O mercado de trabalho brasileiro ainda � injusto e abusivo com as mulheres tanto em rela��o �s vagas dispon�veis, quanto aos sal�rios pagos pelos empregadores. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lio (Pnad), relativa ao 4º trimestre de 2018, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), a taxa de desemprego no per�odo foi de 11,6%, mas com diferen�as significativas entre homens (10,1%) e mulheres (13,5%).
A diferen�a ocorreu nas cinco regi�es do pa�s, com destaque para o Norte, onde a diferen�a entre homens e mulheres foi a maior (22,9 pontos percentuais), e para o Sudeste, com a menor diferen�a (17,7 pontos percentuais).
J� o estudo Pa�s Estagnado: um retrato das desigualdades brasileiras, produzido pela Oxfam Brasil, em 2018 com dados de 2017, a diferen�a de sal�rios entre os g�neros atinge todas as classes sociais.
De acordo com o estudo, em 2017, as mulheres receberem 70% dos rendimentos dos homens. A diferen�a ficou ainda maior do que em 2016, quando as trabalhadoras receberam o equivalente a 72% dos sal�rios pagos aos homens. Os valores se referem � remunera��o m�dia paga a todos os trabalhadores brasileiros naquele ano.
No recorte do estudo que considera os 50% da popula��o brasileira mais pobres, as mulheres tiveram renda equivalente a 75% da m�dia obtida pelos homens neste segmento. Na classe mais rica, ou seja, a parcela de 10% dos trabalhadores, a varia��o foi ainda pior. Em 2017, as mulheres receberem o equivalente a 60% dos sal�rios dos homens, enquanto em 2016, foram 69%.
De acordo com o coordenador de campanha da Oxfam Brasil, Rafael Georges, a principal causa para os resultados desiguais no meio de trabalho vem da estrutura cultural brasileira e do preconceito. “O Brasil avan�a muito devagar no que tange a pol�ticas de empoderamento feminino”, afirmou. “A mulher ainda � a figura que tem obriga��o de ficar em casa para cuidar dos filhos e das tarefas dom�sticas”, completou.
Falta suporte
“A mulher quase sempre cuida de crian�a e de idosos. Isso devia ser provido pelo Estado”, completa. Para ele, o Estado deveria dar mais suporte para a mulher ingressar no mercado de trabalho. Ele considera que esse problema poderia ser reduzido com a disponibilidade de mais creches. “No Brasil, a regra � o homem ficar pouco tempo dentro de casa, e a mulher, dispon�vel para a crian�a, sem tempo para a carreira dela”, comparou.
A presidente da Sempreviva Organiza��o Feminista (SOF), Maria Luiza da Costa, aponta outros problemas, como a dupla jornada de trabalho que as mulheres enfrentam, o que limita o tempo dispon�vel para elas se dedicarem � carreira. Ela lembra, ainda, que a m�dia de ingresso das mulheres no mercado de trabalho coincide com idade m�dia da maternidade. Al�m disso, Luiz acredita que a falta de representatividade feminina em cargos altos nas centrais sindicais resulta numa baixa progress�o para as mulheres. “O mundo sindical ainda � bastante masculino. A maior parte das decis�es nesse �mbito s�o tomadas por homens. � natural que n�o sejam previstos os problemas das mulheres”, explicou.
Para Luiza, a desigualdade de g�nero vem ganhando espa�o nos f�runs de discuss�o na sociedade. No entanto, ela acredita que as discuss�es ainda n�o se traduziram em a��es pr�ticas e pol�ticas p�blicas. “Ainda falta organiza��o e a��o conjunta”.
Segundo a professora do Departamento de Administra��o da Universidade de Bras�lia (UnB) D�bora Barem, as mulheres s�o as primeiras a sofrer as consequ�ncias durante as crises econ�micas. Para ela, a reforma trabalhista aprovada durante o governo Michel Temer, em 2018, afetou mais as mulheres. “Como elas j� s�o o lado mais fr�gil no mercado de trabalho, acabam sendo as primeiras a serem demitidas ou empurradas para a informalidade”.
Para D�bora, as mulheres deveriam ocupar mais os espa�os de discuss�o e somar esfor�os para ocupar mais as cadeiras no Congresso Nacional. Nesta nova legislatura, elas representam apenas 10,7% dos parlamentares. Ainda � pouco, mas � o dobro do que h� 20 anos.
