
S�o Paulo – O acirramento da concorr�ncia no varejo brasileiro est� transformando as maiores redes de lojas de moda fast fashion, como Riachuelo, Renner e Marisa, em aut�nticas ag�ncias banc�rias – um movimento que ir�, segundo especialistas, se intensificar em 2019.
Al�m do tradicional empr�stimo pessoal, cart�o de cr�dito private label (com bandeira da pr�pria loja), seguros de assist�ncia pessoal e garantia estendida, j� existem at� planos de previd�ncia privada, servi�o in�dito lan�ado h� poucas semanas pela rede Lojas Marisa, especializada em moda feminina. “Um dos objetivos foi diversificar o portf�lio, al�m de lan�ar um produto alinhado �s necessidades atuais de nossa clientela”, diz C�lio Lopes, diretor de produtos e servi�os financeiros da rede Marisa.
A decis�o surgiu �s v�speras da posse do novo governo e da iminente aprova��o de uma reforma previdenci�ria pelo Congresso. Um dos pontos de interroga��o, que tem levado muitos consumidores a buscar alternativas de complemento de renda na maturidade, � o endurecimento nas futuras regras a serem inclu�das no sistema convencional da aposentadoria utilizada no Brasil.
Em setembro, o grupo se uniu � Icatu Seguros para formatar a Marisa Previd�ncia. O produto, nos moldes do chamado Vida Gerador de Benef�cio Livre (VGBL), tem sido comercializado em lojas de S�o Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Goi�s aos interessados entre 18 e 64 anos.
H� duas modalidades ao custo mensal de R$ 70 ou R$ 100. O valor � cobrado na fatura do cart�o de cr�dito da Marisa e n�o prev� dedu��o no Imposto de Renda. Se o investidor sacar o dinheiro depositado, o tributo � sobre o rendimento. Portanto, o foco � quem seja isento do IR ou recorra ao formul�rio simplificado.
“A bancariza��o do varejo � um processo que acompanha o aumento da pr�pria bancariza��o da popula��o brasileira, especialmente com o advento da fintechs”, afirma a economista Fernanda Mascarenhas, especialista em finan�as pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O plano Marisa Previd�ncia ainda cobre casos de morte ou invalidez total e permanente, que varia segundo a faixa et�ria do contratante. A car�ncia estipulada no contrato � de 60 dias para eventuais resgates.
Segundo especialistas, o Marisa Previd�ncia � um investimento conservador, que aloca os recursos em t�tulos do tesouro ou renda fixa vinculados � Selic (taxa b�sica de juros), hoje situada em 6,5% ao ano. Portanto, a import�ncia de R$ 70 ou R$ 100 – aplicada mensalmente em op��es como CDB de bancos m�dios ou t�tulos de tesouro – pode render at� mais do que no produto da Marisa caso as taxas e tributa��o n�o sejam muito elevadas.
O benefici�rio que, por exemplo, recebe sal�rio de R$ 600, pode sacar at� R$ 6.280 e quitar a d�vida em 72 parcelas de R$ 180. O servi�o � oferecido em parceria com a Bradescard, bra�o de servi�os financeiros do Bradesco. N�o h� renda m�nima exigida para o empr�stimo.
Na Riachuelo, pode-se retirar empr�stimos de valores diversificados e de limites razo�veis, desde que o cliente corresponda aos crit�rios previamente determinados. Leva-se em conta o rendimento mensal das pessoas. H� m�ltiplas escolhas nos prazos de pagamentos.
J� a Pernambucanas libera empr�stimo pessoal exclusivo a quem possui o cart�o de cr�dito da loja. Al�m disso, a empresa tamb�m considera o Cadastro Positivo e a Portabilidade de Cr�dito.
Esse mercado j� traz resultados financeiros consistentes. A Midway, que administra os 30,5 milh�es de cart�es Riachuelo, afirma oferecer cr�dito pessoal direto e a venda de seguros para 7,4 milh�es de clientes ativos. N�o � s�. Dos R$ 500 milh�es que a Guararapes deve lucrar este ano, R$ 200 milh�es vir�o da Midway, enquanto os outros R$ 300 milh�es ser�o gerados pela atividade varejista.
Na compara��o entre as maiores carteiras de cr�dito do pa�s, o Nubank lidera o ranking (R$ 4,7 bilh�es). Em seguida, aparecem Midway (R$ 3,6 bilh�es), Banco Inter (R$ 2,9 bilh�es) e Agibank (R$ 1,6 bilh�o). No item patrim�nio l�quido, a Midway totaliza R$ 675 milh�es, menos que os R$ 800 milh�es do Nubank e os R$ 930 milh�es do Banco Inter.
Os consumidores, no entanto, precisam ter cuidado e avaliar as finan�as de maneira criteriosa antes de ir � loja solicitar empr�stimos. “O custo elevado do empr�stimo muitas vezes pode representar uma armadilha”, afirma Fernanda Mascarenhas, especialista da UFRJ. “H� casos em que os juros das lojas beiram os percentuais do cheque especial, algo como 330% ao ano, segundo dados do Banco Central.” De acordo com a especialista, t�o importante quanto comparar os juros � checar o Custo Efetivo Total (CET), indicador que inclui juros e v�rios encargos, como seguro, taxas e impostos.
ENTREVISTA
C�lio Lopes
diretor de produtos e servi�os financeiros da rede de lojas Marisa
"Mudan�as na previd�ncia p�blica tamb�m tornam o cen�rio mais favor�vel
O diretor de Produtos e Servi�os Financeiros da Marisa, C�lio Lopes, confia no potencial econ�mico da previd�ncia privada, que p�e a rede como pioneira neste modelo de neg�cio no setor varejista. Ao justificar a sua confian�a, ele cita o aumento da expectativa de vida no pa�s e a prov�vel reforma da Previd�ncia.
Por que a Marisa decidiu entrar no mercado de previd�ncia privada?
Porque precisamos estar sempre atentos para oferecer o melhor aos clientes. Por conta disso, a Marisa vem amadurecendo o projeto de previd�ncia privada h� algum tempo. Um dos objetivos foi diversificar o portf�lio, que j� mant�m cr�dito pessoal, seguros e assist�ncias, al�m de lan�ar um produto alinhado �s necessidades atuais de nossa clientela.
Al�m de cart�o de cr�dito, cr�dito pessoal e previd�ncia, qual outro servi�o financeiro a Marisa pretende entrar?
Estamos sempre atentos �s necessidades dos clientes e �s constates mudan�as do mercado para buscar solu��es diferenciadas em servi�os. A parceira da Marisa nesse projeto � a Icatu Seguros. Diante disso, temos muitos planos pela frente, mas que ainda n�o posso adiantar.
A decis�o de oferecer planos nesta �rea estaria relacionada � prov�vel aprova��o da reforma da previd�ncia privada no come�o de 2019?
Acreditamos que existem oportunidades no segmento de previd�ncia privada, principalmente por conta da expectativa de vida dos brasileiros. As mudan�as na previd�ncia p�blica tamb�m tornam o cen�rio mais favor�vel. No entanto, um dos principais objetivos para o desenvolvimento desse produto � proporcionar algo alinhado �s conveni�ncias atuais de nossa clientela.
