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Estado de Minas ECONOMIA

'A Suzano precisa pensar de forma global', afirma Walter Schalka


postado em 27/01/2019 09:47

Ap�s incorporar a Fibria no ano passado e manter a marca da fam�lia Feffer para o neg�cio global, a Suzano agora est� num momento de captura de sinergias e de olhar toda a sua opera��o - tanto a de celulose quanto a de papel - para definir estrat�gias que sejam adequadas a uma l�der global do setor. Com 11 milh�es de toneladas de capacidade, a Suzano � hoje a l�der mundial isolada em celulose de fibra curta.

'Tempero' asi�tico

H� um ano, quando as fam�lias Feffer e Erm�rio de Moraes decidiram retomar as negocia��es para a fus�o entre Suzano e Fibria, na mesa havia uma �nica certeza: a Suzano seria a protagonista do neg�cio. Mas as conversas para cria��o da gigante, com faturamento combinado de R$ 32 bilh�es, quase foram atropeladas pela asi�tica Paper Excellence (PE), que havia comprado a Eldorado, dos irm�os Batista, meses antes.

Foi o momento mais tenso das negocia��es, que tinham sido retomadas nas primeiras semanas de janeiro de 2018, com o aval dos dois maiores acionistas da Fibria: o grupo Votorantim, da fam�lia Erm�rio de Moraes, e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES).

A proposta inicial da Suzano, oficializada em 7 de fevereiro, previa a combina��o de ativos com rela��o de troca de a��es e dinheiro.

David Feffer, � frente do conselho de administra��o, estava disposto a ter a Fibria no bloco de controle da companhia, mas os acionistas da fabricante preferiram ser remunerados em dinheiro a ter mais voz nas decis�es futuras da companhia.

Pela Suzano, as negocia��es foram conduzidas pelo executivo Walter Schalka, presidente da empresa, e por Nildemar Secches (ex-Perdig�o), conselheiro da companhia. Do outro lado da mesa estavam Jo�o Miranda, presidente da Votorantim, Jo�o Schmidt, diretor financeiro do grupo, e Eliane Lustosa, diretora do BNDES.

O acordo saiu apesar de o banco BTG Pactual, que assessorava o grupo asi�tico PE, ter proposto pagar pela Fibria em dinheiro. A Suzano amea�ou abandonar as negocia��es, por achar que os vendedores estavam fazendo "jogo duplo" para elevar o valor do neg�cio, afirmaram fontes a par do assunto.

A guerra de nervos se estendeu at� mar�o, quando foi anunciado o acordo. A falta de garantias da PE para financiar a compra acabou reabrindo o caminho para a Suzano fechar uma opera��o que movimentou R$ 30,8 bilh�es em dinheiro, al�m de 255 milh�es de a��es entregues aos acionistas da Fibria. O grupo Votorantim det�m 5,6% da nova empresa e, o BNDES, 11%.

'Nova' Suzano

� frente da "nova" Suzano est� o executivo Walter Schalka. Segundo ele, a empresa precisa "desapegar" do passado para construir seu futuro. Por isso, parte dos cargos-chave da companhia est�o sendo ocupados por ex-diretores da Fibria. Al�m de olhar de perto e considerar novos investimentos em celulose - cuja demanda cresce 2,5% ao ano -, Schalka diz que a Suzano busca tamb�m oportunidades na opera��o de papel.

Depois de um investimento recente em produtos de consumo - como papel higi�nico - focado no Norte e no Nordeste, a companhia pretende continuar a investir e crescer nessa �rea. Embora considere cedo para dizer se a Suzano vai disputar o mercado global tamb�m nesse segmento, Schalka assegura que a companhia vai continuar a atuar nessa seara. A seguir, os principais trechos da entrevista concedida ao Estado.

Duas fam�lias est�o por tr�s dessas duas empresas. Como esse alinhamento deu certo?

Decidimos, desde o in�cio das conversas, que as fam�lias n�o se envolveriam diretamente na discuss�o. Ent�o, toda a condu��o da transa��o foi feita por profissionais. Obviamente que cada profissional voltava e discutia com os respectivos conselhos de administra��o. Todos sabiam que essa combina��o criaria muito valor.

Essa fus�o � resultado da soma das duas companhias?

Na verdade, uma aprende com a outra. Isso pressup�e desapego (do passado). Fizemos uma combina��o de executivos e vamos olhar de forma desapegada para o passado para fazer uma companhia ainda melhor no futuro.

E o que vai ser a companhia do futuro?

Em um primeiro momento, estamos na captura das sinergias, mas analisando como ter um impacto adequado na sociedade. � nossa responsabilidade sermos protagonistas no processo de transforma��o da sociedade tamb�m.

Isso quer dizer que a Suzano vai adotar certas bandeiras daqui para a frente?

Vamos nos posicionar sim e escolher algumas quest�es que s�o relevantes para apresentar para sociedade.

E quais bandeiras est�o sendo consideradas?

Acreditamos que diversidade � rica, n�o � s� g�nero, etnia... � isso, mas n�o apenas isso. Acreditamos na diversidade de opini�es e vis�es como um todo.

Como est� o processo de sinergia entre as duas empresas? Em quanto tempo d� para capturar esse processo?

