
Os n�meros v�o dizer no futuro quem est� com a raz�o. Comerciantes afirmam que fizeram contorcionismo para manter os pre�os no mesmo n�vel do ano passado e n�o inflacionar a ceia de Natal. Os consumidores, por sua vez, est�o assustados com o tamanho da conta dos ingredientes para preparar o banquete. Entre uma vers�o e outra, fato � que n�o vai faltar pernil, leit�o, castanhas, frutas e iguarias tradicionais da �poca em que as fam�lias se re�nem em torno da mesa para se confraternizar. Ainda � cedo para proje��es, mas a expectativa � de melhoria nas vendas em rela��o ao ano passado.
A vis�o dos corredores lotados do Mercado Central, ontem, afastou o receio dos feirantes de um Natal morno. “Estava com medo no in�cio da semana, mas o pessoal est� comprando bem”, afirma o gerente do Pal�cio da Feijoada, Marcelo Vidal. Segundo ele, o quilo da leitoa e o do pernil com osso, vendidos a R$ 24,90 e a R$ 14,90, respectivamente, s�o os campe�es na prefer�ncia do cliente. “O pre�o � o mesmo do ano passado”, garante.
O discurso � un�nime entre os comerciantes, que garantem a manuten��o da tabela de 2017. “Os produtos subiram muito e n�o repassamos”, conta o propriet�rio do Rei da Carne, Orlando Costa do Amaral, que viu longa fila se formar � frente de seu estabelecimento. Dono do Emp�rio Ananda, Geraldo Henrique Campos garante pre�os e qualidade para atrair o consumidor que quer ter de castanhas a bacalhau � mesa. “N�o aumentei nada. As vendas est�o 10% maiores em rela��o ao ano passado”, comemora.
O feirante Ant�nio Juli�o, da Barraca do Patureba, est� esperando a freguesia hoje e amanh� para garantir as frutas do Natal. “Estava todo mundo com o p� atr�s. Mas, at� agora, est� igual ao ano passado”, diz. As uvas It�lia e Rubi est�o sendo vendidas a R$ 16,90 o quilo, a cereja a R$ 10 e a lichia, a R$ 14. “Como nossa compra � di�ria, vamos sentir como est�o as vendas e comprar mais, caso necess�rio”, explica.
MAIS CARA Apesar do discurso dos lojistas, os clientes falam de infla��o na ceia. “Andei demais para achar pre�o e qualidade. Porque, at� ent�o, a impress�o � de que diminuiu o tamanho das nozes e aumentou o pre�o”, reclama a contadora Cl�udia Dornelas, de 48 anos. A advogada Maura Amaral Cunha, de 47, tamb�m ficou assustada com os pre�os. “Est�o um absurdo. A gente compra menos e paga mais, em nome da tradi��o”, diz.
O cozinheiro Paulo Paim, de 29, saiu do mercado com as sacolas cheias de frios e frutas. Em compensa��o, a carteira ficou vazia. “Deu R$ 400. Achei caro”, conta. A advogada Adriana Queiroga, de 59, tamb�m se assustou com o pre�o do bacalhau, vendido a R$ 129 o quilo. “Nunca comprei bacalhau acima de R$ 100, mas Natal � Natal, � quando todos est�o juntos. � melhor economizar no presente e caprichar na ceia”, diz.
O auxiliar administrativo Geraldo Edson, de 60, decidiu mudar a estrat�gia, sem economizar na fartura. Trocou a ceia completa por variedade de petiscos. “Sentimos que os pre�os est�o mais altos. Por isso, faremos petiscos, queijos, amendoim, lingui�a e assaremos tamb�m um tender”, conta.
ENQUANTO ISSO...
...CERCO DA RECEITA �S EMPRESAS
A Receita Federal vai deflagrar plano especial de fiscaliza��o de empresas exportadoras de produtos agr�colas e minerais, que se valem de triangula��es financeiras com para�sos fiscais para realizar vendas subfaturadas e fict�cias. O objetivo do fisco � recuperar, ao longo de 2019, cerca de R$ 12 bilh�es em tributos que deixaram de ser pagos com movimenta��o de fluxo ilegal de recursos por meio do com�rcio internacional. Na opera��o-piloto, que serviu de base para o planejamento da fiscaliza��o a partir do ano que vem, a Receita j� autuou em R$ 4 bilh�es empresas que fizeram esse tipo de opera��o. O fisco identificou que h� uma concentra��o de produtos, pa�ses e operadores nesse tipo de fraude. Ao comparar as informa��es do seu setor de aduana com o de fiscaliza��o e investiga��o, a Receita percebeu que, em muitos casos, a mercadoria segue para um pa�s enquanto a opera��o de venda e o seu fluxo financeiro foram fechados por outra na��o, que � um para�so fiscal.