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Estado de Minas

Impactos da automa��o ter� repercuss�o no mercado de trabalho

Avan�o da tecnologia vai provocar revolu��o nas profiss�es e extinguir v�rias ocupa��es


postado em 11/02/2019 06:00 / atualizado em 11/02/2019 08:24

(foto: Márcio Penna/Divulgação)
(foto: M�rcio Penna/Divulga��o)
Estudo realizado pelo Laborat�rio de Aprendizado de M�quina em Finan�as e Organiza��es (Lamfo), da Universidade de Bras�lia (UnB), revelou quais ser�o os impactos da automa��o no mercado de trabalho brasileiro nos pr�ximos anos. A pesquisa, baseada em consultas com 69 acad�micos e profissionais de aprendizado de m�quina, calculou a probabilidade de o trabalhador humano ser trocado por rob�s.

 

O resultado indicou que o avan�o da tecnologia vai provocar uma revolu��o nas profiss�es na forma como as conhecemos hoje. Muitas ocupa��es ser�o extintas, v�rias passar�o por adapta��es e outras v�o seguir em frente.

Nesta entrevista, o professor Pedro Henrique Melo Albuquerque, do Departamento de Administra��o da universidade e um dos respons�veis pelo estudo, conta como os profissionais devem se preparar para essas transforma��es e como as empresas podem tirar proveito para ser mais eficientes e levar vantagem em rela��o aos concorrentes. Albuquerque tamb�m acredita que o uso de m�quinas vai aprimorar o combate � corrup��o e modificar o sistema de ensino no pa�s. Confira a seguir os principais trechos da entrevista:

Como o estudo projeta o mercado de trabalho no Brasil nos pr�ximos anos?

A automa��o � uma realidade e um caminho irrevers�vel. Se todos os cen�rios que analisamos forem confirmados, a expectativa � de que 54% das 2.062 profiss�es formais no pa�s podem ser substitu�das por rob�s ou programas de computador at� 2026. Isso representa cerca de 30 milh�es de vagas com carteira assinada.

Esse cen�rio pode levar ao aumento do desemprego no Brasil?

N�o necessariamente. N�o significa que todas essas pessoas v�o perder o emprego. Acredito, na realidade, que haver� uma mudan�a nas profiss�es na forma como as conhecemos hoje. Al�m disso, o estudo abre caminho para que as empresas orientem suas estrat�gias e o pa�s desenvolva pol�ticas p�blicas para se preparar para essas transforma��es.

O que influencia a probabilidade de um trabalhador humano ser trocado por um rob�?

Existe um padr�o que � poss�vel ser observado. No geral, s�o fun��es manuais, com poucas variedades de tarefas e que n�o exigem criatividade. Essas atividades repetitivas e ma�antes s�o as mais simples de ser automatizadas.

O senhor pode dar um exemplo?

O ascensorista. J� n�o faz mais sentido para a empresa pagar um funcion�rio para apertar um bot�o. Outro caso: o Senado tem o cargo de operador de m�quina copiadora, que basicamente tem como fun��o tirar xerox. S�o opera��es com alto grau de possibilidade de serem executadas por m�quinas.

Como o profissional pode identificar que a ocupa��o dele � suscet�vel a ser substitu�da por rob�s?
Uma forma de perceber bem � verificar a quantidade de atividades que ele exerce. Esse n�vel de variabilidade � um fator importante para avaliar. Quanto mais coisas uma pessoa faz, mais dif�cil � ela ser trocada por uma m�quina.

Nesse sentido, o que pode garantir que uma profiss�o ter� maior sobrevida?
A propens�o de uma ocupa��o ser automatizada diminui em servi�os que envolvem criatividade, racioc�nio e contato humano. Bab�s e artistas s�o exemplos claros e t�m riscos perto de zero. Outro fator � o tempo de preparo.

O que � isso?
� o tempo que uma pessoa levou para se especializar. Ou seja, o quanto ela estudou, desenvolveu capacidades e trabalhou naquilo para chegar a um n�vel elevado de experi�ncia. Porque quanto mais tempo de preparo uma pessoa tem, mais apta ela est� para exercer uma gama de atividades, improvisar e se adaptar. Isso � dif�cil de ser assimilado por uma m�quina. Se o tempo de preparo � baixo, vai ser simples a m�quina ou o programa de computador desempenhar aquela capacita��o.

Como os profissionais podem se preparar para n�o ficar pra tr�s diante dessas transforma��es?

Quem j� est� no mercado precisa avaliar se aquilo que ele faz hoje � extremamente rotineiro. Ent�o, para n�o ser surpreendido, precisa investir em capacita��o, em fun��es mais cognitivas, que exigem criatividade, improviso e contato humano.

O senhor falou em profiss�es que ser�o transformadas. Como ser� isso?
Essas ocupa��es v�o passar por adapta��es, com as atividades rotineiras ficando com os rob�s e as que envolvem contato sob responsabilidade de humanos. Um contador, por exemplo, que tem como fun��o basicamente preencher formul�rios e calcular �ndices econ�micos, pode ser trocado por um programa de computador. J� o profissional que atua para assessorar a gest�o empresarial ou intermediar acordos com sindicatos dificilmente perder� a posi��o para uma m�quina. � preciso destacar tamb�m que algumas barreiras podem retardar o avan�o da automa��o.


