'Competi��o � ant�doto contra corrup��o', diz Castello Branco

O economista Roberto Castello Branco, anunciado ontem pela equipe econ�mica de Jair Bolsonaro como futuro presidente da Petrobras, como antecipou o Estado, defende que a petroleira mantenha o foco nas atividades para as quais tem compet�ncia, como explora��o e produ��o de petr�leo. "A Petrobras desenvolve outras atividades que n�o s�o naturais e que n�o atraem retorno. A compet�ncia da Petrobras � na explora��o e produ��o de petr�leo. Temos de levar a companhia a acelerar a explora��o do pr�-sal", disse ao jornal O Estado de S. Paulo.

Ex-diretor do Banco Central e ex-diretor da Vale, Castello Branco, que tamb�m j� fez parte do conselho de administra��o da estatal, disse que nos pr�ximos dias vai se dedicar a estudar estrat�gias para a Petrobras. A privatiza��o de ativos da companhia est� em avalia��o, mas vender a pr�pria companhia, n�o. "Privatizar a Petrobr�s, neste momento, n�o est� em discuss�o. Nem tenho nenhum mandato do presidente Bolsonaro para fazer isso." A seguir, os principais trechos da entrevista.

Que Petrobras o sr. vai assumir a partir de janeiro e qual ser� o futuro dela?

O Pedro Parente (ex-presidente da estatal) come�ou um trabalho de compliance e redu��o de custos na companhia, que dever� ser mantido. Vamos continuar o processo de desalavancagem (redu��o de d�vidas). A Petrobras j� andou muito nessa dire��o, mas precisa ainda continuar nessa linha porque os pre�os do petr�leo, assim como de outras commodities, s�o muito vol�teis e se transmitem para o fluxo de caixa. Sobre aloca��o de capital, a Petrobr�s tem de usar o capital onde vai obter maior retorno para os acionistas. O principal acionista da Petrobras, temos de manter em mente, � o povo brasileiro.

Qual deve ser o foco da estatal?

� levar a empresa a acelerar a explora��o do pr�-sal. O pr�-sal � uma fonte de riqueza enorme. Temos uma grande oportunidade agora, se deixarmos passar, daqui a duas ou tr�s d�cadas, o panorama energ�tico do mundo vai ser diferente e o petr�leo n�o ser� t�o importante como � hoje. Temos de aproveitar esta fase para trazer desenvolvimento econ�mico para o Brasil.

Como se faz isso?

A Petrobras tem o que ela tem compet�ncia para fazer, dentro dos seus recursos. Ela tem tecnologia, bom estoque de capital humano, de engenheiros e ge�logos altamente especializados. E � claro que ela n�o consegue fazer sozinha. O ideal � que se tenha mercados competitivos gigantes. Para mim, al�m das medidas de compliance, a competi��o � o melhor rem�dio contra corrup��o. A corrup��o tem oportunidade de se manifestar onde h� monop�lios, onde a escolha n�o � por m�rito, nos centros das conex�es pol�ticas pelos favores. Para a Petrobras, a competi��o ser� um ant�doto permanente contra esse tipo de coisa. A sociedade n�o tolera mais (corrup��o).

Que atividades o sr. considera n�o serem estrat�gicas para a companhia?

A Petrobras desenvolve outras atividades que n�o d�o um retorno natural. Um exemplo � a distribui��o de combust�veis. A Petrobras ainda � dona da BR Distribuidora, que, no fim das contas, � uma cadeia de lojas. A compet�ncia da companhia est� na explora��o e produ��o de petr�leo. Tamb�m n�o faz sentido uma �nica companhia deter 98% de uma atividade no Brasil, que � o refino. A Petrobras pode rever o monop�lio nessa �rea. Eu sou a favor de regras, n�o de delega��es a pessoas. Ent�o, de novo, a competi��o � favor�vel a todos: � pr�pria Petrobras e ao Brasil. Faz bem ao desenvolvimento econ�mico do Pa�s. D� maior liberdade aos mercados, gera mais investimentos, mais renda, mais emprego, mais arrecada��o ao governo federal, governos estaduais e municipais.

Como o sr. pretende montar sua equipe?

A Petrobras tem uma equipe excelente. Eu j� fui conselheiro, conhe�o diversas pessoas e sei que tem profissionais muito bem qualificados. N�o pretendo fazer nenhuma revolu��o dentro da empresa. Todos podem estar certos disso. Nos pr�ximos dias, vou me dedicar pura e exclusivamente � Petrobras. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.