
Bras�lia - O desemprego elevado � uma das maiores preocupa��es no Brasil. A lenta recupera��o do Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto da produ��o de bens e servi�os do pa�s) est� sendo insuficiente para aquecer o mercado de trabalho. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), com base em dados de outubro, faltam vagas para 27,2 milh�es de pessoas, sendo que 4,7 milh�es desistiram de procurar uma coloca��o diante da aus�ncia de perspectivas. A expectativa � de que a retomada no n�mero de oportunidades de trabalho seja maior em 2019, o que os analistas de bancos e corretoras tomam o cuidado de n�o considerar como algo garantido.
As proje��es divulgadas pelo relat�rio Focus, do Banco Central (BC), - que consulta uma centena de analistas do mercado financeiro - apontam que o PIB de 2019 crescer� em torno de 2,5%. Uma vez confirmado, ser� resultado melhor que o deste ano, mas a taxa n�o deve representar est�mulo significativo ao mercado de trabalho. A rigor, o pa�s ainda est� se recuperando da recess�o de 2015 e 2016, a maior da hist�ria.
O cen�rio atual de rea��o da atividade econ�mica � insuficiente para dar esperan�as para quem est� h� meses em situa��o de vulnerabilidade social. Desempregado, o serralheiro Jo�o Coelho, de 66 anos, busca uma recoloca��o h� seis meses, e reclama das oportunidades escassas. “Por conta dessa crise, faz tempo que eu n�o encontro servi�o em lugar nenhum”, diz.
Jo�o Coelho lamenta n�o poder comprar os legumes e a carne de que gosta para comer com a fam�lia. “Nem tomate eu posso comprar, porque t� caro. Carne, ent�o, nem se fala. Quando vou comer tem que ser da pior que tem”, afirma. Outro desafio � conseguir comprar rem�dios. “Na �ltima semana eu precisei comprar um de R$ 71, que � o dinheiro da feira da semana, n�?”, compara.
O IBGE mostrou que a taxa de desemprego diminuiu, mas segue muito alta, atingindo 11,7% dos brasileiros - 12,4 milh�es de pessoas. A popula��o ocupada teve leve aumento em 2018, mas a melhora est� associada �s vagas sem a carteira de trabalho assinada. Edileuza da Silva, de 56, nunca trabalhou com registro formal. Ela sempre atuou em servi�os gerais, cumprindo contratos para as prefeituras de Goi�s at� o agravamento da crise econ�mica. “Depois que veio a crise, o aperto come�ou e ningu�m mais me chamou para trabalhar”, conta.
Rea��o gradual
A �nica alternativa encontrada por Edileuza Silva foi apelar aos bicos. Ela vende lanches para sobreviver. “Eu n�o tenho fam�lia, vivo s�, e preciso pagar as contas. Por isso agora trabalho assim”, lamenta. O hor�rio de trabalho � de, no m�nimo 12 horas por dia. A volta para casa s� � garantida quando tudo � vendido. “Eu fico rodando nos sinais, pelas plataformas e nas filas. � cansativo”, ressalta.

De acordo com a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, o desemprego s� vai melhorar quando a recupera��o da economia se mostrar consistente. “Acho que isso acontecer� quando a reforma da Previd�ncia estiver com maior probabilidade de passar ou j� tiver passado, no segundo semestre de 2019, no Congresso. Sem reforma, o Brasil entra de novo em recess�o e o desemprego volta a subir. Poucos entendem que estamos quebrados do ponto de vista fiscal e, se continuarmos assim, o Brasil pode entrar em grave crise”, diz.
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Minist�rio do Trabalho, mostrou que o Brasil registrou saldo de 58.664 vagas formais de emprego em novembro, descontadas as demiss�es. No acumulado do ano, o Caged calculou que 858.415 cargos foram criados, o que representa avan�o frente aos 299.635 empregos gerados em igual per�odo de 2017.
O economista-chefe da DMI Group, Daniel Xavier, destaca que a queda no desemprego � bastante gradual. “Esse ritmo est� relacionado ao desempenho da atividade econ�mica, que ainda � fraco. Segundo o IBGE, o PIB teve expans�o anual de 1,4% no 3º trimestre de 2018. Esse ritmo, em nossa avalia��o, � insuficiente para promover decl�nio r�pido do desemprego”, aponta.
A expectativa � de que o quadro de expans�o mais consistente se d� a partir da segunda metade de 2019. “A partir de ent�o, o consumo das fam�lias deve ser favorecido pelo mercado de trabalho mais aquecido”, afirma Xavier. “Em nossa vis�o, com o PIB crescendo ao redor de 3% entre 2019 e 2021, supondo o adequado andamento das reformas econ�micas, podemos, sim, ter taxas de desemprego abaixo de 9% ao final do per�odo”, aposta o especialista.
*Estagi�ria sob a supervis�o da subeditora Rozane Oliveira
