de quase 200 empresas participam do que � considerada a maior miss�o de prospec��o de mercado e promo��o de produtos brasileiros j� realizada em territ�rio chin�s.
Ao participar de encontro com a comitiva organizada pela Federa��o das Ind�strias do Estado de S�o Paulo (Fiesp), o chanceler Aloysio Nunes disse que n�o faria coment�rios sobre a pol�tica brasileira.
Marcos Jorge, por sua vez, falou ao Broadcast (sistema de not�cias em tempo real do Grupo Estado) sobre a fus�o das pastas econ�micas, mas evitou responder �s declara��es do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, que classificou o minist�rio da Ind�stria como uma "trincheira" do protecionismo da ind�stria. "N�o vou comentar porque n�o � o momento adequado."
Blairo Maggi, por sua vez, chegou a Xangai ap�s participar de outra miss�o empresarial em Abu Dhabi, onde teve que responder a questionamentos sobre a promessa feita por Bolsonaro de transferir de Tel-Aviv para Jerusal�m a embaixada brasileira em Israel. H� receio de que o plano, confirmado pelo presidente eleito na quinta-feira, provoque retalia��es comerciais por pa�ses �rabes, grandes importadores de prote�na animal do Brasil.
"Se esse for o caminho a ser seguido, n�s vamos ter alguns problemas, alguns questionamentos. O mundo �rabe tem uma participa��o enorme na compra de frango e de bovinos. N�o sei qual � a inten��o (de Bolsonaro), mas fico preocupado", afirmou Maggi.
*O rep�rter viajou a convite da Fiesp
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