Fabio Carvalho paga R$ 100 mil pela Abril, que tem d�vida de R$ 1,6 bilh�o

Especializado em empresas em crise financeira, o investidor F�bio Carvalho comprou 100% do Grupo Abril, companhia em recupera��o judicial desde agosto que publica revistas como Veja, Exame e Cl�udia. Carvalho pagou valor simb�lico, de R$ 100 mil, pelo neg�cio que concentra as principais revistas do Pa�s, e ter� a tarefa de encontrar uma solu��o para uma d�vida de R$ 1,6 bilh�o, considerada impag�vel pelo mercado. O executivo de 41 anos, que � s�cio das varejistas Leader e Casa & V�deo, vai assumir a presid�ncia da companhia.

A Abril ainda n�o gera receitas suficientes para pagar suas obriga��es, apesar da reestrutura��o capitaneada pela consultoria americana Alvarez & Marsal - que segue no comando da Abril at� a aprova��o do acordo com Carvalho pelo Conselho Administrativo de Defesa Econ�mica (Cade). Para garantir o equil�brio do neg�cio no curto prazo, Carvalho disse, em entrevista ao Estado, que pretende injetar R$ 70 milh�es na Abril. "O primeiro objetivo � estabilizar a empresa, reduzir a sangria de caixa", explicou.

Esse f�lego operacional pode ajudar o grupo a parar em p� daqui em diante, mas Marcos Haaland, s�cio da Alvarez & Marsal que hoje comanda a Abril, disse que o consenso � que a d�vida da empresa � "impag�vel". A consultoria estruturou um plano de recupera��o judicial que prev� desconto de 92% nos d�bitos, com 18 anos para pagamento. Haaland ressalva que as d�vidas trabalhistas est�o fora desse patamar de desconto, pois t�m prioridade legal.

O novo controlador da Abril, que classificou o plano de recupera��o da Alvarez & Marsal como "consistente", ponderou que a "prioridade dada a um tipo de credor representar� uma severidade maior aplicada a outro". A aplica��o dos descontos �s d�vidas, no entanto, depender� da aprova��o dos credores, em assembleia que dever� ser realizada em fevereiro.

A dificuldade de recupera��o dos d�bitos da Abril j� despertou o apetite de empresas especializadas em compra de d�vidas de dif�cil recupera��o. Cerca de R$ 1,2 bilh�o da d�vida total da d�vida est� nas m�os dos grandes bancos. A Enforce, controlada pelo BTG Pactual, est� disposta a adquirir esses d�bitos e a se encarregar da cobran�a. Carvalho j� assumiu neg�cios em dificuldades que pertenciam ao BTG, como a Leader e a Bravante, de log�stica mar�tima.

As empresas que compram d�vidas, segundo Carvalho, t�m mais experi�ncia em enfrentar a realidade de um neg�cio em recupera��o judicial, em que as chances de ressarcimento s�o menores. "Trata-se de uma alternativa para os bancos: eles podem ficar e esperar ou sair agora (do rol de credores)."

Estrutura. Para atrair um investidor, a Abril teve de reduzir sua opera��o a uma fra��o da abrang�ncia que a companhia j� teve. Hoje, o grupo publica oito revistas impressas: Veja, Exame, Cl�udia, Superinteressante, Quatro Rodas, Sa�de, Voc� S.A. e Voc� RH. Mant�m ainda alguns t�tulos online, como Capricho e Minha Casa. Al�m de ter reduzido custos com aluguel ao sair de sua tradicional sede, em S�o Paulo, a companhia demitiu cerca de 800 profissionais em agosto. Hoje, o grupo tem 3 mil funcion�rios.

Al�m da opera��o de m�dia, o grupo mant�m neg�cios como a Casa Cor - de eventos de arquitetura e decora��o -, o servi�o de entregas de encomendas Total Express, uma gr�fica e um bra�o de distribui��o de revistas. "Embora neste momento seja positivo termos receitas alternativas com gr�fica e log�stica, acreditamos que ser� o neg�cio de m�dia ser� a forma de alavancagem (da recupera��o da Abril)", disse Carvalho. Procurado, o BTG n�o comenta.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.