* Estagi�ria sob supervis�o de Claudia Dianni
A diferen�a ocorreu nas cinco regi�es do pa�s, com destaque para o Norte, onde a diferen�a entre homens e mulheres foi a maior (22,9 pontos percentuais), e para o Sudeste, com a menor diferen�a (17,7 pontos percentuais).
J� o estudo Pa�s Estagnado: um retrato das desigualdades brasileiras, produzido pela Oxfam Brasil, em 2018 com dados de 2017, a diferen�a de sal�rios entre os g�neros atinge todas as classes sociais.
De acordo com o estudo, em 2017, as mulheres receberem 70% dos rendimentos dos homens. A diferen�a ficou ainda maior do que em 2016, quando as trabalhadoras receberam o equivalente a 72% dos sal�rios pagos aos homens. Os valores se referem � remunera��o m�dia paga a todos os trabalhadores brasileiros naquele ano.
No recorte do estudo que considera os 50% da popula��o brasileira mais pobres, as mulheres tiveram renda equivalente a 75% da m�dia obtida pelos homens neste segmento. Na classe mais rica, ou seja, a parcela de 10% dos trabalhadores, a varia��o foi ainda pior. Em 2017, as mulheres receberem o equivalente a 60% dos sal�rios dos homens, enquanto em 2016, foram 69%.
De acordo com o coordenador de campanha da Oxfam Brasil, Rafael Georges, a principal causa para os resultados desiguais no meio de trabalho vem da estrutura cultural brasileira e do preconceito. “O Brasil avan�a muito devagar no que tange a pol�ticas de empoderamento feminino”, afirmou. “A mulher ainda � a figura que tem obriga��o de ficar em casa para cuidar dos filhos e das tarefas dom�sticas”, completou.
Falta suporte
“A mulher quase sempre cuida de crian�a e de idosos. Isso devia ser provido pelo Estado”, completa. Para ele, o Estado deveria dar mais suporte para a mulher ingressar no mercado de trabalho. Ele considera que esse problema poderia ser reduzido com a disponibilidade de mais creches. “No Brasil, a regra � o homem ficar pouco tempo dentro de casa, e a mulher, dispon�vel para a crian�a, sem tempo para a carreira dela”, comparou.
A presidente da Sempreviva Organiza��o Feminista (SOF), Maria Luiza da Costa, aponta outros problemas, como a dupla jornada de trabalho que as mulheres enfrentam, o que limita o tempo dispon�vel para elas se dedicarem � carreira. Ela lembra, ainda, que a m�dia de ingresso das mulheres no mercado de trabalho coincide com idade m�dia da maternidade. Al�m disso, Luiz acredita que a falta de representatividade feminina em cargos altos nas centrais sindicais resulta numa baixa progress�o para as mulheres. “O mundo sindical ainda � bastante masculino. A maior parte das decis�es nesse �mbito s�o tomadas por homens. � natural que n�o sejam previstos os problemas das mulheres”, explicou.
Para Luiza, a desigualdade de g�nero vem ganhando espa�o nos f�runs de discuss�o na sociedade. No entanto, ela acredita que as discuss�es ainda n�o se traduziram em a��es pr�ticas e pol�ticas p�blicas. “Ainda falta organiza��o e a��o conjunta”.
Segundo a professora do Departamento de Administra��o da Universidade de Bras�lia (UnB) D�bora Barem, as mulheres s�o as primeiras a sofrer as consequ�ncias durante as crises econ�micas. Para ela, a reforma trabalhista aprovada durante o governo Michel Temer, em 2018, afetou mais as mulheres. “Como elas j� s�o o lado mais fr�gil no mercado de trabalho, acabam sendo as primeiras a serem demitidas ou empurradas para a informalidade”.
Para D�bora, as mulheres deveriam ocupar mais os espa�os de discuss�o e somar esfor�os para ocupar mais as cadeiras no Congresso Nacional. Nesta nova legislatura, elas representam apenas 10,7% dos parlamentares. Ainda � pouco, mas � o dobro do que h� 20 anos.
* Estagi�ria sob supervis�o de Claudia Dianni