Que barreiras s�o essas?
Muita gente, sobretudo os mais velhos, ainda n�o se sente � vontade interagindo com rob�s e prefere ser atendida por humanos. Podemos citar tamb�m press�es pol�ticas e relacionadas � legisla��o brasileira. Como exemplo, todo posto de combust�vel no pa�s � obrigado a ter um frentista. Essa prote��o inibe a automa��o.

Todas as profiss�es, de alguma forma, ser�o impactadas pela inova��o tecnol�gica?
Acredito que todas as ocupa��es do futuro v�o ter uma pegada de programa��o. O profissional vai programar as tarefas rotineiras e focar suas atividades no que envolve criatividade. As novas profiss�es v�o surgir com o aprimoramento da tecnologia, como cientistas e programadores ligados � intelig�ncia artificial e aprendizado de m�quina. Muito em breve, o contato com a m�quina vai ser natural pra todo mundo. Hoje, j� existem servi�os experimentais que conseguem agendar de reuni�es at� compromissos pessoais, como hor�rio em sal�o de beleza. Em vez de um empregado perder tempo tentando conciliar as agendas de mais pessoas, a m�quina consegue processar essa informa��o em um tempo mais curto e identificar quando o compromisso vai poder ser marcado. Mas, ainda assim, o humano estar� presente.

Por qu�?
Porque os dados para abastecer esse rob� ou o programa de computador precisam existir. Algu�m vai precisar criar e gerenciar essa base de informa��o. S� o ser humano est� preparado para isso.

Como as empresas podem se preparar para esse cen�rio?
Automa��o significa basicamente a sobreviv�ncia das empresas. Vai ajud�-las a ser mais eficientes, a atender a uma demanda com muito mais agilidade, se posicionar melhor e sair na frente. Por isso, ser� preciso investir em bancos de dados e na melhoraa da qualidade das informa��es que s�o levantadas. Isso vai ser primordial para a competitividade. Com esses dados, as empresas v�o conseguir cada vez mais automatizar as tarefas. Isso vai impactar no aumento da efici�ncia dos processos, na redu��o de custos e tamb�m na possibilidade de certas atividades serem executadas 24 horas por dia, sete dias por semana.

Que outros ganhos as m�quinas poder�o trazer?

Os rob�s poder�o fornecer informa��es mais precisas para melhorar a tomada de decis�es dos executivos. Eles v�o funcionar como suporte da decis�o gerencial, fornecendo simula��es e apresentando possibilidades de cen�rios para que os executivos possam realizar as escolhas mais adequadas. Refor�o novamente que, por mais que as m�quinas forne�am as informa��es mais completas, a palavra final vai ser de um humano.

Como o poder p�blico poder� aproveitar o avan�o da tecnologia?
Poderemos ter pol�ticas p�blicas mais eficientes. Saber �reas mais deficit�rias, onde o governo est� gastando muito e, claro, identificar servidores corruptos. Os �rg�os de fiscaliza��o poder�o acelerar as investiga��es.

Como?
Na esfera p�blica, quando um padr�o de esquema de corrup��o � identificado, a m�quina pode mapear contratos e apontar ind�cios de fraude. A� vai entrar o trabalho do humano, que pode se concentrar na an�lise de documentos espec�ficos com fortes sinais de adultera��o. A tend�ncia � aumentar a produtividade. Mais uma vez, tamb�m nesse cen�rio a presen�a humana ser� fundamental para abastecer as m�quinas com informa��es novas, com varia��es dos atos corruptos e padr�es in�ditos.

A automa��o tamb�m vai afetar o sistema de ensino?
Acredito que o aprendizado nas escolas vai precisar ser modificado. As crian�as precisam desenvolver o racioc�nio l�gico desde cedo, porque a programa��o � universal. N�o precisa de recursos elevados para ser ensinada, mas, sim, de algu�m inteligente. Isso vai capacitar as novas gera��es a pensar em solu��es de automa��o. Dentro disso, com o passar dos anos, ser� preciso fazer uma introdu��o � rob�tica e � intelig�ncia artificial. Precisamos refor�ar o ensino de matem�tica, que d� o racioc�nio da l�gica. Tamb�m ser� fundamental o ensino de ingl�s. Em conjunto, vamos precisar de disciplinas que explorem a criatividade, que deem uma bagagem para poder inovar e improvisar.

Na sua avalia��o, o que ainda falta para o Brasil dar esse salto na automa��o e atingir o mesmo n�vel dos pa�ses mais ricos?
Duas coisas. Primeiramente, ser� preciso qualificar os profissionais, melhorar o n�vel de leitura e superar a barreira para o aprendizado do ingl�s. A segunda � melhorar a qualidade dos dados, porque a m�quina vai aprender com base neles. Hoje, muita informa��o vai pro lixo. � ouro o que est� sendo jogado fora. O uso dos dados permite mapear processos e tornar eficiente toda a cadeia produtiva.


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