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Estado de Minas ECONOMIA

Cresce n�mero de mais escolarizados que desistem de procurar emprego


postado em 03/02/2019 13:54

Desde que o Brasil entrou oficialmente em recess�o, em 2014, o desalento - quando o trabalhador desiste de procurar emprego simplesmente por achar que n�o vai mais conseguir encontrar uma vaga - subiu a pir�mide social. O n�mero de trabalhadores com maior n�vel de escolaridade que entrou nessa categoria aumentou exponencialmente.

No terceiro trimestre do ano passado, o total de pessoas que estudaram por dez anos ou mais (que � o equivalente a ter ao menos iniciado do o ensino m�dio) e tinham parado de buscar trabalho era de 1,66 milh�o, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lio (Pnad) Cont�nua. No terceiro trimestre de 2014, esse n�mero era de 394 mil pessoas.

Isso quer dizer que mais de 1,27 milh�o de trabalhadores bem qualificados, em plena idade produtiva, ca�ram no desalento de 2014 at� setembro do ano passado, pelos n�meros da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), compilados pela consultoria IDados. Em 2012, o primeiro ano da Pnad, os trabalhadores com maior forma��o eram 26% dos desalentados. Agora, eles j� chegam a 35%.

O porcentual de brasileiros mais escolarizados que desistiram de buscar um emprego come�ou a crescer em 2015 e avan�ou sete pontos porcentuais em apenas tr�s anos.

Segundo especialistas ouvidos pelo jornal O Estado de S�o Paulo, esse movimento � ruim porque indica que mesmo as pessoas com maior qualifica��o est�o pessimistas com o mercado de trabalho. Um dos motivos para esse des�nimo � que, na sa�da da recess�o, as vagas de emprego criadas s�o, em sua maioria, de baixa remunera��o, muitas vezes informais - foi isso que sustentou a pequena queda da taxa de desemprego no ano passado. Puxada exatamente pelo aumento da informalidade, a desocupa��o caiu de 13,1%, no in�cio do ano, para 11,6%, no fim de dezembro.

Padr�o

Al�m disso, como esses trabalhadores que acumularam anos de estudo tinham sal�rios maiores antes do desemprego, quando o desalento chega a esse grupo, a renda familiar � mais prejudicada, analisa Bruno Ottoni, da IDados. "S�o pessoas mais qualificadas e com um padr�o de vida melhor, que desistiram em algum momento de procurar emprego."

Por estarem em uma situa��o mais fr�gil no mercado de trabalho, ganharem menos e estarem mais sujeitos a perder o emprego, os brasileiros com menor forma��o ainda s�o a maioria em situa��o de desalento, mas a presen�a deles entre os que desanimaram de procurar uma vaga caiu de 73%, no terceiro trimestre de 2014, para 65% no terceiro trimestre do ano passado.

"Cansei de esperar o mercado melhorar", resume a engenheira Adriana Mello, de 28 anos. "Parece que agora est� mais f�cil de arrumar um emprego, mas s� parece. N�o voltei a procurar o dia inteiro, como fazia antes, porque as vagas que aparecem t�m remunera��o de R$ 3 mil, quando o piso � tr�s vezes mais. Querem que voc� tenha as mesmas responsabilidades de antes, sem ganhar o suficiente."

Desde que Adriana perdeu o emprego, em maio do ano passado, ela passou a usar o tempo livre para fazer cursos e melhorar o ingl�s. Mas as contas, que eram divididas com o marido, pesam mais. "De 2015 para c�, o mercado piorou. Quem ganhava R$ 7 mil, agora topa ganhar R$ 3 mil. E quem pode esperar, aproveita para voltar ao mercado com mais forma��o."

Na avalia��o de especialistas, o n�mero de desalentados - os trabalhadores que pararam de buscar emprego por um tempo - com maior forma��o deve cair lentamente, j� que, na sa�da da crise, as vagas que t�m surgido s�o de remunera��o mais baixa.

O desalentado � o brasileiro que gostaria de estar trabalhando, mas n�o tem incentivo para procurar trabalho por um per�odo, seja pela dificuldade em se recolocar no mercado de trabalho ou porque as oportunidades que aparecem agora n�o s�o atrativas e ele pode esperar que as coisas melhorem.

"Ele faz parte da for�a de trabalho potencial", explica o economista Bruno Ottoni, pesquisador da consultoria IDados. "Em geral, o desalento cresce em um mercado de trabalho que n�o est� funcionando direito. E na sa�da da crise, o n�mero de pessoas nessa situa��o cresce porque as poucas vagas que reapareceram no mercado agora pagam pouco."

Ele lembra que o trabalhador, muitas vezes, acaba preferindo ficar em casa ou come�ar a fazer algum curso, fica mais ou menos em um compasso de espera at� que surjam oportunidades."

O tamb�m engenheiro Diogo Dutra da Silva, de 29 anos, est� fora do mercado de trabalho desde a conclus�o das obras de um edif�cio na zona leste de S�o Paulo, em 2017. "Trabalhava em uma construtora que viu as obras rarearem durante a crise. Em 2015, come�ou a diminuir a quantidade de projetos e o n�mero de funcion�rios da empresa. Quando o pr�dio ficou pronto, perdi o emprego."

Ele concorda que as vagas que surgiram entre o ano passado e o in�cio de 2019 t�m remunera��o baixa demais, a ponto de compensar esperar mais um pouco. "Sempre fui de gastar pouco e durante o per�odo de emprego farto, guardei dinheiro. Essa poupan�a me ajuda agora a n�o precisar aceitar qualquer vaga que for aparecendo", diz.

Baixa expectativa

Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) divulgou que os brasileiros que ca�ram no desalento atingiram m�dia de 4,736 milh�es - 13,4% acima de 2017. Nessa conta, entram os que se achavam jovens ou idosos demais, pouco experientes ou acreditavam que n�o encontrariam uma boa oportunidade de trabalho.

"Tem gente que j� consegue encontrar o trabalho com carteira assinada mais facilmente do que h� alguns meses, mas as condi��es nem sempre s�o boas. Se a pessoa pode esperar mais um pouco para conseguir um emprego mais pr�ximo de suas expectativas, ela acaba se virando, conta com as economias ou ajuda de parentes e espera", concorda o economista da Funda��o Instituto de Pesquisas Econ�micas (Fipe) Eduardo Zylberstajn.

A expectativa do economista do Insper Renan de Pieri � de que o Pa�s gere mais empregos este ano do que em 2018, quando o desemprego cedeu apenas timidamente, e fechou o �ltimo trimestre em 11,6% - ante 13,1% do in�cio do ano passado.

"Mas a reinser��o dessas pessoas no mercado de trabalho n�o vai ocorrer rapidamente. O Brasil formou um ex�rcito de desalentados, quando o mercado melhorar, eles v�o voltar a procurar por emprego e precisar�o ser reabsorvidos", diz. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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