A partir de hoje, Brasil e M�xico passam a ter, pela primeira vez, livre-com�rcio de ve�culos e autope�as. Significa que montadoras instaladas nos dois pa�ses poder�o exportar e importar produtos sem qualquer barreira comercial como cotas e Imposto de Importa��o. At� agora, o acordo entre as duas partes previa cotas isentas de impostos.
A Associa��o Nacional dos Fabricantes de Ve�culos Automotores (Anfavea) defendia a prorroga��o, por mais tr�s anos, do sistema de cotas, alegando que a competitividade da ind�stria brasileira � muito inferior � do parceiro, que tem carga tribut�ria interna menor, infraestrutura mais eficiente e elevada escala, por exportar a maior parte de sua produ��o para os Estados Unidos.
O receio � que as matrizes das empresas prefiram investir no M�xico em vez do Brasil. "Vamos observar se isso vai ter impacto nos novos investimentos; as empresas v�o avaliar a situa��o para poderem tomar suas decis�es", disse nessa segunda-feira, 18, o presidente da Anfavea, Antonio Megale, que foi informado oficialmente da decis�o dos dois governos por volta das 19h.
Segundo ele, tamb�m havia um problema com a defini��o do conte�do local (origem das pe�as usadas nos ve�culos). O acordo que expira nesta ter�a-feira, 19, previa menos de 35% de conte�do regional, dependendo do tipo de pe�a. Esse porcentual sobe agora para 40%.
"Esse tema era para ter sido discutido no ano passado, mas como houve troca de governos nos dois pa�ses n�o aconteceu essa negocia��o", afirmou Megale. O setor teme que muitas das pe�as usadas nos carros mexicanos venham de outros pa�ses. Diferente de anos atr�s, quando registrava super�vit, o Brasil hoje importa mais do que exporta para o M�xico.
Os dois pa�ses t�m acordo comercial no setor automotivo desde 2002. A �ltima renova��o ocorreu em 2015, data inicialmente prevista para o in�cio do livre-com�rcio, mas foram mantidas as cotas por mais cinco anos, com valores aumentando 3% a cada ano. Nos �ltimos 12 meses, entre mar�o de 2018 e mar�o deste ano, a cota era de US$ 1,7 bilh�o para cada pa�s.
Segundo fontes do Minist�rio da Economia, o efeito do livre-com�rcio no curto prazo ser� quase nulo porque o volume importado pelo Brasil do M�xico est� 14% abaixo do que prev� a cota atual. A mudan�a no acordo s� deve ter impacto sobre o mercado quando a atividade econ�mica acelerar.
Os carros importados do M�xico s�o produtos de maior valor agregado, como Volkswagen Jetta e Tiguan, Chevorlet Tracker e Equinox, Ford Fusion, Audi Q5 e Nissan Sentra. Do Brasil para l� seguem modelos de menor porte e valor, como Gol, up!, Ka, Onix, Civic e Ecosport.
Por enquanto, a mudan�a para o livre-com�rcio valer� apenas para autom�veis e comerciais leves, com a inclus�o dos caminh�es e �nibus a partir do ano que vem.
Press�o
Uma outra fonte do Minist�rio da Economia afirmou que o acerto entre os dois pa�ses servir� para pressionar a Argentina a aceitar tamb�m o livre-com�rcio para o setor automotivo com o Brasil. Assim como em rela��o aos ve�culos mexicanos, os modelos argentinos que chegam ao Pa�s tamb�m s�o de maior valor agregado.
O acordo atual com os argentinos vai at� junho de 2020 e prev� que, para cada US$ 1 importado da Argentina em ve�culos e autope�as, US$ 1,5 pode ser exportado pelo Brasil livre de Imposto de Importa��o.
O Minist�rio da Economia deve divulgar hoje nota com os detalhes das novas condi��es do acordo entre Brasil e M�xico. As conversas entre os dois pa�ses demoraram para come�ar porque os dois governos s�o comandados por presidentes rec�m-empossados. Jair Bolsonaro, no cargo desde o in�cio de janeiro, e Andr�s Manuel L�pez Obrador, que assumiu o cargo no in�cio de dezembro.
As negocia��es nos �ltimos meses ocorreram apenas entre os governos dos dois pa�ses, sem as participa��es das entidades representativas das montadoras dos dois pa�ses.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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