Para uns, folia. Para outros, trabalho. Com o crescimento do carnaval de Belo Horizonte, aumentam tamb�m neg�cios criados na onda e no clima do confete e da serpentina. O reinado de Momo inspira novos empreendedores a se arriscarem no mercado de olho num p�blico que aumenta progressivamente ano a ano. Em Belo Horizonte, a expectativa � receber 4,6 milh�es de pessoas na festa deste ano, p�blico 20% maior do que o verificado no ano passado. S�o potenciais consumidores para uma turma que resolveu fazer, em vez de farra, dinheiro. H� v�rios novatos que p�em, pela primeira vez, o neg�cio na rua: de glitter biodegrad�vel a fantasias.
A engenheira ambiental Nath�lia Azevedo, de 28 anos, � do tipo que n�o consegue ficar parada. Ela se formou na faculdade em julho e, com as noites livres, teve uma ideia: come�ou a produzir brincos de fita de cetim e lantejoulas para vender no carnaval. Nath�lia tinha feito alguns modelos para usar na folia do ano passado e o acess�rio virou sucesso de audi�ncia entre as amigas, da� a inspira��o.
“Vi que era um neg�cio com muito potencial. Chego do trabalho e eu e meu marido come�amos a produzir. E, como acabamos de nos casar, fica como uma economia para o futuro”, comenta, sobre o in�cio despretensioso da marca Pode Brilhar. At� agora, ela j� fez 377 unidades, que est�o sendo vendidas a R$ 30. “Ano que vem vou continuar, com certeza”, diz.
Com a campanha contra o uso de glitter, material considerado poluente para as �guas, ganhando for�a, a estudante Drika Oliveira, de 27, enxergou um nicho no mercado de carnaval. Desde o fim do ano passado, ela passou a testar receitas para produzir o glitter biodegrad�vel, o que permite ao foli�o brilhar sem prejudicar o meio ambiente. O bioglitter consiste na mistura de gelatina de alga marinha, p� mineral e corante aliment�cio.
Drika j� atraiu mais de 2 mil seguidores para o � pra brilhar no Instagram e n�o tem tido tempo nem sequer para dormir. A produ��o ocorre das 23h �s 6h, j� que ela, al�m de estudar, tamb�m trabalha na prefeitura municipal. Mas Drika n�o tem do que reclamar. “� um nicho incr�vel”, diz. F� de Caetano Veloso, ela batizou cada uma das cores com as letras do compositor e vende os tubinhos coloridos a R$ 6. “Vendo nas feiras e on-line. Antes, conseguia entregar. Agora, mando com o motoboy”, afirma.
Este ano � o primeiro em que a designer Josiane Pontello Martins, de 33, p�e sua marca Carnabrilha na rua. Na festa momesca, conseguiu se reinventar profissionalmente. “Poderia haver tr�s carnavais por ano”, diz. Desempregada, ela come�ou a produzir adere�os e roupas de carnaval no ano passado, junto com a irm�. Agora, assumiu sua voca��o para brilhar, levando a marca para feiras e novos pontos de venda. Josiane vende ombreiras metalizadas, tiaras e brincos a partir de R$ 20.
Para Sandra de C�ssia, de 35, o carnaval tem cheiro de liberdade, a liberdade de tra�ar novo rumo. Em outubro, ela deixou a carreira de 18 anos na �rea administrativa para investir no neg�cio pr�prio, a Ac�ssias Bijuteria, que estreou em ritmo de marchinha. “Como o carnaval de BH tem crescido, aproveitei a oportunidade. Trabalho muito mais, mas feliz. Espero reunir R$ 2 mil ”, conta.
Todas as microempreendedoras est�o sob o mesmo guarda-chuva da economia criativa, ligada � inova��o e � criatividade. Em Minas Gerais, existem mais de 63 mil empresas ligadas ao setor, transformando o estado no vice-l�der no Brasil em gera��o de empregos na �rea, com mais de 457 mil pessoas ocupadas.
Muitos carnavais
H� quem diga que amor de carnaval n�o vai pra frente, mas a enfermeira Silvana Mendes, de 41, est� a� para mostrar o contr�rio. O amor dela pelas tiaras para a festa momesca virou mais que uma mania, um neg�cio. A marca Mania de Carnaval come�ou despretensiosamente e, por causa dela, Silvana sonha longe. Agora concilia a rotina no hospital no qual trabalha com a produ��o artesanal, tornou-se microempreendedora individual (MEI) e estuda at� mesmo ter um ponto de vendas no pr�ximo ano.
No carnaval h� tr�s anos, ela fez algumas pe�as para as amigas e, quando as tirou da sacola, foi abordada por interessadas em comprar arcos de flor. “Me encontrei nesse neg�cio. � como eu consigo expressar meu gosto pelas cores. Quero come�ar a viajar mais para buscar mais mat�ria-prima”, diz. O lucro vai ser aplicado em investimento para as pr�ximas temporadas. “Virou um neg�cio para vida”, afirma.