O empres�rio Abilio Diniz prestou depoimento por quase tr�s horas nesta ter�a-feira, 27, na Pol�cia Federal, em Curitiba, ap�s ter sido indiciado na Opera��o Trapa�a - que apura fraudes na BRF, dona da Sadia e Perdig�o. O empres�rio foi indiciado por estelionato, organiza��o criminosa, crime contra sa�de p�blica e falsidade ideol�gica em 15 de outubro e pode ser denunciado formalmente pela Procuradoria-Geral da Rep�blica � Justi�a Federal.
Abilio respondeu a todas as perguntas da PF, foi colaborativo e pontuou qual sua vers�o para as suspeitas que o ligam indiretamente ao caso. A Trapa�a, desdobramento da Carne Fraca, foi deflagrada em mar�o deste ano. A opera��o tinha como alvo um esquema de fraudes descoberto na empresa BRF, gigante do setor de carnes e processados, para supostamente burlar as fiscaliza��es do Minist�rio da Agricultura.
"Foi muito bom o depoimento, o delegado deu ampla liberdade, o sr. Abilio exp�s coisas que at� ent�o ou n�o tinham ficado claras ou n�o havia uma compreens�o sobre elas. O delegado entendeu muito bem. Achei o delegado muito correto", afirmou o criminalista Alberto Zacharias Toron, um dos defensores do empres�rio.
Abilio chegou � PF por volta das 11h, acompanhado dos advogados Alberto Zacharias Toron e Celso Vilardi. Deixou o pr�dio - sede tamb�m da Opera��o Lava Jato, onde est� preso o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva - por volta das 15h, sem dar entrevistas.
Den�ncia
O depoimento de Diniz na fase de inqu�rito antecede a decis�o do Minist�rio P�blico Federal de denunciar ou n�o os alvos da Trapa�a indiciados pelo delegado Maur�cio Moscardi Grillo.
Entre os presos e indiciados - 42 ao todo - est�o o ex-diretor-presidente global da BRF Pedro de Andrade Faria e outros executivos. Diniz n�o foi alvo de medidas cautelares, como pris�o ou condu��o coercitiva, na opera��o.
Ap�s seu indiciamento, a procuradora da Rep�blica Lyana Helena Joppert Kalluf determinou que a PF ouvisse os indiciados que ainda n�o tinham prestado depoimento na fase que antecede a den�ncia.
A procuradora, com base nos elementos das investiga��es e no relat�rio final do inqu�rito produzido pela PF, vai decidir se denuncia os envolvidos com o suposto esquema de fraudes nas unidades da BRF.
No relat�rio final do inqu�rito, a PF afirma que um esquema de fraudes nas unidades da BRF tinha como finalidade burlar o Servi�o de Inspe��o Federal (SIF), do Minist�rio da Agricultura, e as fiscaliza��es de qualidade do processo industrial da empresa. As investiga��es conclu�ram que a pr�tica das fraudes contava com a anu�ncia de executivos do grupo, bem como de seu corpo t�cnico, al�m de profissionais respons�veis pelo controle de qualidade dos produtos da pr�pria empresa.
Dividido em tr�s frentes de irregularidades, uma delas trata sobre as fraudes nas comunica��es de presen�a de salmonella nos produtos. "A legisla��o � clara quanto � necessidade de notifica��o pela empresa em caso de detec��o positiva da bact�ria salmonella pullorum. Nesse ponto, o que chama aten��o � o fato da n�o comunica��o ocorrer de modo intencional, de maneira articulada, e com o evidente prop�sito de retirar do Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento, seu poder fiscalizat�rio legal e absolutamente necess�rio para preserva��o da sa�de p�blica e animal", registra o relat�rio.
Quem decidir� se h� elementos para abertura de processo penal e contra quem ser� o juiz federal da 1.� Vara de Ponta Grossa, Andr� Wasilewski Duszczak.
Colabora��o
A BRF negocia com o MPF, PF e a Controladoria Geral da Uni�o um acordo de leni�ncia - esp�cie de dela��o premiada para empresas - e a colabora��o dos executivos envolvidos nos crimes.
A companhia iniciou uma ofensiva para acelerar seu acordo de leni�ncia e est� contatando os executivos que foram indiciados nas opera��es Carne Fraca e Trapa�a para que se tornem colaboradores. Em meio a uma forte crise financeira e de reputa��o, a companhia, que � a maior exportadora de frango do mundo, v� a assinatura do acordo como pe�a importante de sua reestrutura��o.
O criminalista Alberto Zacharias Toron, defensor de Ab�lio, considerou: "Foi muito bom o depoimento, o delegado deu ampla liberdade, o sr. Ab�lio exp�s coisas que at� ent�o ou n�o tinham ficado claras ou n�o havia uma compreens�o sobre elas. O delegado entendeu muito bem. Achei o delegado muito correto".
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