S�o Paulo – Al�m da terra e do mar, a BP quer extrair lucro tamb�m do c�u brasileiro. A empresa brit�nica anunciou ontem o in�cio da opera��o no pa�s, at� o fim do ano, da sua subsidi�ria Lightsource. Esse bra�o de neg�cios � dedicado ao financiamento e � execu��o de projetos de energia solar, � l�der nesse tipo de neg�cio na Europa e passou a fazer parte do portf�lio da gigante brit�nica no final de 2017, por meio da aquisi��o de 43% das a��es.
A favor do Brasil, suas condi��es clim�ticas. Mas n�o � s�. O pa�s faz parte do grupo de economias emergentes que ainda representam um bom potencial de crescimento no consumo de energia. C�lculos apresentados por Spencer Dale, economista-chefe do Grupo BP, apontam para uma expans�o de demanda energ�tica de 60% at� 2040.
“A participa��o de energias renov�veis deve crescer at� 47% gra�as a um importante aumento em energia solar, e�lica, hidrel�trica e a duplica��o do uso de biocombust�veis”, avalia Mario Lindnhayn, principal executivo da BP no Brasil.
At� agora, a BP vinha operando na explora��o de petr�leo e g�s natural, produ��o de lubrificantes e biocombust�veis, al�m de atuar na distribui��o de combust�veis de avia��o e mar�timos. Segundo Lindnhayn, o objetivo � manter a diversifica��o nos projetos de energia no Brasil. “O mercado de fonte e�lica teve um crescimento muito relevante. O solar vem se desenvolvendo. Por isso, a BP se posiciona e se organiza para identificar oportunidades”, afirma.
A companhia n�o fala quanto pretende investir no pa�s – o primeiro na Am�rica Latina a ter os neg�cios da Lightsource BP – e qual � a previs�o de projetos para os pr�ximos anos. Informa apenas que o Brasil “representa uma oportunidade significativa para o crescimento futuro da LSBP devido � sua perspectiva macro, mercado de energia desregulamentado, m�ltiplos incentivos para a implanta��o de energias renov�veis, bem como a posi��o estrat�gica da BP no pa�s.”
A opera��o de explora��o de petr�leo e g�s natural � a mais representativa para a BP no Brasil. Atualmente, a companhia det�m 21 concess�es de explora��o de petr�leo e g�s natural no pa�s, em quatro bacias geol�gicas. Segundo Dale, a opera��o na Bacia de Santos (no litoral paulista) � uma das mais “empolgantes”. Isso acontece, segundo o economista, porque o custo da opera��o � baixo.
Com a entrada em opera��o da nova divis�o de neg�cios, a previs�o da companhia � diminuir o impacto ambiental que tem com a �rea de petr�leo. Segundo o economista-chefe, o projeto da BP � ter uma combina��o de energias renov�veis no mix de projetos para ter no futuro uma baixa pegada de carbono.
“Vamos continuar investindo em petr�leo e g�s, mas olhando para a energia renov�vel. A demanda global de energia vai continuar crescendo de 20% a 30% at� 2040, e boa parte desse desempenho vir� das economias emergentes. Os pa�ses da OCDE dever�o continuar com uma demanda est�vel”, diz Dale. Por outro lado, mercados como o da China, �ndia e outras economias do Sudeste Asi�tico dever�o apresentar taxas bem expressivas de crescimento.
No Brasil, a Lightsource BP atuar� no desenvolvimento de projetos de energia solar e na formata��o de solu��es para armazenamento de energia para os setores dom�stico, comercial e industrial. Com isso, diz a companhia, os consumidores poder�o acessar suas pr�prias fontes de energia renov�vel a um custo menor. Tamb�m est� nos planos atender a pequenas e m�dias empresas com projetos solares. A expans�o dever� contar com a parceria de desenvolvedores regionais.
Em nota, Nick Boyle, CEO da Lightsource BP, destacou a facilidade com que esse tipo de projeto � implementado: “N�s pretendemos potencializar nossa expertise em financiamento e oferecer uma ampla gama de servi�os para desempenhar um papel de destaque no desenvolvimento da energia solar no Brasil.”
"Parece que o pa�s est� virando uma p�gina"
O economista-chefe do Grupo BP, Spencer Dale, diz que os principais mercados internacionais est�o otimistas em rela��o ao novo governo no Brasil. Ele n�o acredita que o pa�s possa vir a ter problemas no exterior por conta do discurso pouco alinhado com quest�es ambientais da equipe de Jair Bolsonaro (PSL), apesar do avan�o no discurso de algumas das maiores economias do mundo em reduzir a emiss�o de CO2 no planeta.
Durante a campanha eleitoral, o ent�o candidato amea�ou tirar o Brasil do Acordo de Paris. O documento, assinado por 195 pa�ses, tem como objetivo reduzir o aquecimento global. Ontem, Bolsonaro confirmou que foi por sua orienta��o que o futuro ministro das Rela��es Exteriores, Ernesto Ara�jo, negociou junto ao Itamaraty para que o Brasil n�o sediasse a Confer�ncia do Clima da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU), a COP 25, no ano que vem. O governo alegou que a decis�o foi tomada por conta das restri��es fiscais e or�ament�rias, al�m do processo de transi��o entre governos.
“Parece que o Brasil est� virando uma p�gina. Olhando para o futuro, o caminho parece ser promissor e desafiador. Os mercados financeiros internacionais est�o � espera das reformas, isso � o mais importante para eles: saber se o novo governo ter� coragem de implement�-las”, diz Dale, ao ser perguntado sobre Bolsonaro e uma poss�vel frustra��o que seu governo possa causar nos assuntos ligados ao clima.
Entusiasmado, o economista-chefe da BP acredita que agora � poss�vel “sentir o pulso do Brasil, que est� pulsando mais do que no passado”. Na sua an�lise, o pa�s leva vantagem em rela��o aos temas ambientais e especificamente quanto aos combust�veis de fonte renov�vel. Isso porque, segundo Dale, no Brasil, 40% da energia consumida n�o � f�ssil.
“Nenhuma grande economia no mundo tem um consumo nessa propor��o, por isso acredito que o Brasil seja uma esp�cie de garoto-propaganda nessa �rea. Voc�s deveriam ficar muito orgulhosos pela forma que lidam com esse mix de fontes de energia”, avalia.
Para Dale, apesar de avan�os pontuais, os pa�ses ainda t�m se esfor�ar muito para atender aos compromissos de redu��o de emiss�o de poluentes. Uma das formas, sugere, seria por meio da tributa��o de fontes poluentes de energia. Ao mesmo tempo, o economista-chefe da BP acredita que os governos deveriam subsidiar projetos, ainda em fase inicial, voltados ao desenvolvimento de alternativas de energia limpa.
“O mundo est� levando muito a s�rio a descarboniza��o. Mas ser� ainda mais s�rio quando avan�ar em energia solar, e�lica, por exemplo”, acredita.
Quem � a Lightsource BP
Criada em 2010, a Lightsource � l�der global na aquisi��o, financiamento, desenvolvimento e gerenciamento de projetos de energia solar. Passou a ser chamada de Lightsource BP depois da aquisi��o por parte da gigante do setor de energia de 43% das a��es. Hoje � a maior empresa no segmento na Europa. A companhia atua na Europa, com cerca de US$ 3 bilh�es investidos em aproximadamente 2GW de projetos. Atualmente, a opera��o est� espalhada por sete escrit�rios, em quatro continentes.