O Brasil quebrou mais uma vez, oficialmente, em 20 de fevereiro de 1987, quando o presidente Jos� Sarney anunciou a suspens�o de pagamento dos juros da d�vida externa. Nove dias antes o presidente do Banco Central (BC), Fern�o Bracher, havia pedido demiss�o. "Sa� porque queria aumentar os juros e n�o me deixaram", explicou anos depois, distante do setor p�blico e bem conhecido como um banqueiro de sucesso. Elevar os juros em fevereiro de 1987 era apenas uma das medidas de bom senso recomendadas para um pa�s como o Brasil, cheio de distor��es, com a moeda supervalorizada e as contas externas em frangalhos.
Ao tentar um aperto da pol�tica monet�ria o presidente do BC reagiu, simplesmente, ao fracasso do Plano Cruzado II, implantado no fim do ano anterior. A insist�ncia do chefe de governo em manter a fantasia do controle de pre�os e de sal�rios, juntamente com uma taxa de c�mbio irrealista, conduziria o Pa�s a uma nova morat�ria.
Outra quebra havia ocorrido cinco anos antes, quando uma enorme crise cambial se espalhou por dezenas de pa�ses, a partir da morat�ria do M�xico. O governo brasileiro havia recorrido ao Fundo Monet�rio Internacional (FMI). Nem tudo se consertou. Pelo menos as contas externas melhoraram, mas por pouco tempo. A li��o havia sido esquecida pelos estrategistas do primeiro governo civil.
Bracher presidiu o BC entre 28 de agosto de 1985 e 11 de fevereiro de 1987, quando Dilson Funaro chefiava o Minist�rio da Fazenda e conduzia as tentativas de liquidar a infla��o com interven��o em pre�os e sal�rios, mas sem dar a aten��o necess�ria aos problemas fiscais, monet�rios e cambiais.
O presidente do BC havia passado pela institui��o entre 1974 e 1979, como diretor da �rea externa. Conhecia bem os problemas cambiais, quando assumiu a chefia da pol�tica monet�ria em 1985, mas s� poderia usar plenamente seu conhecimento se confrontasse a pol�tica econ�mica. Em 1985 Bracher participou da reuni�o anual do FMI em Seul, na Coreia, e destacou-se como um defensor da pol�tica brasileira como respons�vel e digna de confian�a. Cumpriu seu papel, mas foi incapaz de evitar o retorno do Pa�s ao Fundo, menos de dois anos depois.
Fern�o Bracher foi mais conhecido, no �ltimo quarto de s�culo, como banqueiro de sucesso. Em 1988, fundou o BBA, banco de investimentos, em associa��o com o austr�aco Creditanstalt. Com a absor��o pelo Ita�, 14 anos depois, criou-se o Ita� BBA. Candido Botelho Bracher, filho de Fern�o, hoje preside o Ita� Unibanco. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
ECONOMIA