Depois de um ano com queda expressiva nas emiss�es, o mercado de Certificados de Receb�veis do Agroneg�cio (CRAs) deve ser reaquecido em 2019. Segundo Fernanda Mello, s�cia-fundadora da Vert - primeira securitizadora a fazer uma oferta p�blica de CRA no Pa�s -, o governo n�o deve ter espa�o para oferecer subs�dios expressivos para a cadeia do agroneg�cio, o que deve despertar maior interesse na capta��o de recursos por parte das empresas do setor.
Produto de renda fixa, o CRA � um t�tulo de d�vida ligado ao setor agr�cola e emitido por uma empresa para captar recursos no mercado. Para quem compra, o papel � isento de Imposto de Renda e costuma oferecer uma rentabilidade elevada quando comparado a outros pares no mercado, embora n�o tenha cobertura do Fundo Garantidor de Cr�dito (FGC), o que deve ser levado em conta por parte do investidor. J� para quem emite, � uma maneira mais barata de captar recursos, fugindo de juros elevados cobrados por institui��es financeiras.
No entanto, o produto havia praticamente sumido do mercado. Segundo o buscador de investimentos Yubb, apenas tr�s corretoras tinham CRAs dispon�veis no fechamento do mercado da �ltima sexta-feira.
Dados da Associa��o Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostram que, at� outubro de 2018, o volume de emiss�es deste tipo de papel recuou 55% em compara��o com o mesmo per�odo do ano anterior.
Para a s�cia-fundadora da Vert, a diminui��o das emiss�es em 2018 � explicada pela queda na taxas de juros e pela incerteza eleitoral. Por�m, ela acredita que, al�m da necessidade de alternativas para o custeio do agroneg�cio, o mercado tamb�m ser� favorecido por uma mudan�a na regulamenta��o dos produtos que ocorreu este ano - a fim de beneficiar pequenos investidores. A seguir os principais trechos da entrevista:
As emiss�es de CRA tiveram uma redu��o expressiva em 2018. O que pode explicar o fato?
Alguns fatores combinados. As taxas de juros ca�ram bastante no in�cio do ano. Os CRAs que eram emitidos antes com rentabilidade menor do que o CDI passaram a ter menos demanda do investidor que buscava um retorno maior. No meio de tudo isso, havia uma expectativa da regulamenta��o, que n�o tinha sa�do ainda. E ainda havia as elei��es. No final do ano, ap�s o resultado eleitoral, voc� j� percebe uma recupera��o.
Qual a perspectiva para 2019?
A gente acredita que a retomada deva continuar no ano que vem. Do lado do tomador, voc� tem um governo com restri��o de gastos, que precisa de cr�dito para custeio. O Plano Safra hoje j� n�o atende a necessidade do produtor. E, como o agroneg�cio � um dos setores que mais cresce na economia, a tend�ncia � que o subs�dio atenda cada vez menos. O que eu vejo � o mercado de capitais ganhando for�a como forma de tomada de recursos para o setor do agroneg�cio.
Como o investidor pode voltar a ser atra�do pelo produto com os juros achatados?
Voc� j� teve uma melhora no mercado em geral, principalmente na Bolsa, ap�s as elei��es. O pr�mio ali j� n�o � mais t�o alto como no come�o do ano. Quem estava saindo de renda fixa para a Bolsa se questiona de quanto espa�o ainda tem ali para valoriza��o. Ent�o, os investidores passam a olhar de volta para os ativos de renda fixa.
Os CRAs est�o muito presentes nos portf�lios dos investidores qualificados. O produto pode chegar tamb�m � carteira do pequeno investidor?
Acredito que sim. Em 2018, houve uma mudan�a na regulamenta��o que trata deste ponto. Antes, voc� s� podia vender para o investidor qualificado. Agora voc� pode vender para o varejo, desde que voc� siga algumas condi��es determinadas. Ent�o, veremos emiss�es chegando a esse outro p�blico, que n�o s� o private.
Como analisar o risco de um CRA?
� preciso analisar com cautela. O CRA � s� uma casca. O risco � do lastro que est� embaixo, que pode ser de um devedor �nico ou de centenas de devedores, por exemplo. O investidor ou mesmo o pr�prio distribuidor tem de analisar o produto e ver qual � adequado para cada p�blico. O investidor n�o deve alocar uma fatia muito grande da renda nele. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
ECONOMIA