Ex-governador do Esp�rito Santo, Paulo Hartung afirma que os governadores n�o podem colocar a "faca no peito" do governo federal para um socorro da Uni�o em troca de apoio � aprova��o da reforma da Previd�ncia. Em entrevista ao Broadcast, servi�o de not�cias em tempo real do Grupo Estado, Hartung diz que "n�o faz sentido nenhuma a��o de toma l� d� c�" dos governadores. Ele defende que qualquer socorro aos Estados s� pode vir depois de aprovada a PEC da Previd�ncia. Segundo ele, Bras�lia n�o � a "porta da esperan�a" para Estados e munic�pios em crise. �nico governador a entregar o cargo com a nota m�xima do Tesouro Nacional, Hartung deixou o MDB e agora integra o conselho do movimento Renova, de forma��o de lideran�as pol�ticas.
Os governadores cobram socorro aos Estados do governo para apoiar a reforma?
A reforma � importante para governo federal, Estados e munic�pios. Ela � importante para o Pa�s. N�o faz sentido nenhuma a��o de toma l� d� c�. � o tipo da a��o ganha-ganha. Ganha todo mundo. O hist�rico mostra que vai ser um equ�voco repetir as experi�ncias passadas. Quando no governo Dilma Rousseff houve essa negocia��o, eu alertei que n�o teria o resultado esperado nas contas dos Estados. O Pa�s ia gastar, o cidad�o ia gastar numa renegocia��o de d�vida e isso n�o teria o papel de manter as contas equilibradas. A vida mostrou que foi isso que aconteceu. Repetir esse caminho � um equ�voco.
O presidente da C�mara, Rodrigo Maia, j� disse que, para passar a reforma, � preciso atender a agenda dos Estados.
A coloca��o de Maia no evento do BTG (ter�a-feira) foi bastante positiva. Ele fez uma autocr�tica dizendo que no per�odo passado cedeu muito ao pleito dos governadores e eles n�o participaram efetivamente do esfor�o de aprova��o da reforma e que, na vis�o dele, qualquer apoio aos governos estaduais deve ser realizado depois da aprova��o da reforma. Isso j� � um passo para frente. � um racioc�nio de agrega��o de for�as para viabilizar a aprova��o.
Isso vai funcionar?
N�o sei. O argumento de trabalho que Maia colocou foi no sentido inverso do que foi feito nos quatro anos passados, quando foi se atendendo o pleito dos governadores e eles pouco participaram do processo de mobiliza��o da sociedade, dos parlamentares, de aprova��o da reforma.
Qual a solu��o para os governadores que querem dinheiro r�pido?
Boa parte da solu��o dos problemas dos Estados e munic�pios n�o � Bras�lia. � o esfor�o de cada um em trazer as suas despesas para dentro do seu quadro de receitas. N�o se resolve o problema esperando que Bras�lia seja uma esp�cie de "porta da esperan�a". Esse processo de despesas est� muito ligado � despesa corrente dos entes federados. � ter coragem de dialogar com a sociedade que n�o pode dar uma corre��o salarial. Eu vi que ontem a Assembleia do Rio Grande do Sul aprovou proposta do governador diminuindo disp�ndios correntes. � o caminho certo.
Os governadores que pressionam por socorro est�o na tenta��o do caminho mais f�cil?
O caminho f�cil se mostrou com baix�ssima sustentabilidade. Teve a negocia��o no governo Fernando Henrique, depois teve de reabrir no per�odo da Dilma, e hoje tem demanda para que reabra novamente. O caminho certo � o esfor�o local de redu��o da despesa e o esfor�o nacional para evoluir com a reforma. A Previd�ncia p�blica � um dos elementos desorganizadores das contas p�blicas dos Estados, munic�pios e da Uni�o.
A ajuda aos governos regionais tem de vir depois da reforma?
Depois de aprovada a reforma e proporcional �quilo que � poss�vel o Tesouro Nacional fazer. Isso est� muito ligado � pr�pria qualidade da reforma. � um incentivo ao processo de debate, esclarecimento, de mobiliza��o dos parlamentares.
No novo desenho pol�tico depois das elei��es, os governadores ter�o mais influ�ncia nas bancadas?
Os governadores j� tiveram no passado muito mais influ�ncia sobre as bancadas do que t�m hoje. Isso n�o � mais assim. Mas � preciso olhar caso a caso. No campo da oposi��o, neste momento com essa forma��o do Congresso, eles t�m influ�ncia junto � sua bancada com capacidade de arregimentar votos que s�o importantes. Tem de conversar com todo mundo. T�m algumas bancadas regionais ligadas a for�as partid�rias que ainda t�m conex�o e ser�o �teis nesse debate.
O governador do Piau� escreveu a favor da reforma. Ele ter� for�a sobre a bancada do PT?
Vamos ver. Se conseguir alguns votos, pode ajudar. Cada voto � importante. Lembra que no governo FHC a idade m�nima foi derrotada por um voto.
Que ponto da proposta ajuda mais os Estados?
Se olhar a folha de Previd�ncia, em todos os Estados, nos mais antigos a situa��o � pior, o problema � geral. A folha de Previd�ncia foi crescendo e subtraindo recursos que deveriam ser alocados com educa��o, sa�de, infraestrutura e programas assistenciais. � uma hist�ria dos governos subnacionais que n�o podem emitir dinheiro nem t�tulos. Eles se financiam com as suas arrecada��es. Se n�o frear esse processo, caminhamos para uma completa ingovernabilidade. � preciso estancar esse processo.
Previd�ncia n�o � o �nico problema dos Estados.
N�o �. Folha de ativos � outro problema que cresceu dentro da Constitui��o de 88 de forma irrespons�vel pelo Brasil afora. � preciso enfrentar esses temas. Se � um tema priorit�rio para os Estados, n�o faz sentido as suas lideran�as estarem colocando faca no peito do governo federal.
O senhor deixou o MDB. Qual a seu futuro pol�tico?
A minha vida pol�tica est� encerrada. Foi muita longa. O meu ciclo est� bem resolvido. S�o oito elei��es. Comecei muito jovem. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
ECONOMIA