Os prefeitos dos munic�pios de Urua�u (GO) e Porto Nacional (TO) reagiram �s declara��es do ministro da Infraestrutura, Tarc�sio de Freitas, de que a Ferrovia Norte-Sul n�o deve transportar passageiros, mas somente carga, porque n�o se trata de um trajeto europeu, como o de Londres a Paris. As duas cidades est�o no eixo da Norte-Sul, ferrovia que, atualmente, comp�e uma malha nova de mais de 2.400 quil�metros de extens�o na regi�o central do Pa�s, ligando S�o Paulo, a partir de Estrela D'Oeste, at� o porto de Itaqui, no litoral do Maranh�o.
"Sabemos que a principal voca��o da ferrovia � a carga, mas � claro que existem pessoas que trafegariam pela Norte-Sul, mas ter uma estrutura de embarque e desembarque de passageiros seria extraordin�rio para n�s e para o Pa�s", disse o prefeito de Urua�u, Valmir Pedro. "Estamos na regi�o de An�polis e Goi�nia. S� a regi�o norte de Goi�s tem meio milh�o de habitantes. Isso n�o pode ser ignorado. Parece que o ministro desconhece essas informa��es."
Ao jornal "O Estado de S. Paulo", o ministro Tarc�sio de Freitas afirmou que a ideia de ter transporte de passageiros na ferrovia, proposta que foi pedida pelo procurador do Minist�rio P�blico junto ao Tribunal de Contas da Uni�o (TCU), J�lio Marcelo de Oliveira, � uma postura "meio quixotesca" e sem cabimento.
"O J�lio Marcelo queria trem de passageiro l�, mas n�o tem demanda para isso. Ele imagina uma pessoa viajando, trabalhando em seu notebook e seu Wi-Fi, mas n�o estamos fazendo o trajeto de Londres a Paris. Na verdade, a gente est� indo de Urua�u (GO) a Porto Nacional (TO). Voc� j� marcou uma festa com a sua fam�lia em Porto Nacional? N�o? Eu tamb�m n�o. O que vai passar l� � carga, gr�o, l�quido, fertilizante. � isso que temos de resolver, essa � a voca��o da ferrovia", disse.
O prefeito de Porto Nacional, Joaquim Maia, disse que nunca fez festas em Londres ou Paris, mas que j� realizou muitas festas na cidade que administra. "Sabemos que hoje n�o temos essa cultura do transporte de passageiro na ferrovia, porque o que tem ocorrido � o atendimento ao agroneg�cio e ao transporte de combust�veis. Mas o uso pela popula��o s� vai acontecer se tiver essa estrutura dispon�vel", comentou.
A VLI, da qual a Vale � s�cia, j� atua em um trecho operacional da Norte-Sul. A Vale tamb�m opera na Estrada de Ferro Caraj�s, entre o Par� e Maranh�o, onde oferece trem de passageiros. O mesmo servi�o � popula��o est� dispon�vel na ferrovia Vit�ria-Minas, tamb�m controlada pela Vale. No caso do novo tra�ado de 1.537 km da Norte-Sul, o transporte de passageiros n�o est� contemplado. O empreendimento tem previs�o de ir a leil�o em 28 de mar�o.
Para o MP junto ao TCU, "o edital dessa licita��o, tal como est� desenhada, favorece amplamente a empresa VLI e n�o acrescenta nada ao Pa�s". A VLI � controlada pela Vale, em sociedade com as empresas Mitsui e Brookfield, com participa��o do fundo FI-FGTS. O governo nega irregularidades no edital e atribui a acusa��o a uma posi��o pessoal do procurador. A VLI declarou que o processo tem ocorrido com toda a transpar�ncia e nega ter qualquer tipo de vantagem numa eventual disputa pelo empreendimento.
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