Em 16 de mar�o de 2018 (data de an�ncio da fus�o), foi criado um time, com um executivo da Suzano e outro da Fibria para analisar todas as sinergias poss�veis e onde n�s poder�amos capturar valor, tudo com apoio de uma consultoria externa. Durante esse per�odo, as pessoas come�aram a estudar todas as possibilidades. S� ficaram de fora as �reas comercial e de madeiras. Em 14 de janeiro, recebemos um relat�rio com oportunidades de sinergia, com exce��o desses dois pontos. J� come�amos a estudar as sinergias dessas duas �reas.

E o que consta nesse livro?

Vamos fazer a divulga��o durante o Suzano Day (confer�ncia que a empresa realiza com analistas do mercado financeiro) no fim de mar�o. O que posso falar, neste momento, � que a maior sinergia vem da �rea de florestas, de despesas administrativas, comerciais e operacionais. Outra quest�o importante � o de embarque de navios, uma vez que tem muitos terminais, o que abre muitas oportunidades, al�m da �rea de suprimentos. N�o estudamos ainda a �rea comercial.

Quais s�o os grandes n�meros dessa empresa?

� uma empresa que tem 11 milh�es de toneladas de celulose (de capacidade) e 1,4 milh�o de toneladas de papel. S�o cerca de 15,5 mil colaboradores diretos e 37 mil, incluindo os indiretos. � uma companhia que tem presen�a em 80 pa�ses. Ent�o, precisamos trabalhar de forma global. No Brasil, temos atua��o em centenas de munic�pios, por causa da base florestal.

Olhando o mercado global de celulose, h� demanda por novas f�bricas?

O mercado de celulose, como toda commodity, tem muita flutua��o de oferta. Nos �ltimos meses, houve queda de demanda, reflexo, principalmente, do impacto da guerra comercial entre China e EUA. Mas entendemos que a demanda voltar� a crescer, como nos �ltimos anos - na ordem de 2,5% ao ano, ou 1,5 milh�o de toneladas. Hoje, todas as f�bricas operam a plena capacidade. Nossa percep��o � de que o mercado vai ficar mais apertado nos pr�ximos anos e retomar� os investimentos em expans�o.

Como fica a posi��o da Suzano no mercado global?

Inova��o est� no dia a dia da companhia. Temos uma �rea exclusiva para esse neg�cio, oriundo da Fibria. Fernando Bertolucci vai ser respons�vel por todas as inova��es da empresa nas �reas industriais e florestais. Outra �rea, sob o comando de Vin�cius Nonino, tamb�m da Fibria, por novos neg�cios. Vamos ter duas �reas trabalhando em conjunto buscando esse processo de inova��o. Vamos explorar muito a tecnologia e conhecimento da �rvore.

H� espa�o para novas consolida��es fora do Brasil?

N�o � o momento para a Suzano discutir isso. Hoje ela tem de capturar as sinergias, olhar para os acionistas e melhorar o n�vel de servi�o a clientes. Tamb�m temos de fazer uma redu��o do endividamento.

Antes de dar in�cio � fus�o com a Fibria, a Suzano fez investimento no varejo. Vai manter a opera��o?

Est� a pleno vapor. Nosso objetivo continua sendo no Norte e Nordeste. J� somos l�deres nessas duas regi�es, com a marca Mimmo.

A divis�o de papel vai ser focada no mercado interno?

N�o tenho essa resposta ainda. O que posso assegurar: vamos continuar nos setores de papel e bens de consumo.

A Suzano se endividou muito com a fus�o. Como est� o perfil dessa d�vida?

No dia da fus�o fizemos an�ncio ao mercado de dois empr�stimos-ponte, que somam US$ 9,2 bilh�es, para financiar a opera��o. Entre 16 de mar�o e 14 de janeiro, fizemos sucessivas transa��es internacionais de alongamento de US$ 6,9 bilh�es. Fizemos alongamento e essa d�vida est� alongada a custos competitivos. Vamos detalhar isso na divulga��o de resultados, no dia 22 de fevereiro.

Como foi o processo de escolha para a marca Suzano?

O conselho de administra��o da Suzano decidiu que o nome Suzano deveria prevalecer. A ideia foi combinar o nome Suzano com a marca da Fibria. Mudou a forma de escrever para dar modernidade.

Qual sua leitura sobre o novo governo?

H� muitas expectativas sobre o novo governo. Alguns pontos t�m de ser endere�ados. Espero que com a velocidade e profundidade necess�rias. Se me perguntam se sou otimista, digo que sou reformista. O Brasil precisa passar por reformas e elas t�m de ser profundas. Fala-se muito sobre a reforma da Previd�ncia, que � relevante, mas n�o � a �nica. Temos de aprovar outras que s�o fundamentais para que o Brasil se torne um Estado muito mais eficiente do que � hoje. Tem a reforma tribut�ria, que � fundamental, mas precisamos discutir a quest�o federativa, quem � respons�vel pelo qu�, al�m de propostas para sa�de, educa��o e infraestrutura. � muito cedo para medirmos se o governo est� sendo eficiente ou n�o.

O sr. foi uma das vozes do movimento 'Voc� Muda o Brasil'. Como ser� sua atua��o daqui para a frente?

Vou continuar me envolvendo nas discuss�es que ajudam a construir um Brasil diferente. Nos �ltimos anos, houve omiss�o por parte dos executivos e empres�rios. A raz�o dessa omiss�o � muito clara: receio da rea��o do governo. Na realidade, houve um processo natural de retirada dos empres�rios dessas discuss�es. Temos de ser mais protagonistas, como empresas e como cidad�os. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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