Ap�s dois anos de crescimento expressivo, que ajudou o Produto Interno Bruto (PIB) a registrar resultado positivo, as exporta��es brasileiras ter�o um desempenho modesto em 2019. Entre os fatores que pesam sobre as vendas externas est�o a desacelera��o da economia global, a crise argentina e, at� mesmo, uma eventual pacifica��o na guerra comercial entre China e Estados Unidos.
Em 2017 e 2018, o Pa�s aumentou 17,6% e 10,2%, respectivamente, os embarques. Nesses anos, al�m de vir de um per�odo de vendas externas fracas, o que favoreceu a base de compara��o, o Brasil se beneficiou da desvaloriza��o do real, do crescimento da economia mundial e, no ano passado, da guerra comercial. O embate entre as duas maiores economias do mundo fez com que o Brasil registrasse recorde na venda de soja para a China, que preteriu a produ��o americana.
Agora, com o cen�rio se invertendo quase completamente, as estimativas n�o s�o animadoras. O Ita� projeta estabilidade nas exporta��es na compara��o com 2018 e o Santander, alta de 3,4%. Ambos consideram o valor dos embarques em d�lares, e n�o o volume. A Associa��o de Com�rcio Exterior do Brasil (AEB), mais pessimista, prev� uma retra��o de 9% e a consultoria Tend�ncias, que chegou a projetar um incremento de 4,6%, revisou a alta para 1,7%. "Os n�meros do primeiro bimestre decepcionaram um pouco e o risco (de rever a proje��o novamente) � para o lado negativo. O quadro � menos benigno do que se esperava", disse Silvio Campos Neto, economista da Tend�ncias. Em janeiro e fevereiro, a alta das exporta��es foi de 1,4%, mas os economistas ressaltam que o com�rcio de plataformas de petr�leo no per�odo distorce os dados e dificulta uma an�lise.
O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV, tamb�m reduziu as proje��es. Em janeiro, a estimativa era de US$ 240 bilh�es - mesmo valor do ano passado. Agora, prev� entre US$ 5 bilh�es e US$ 6 bilh�es menos. O economista Livio Ribeiro, do instituto, afirma, por�m, que, com a desacelera��o global, os pre�os das commodities cair�o, o que poder� resultar em um aumento da demanda e, consequentemente, das exporta��es brasileiras em volume.
Tamb�m do Ibre, a economista Lia Pereira afirma que o maior risco para as vendas internacionais brasileiras est� no apaziguamento da guerra entre EUA e China. "A agropecu�ria e a soja sustentaram as exporta��es em 2018. N�o necessariamente isso vai continuar. A China est� oferecendo tirar barreiras dos EUA."
Lia explica que, com a suspens�o da compra de soja dos americanos, os chineses elevaram as importa��es brasileiras do produto em 35% em 2018, absorvendo 82% das nossas exporta��es. Nas negocia��es atuais entre os dois pa�ses, explica a economista, Pequim poder� conceder prefer�ncia � produ��o americana, n�o apenas na soja, mas tamb�m no frango. Hoje, o frango americano � proibido na China.
Parceiros
Economista do Santander, Jankiel Santos destaca que, al�m da China, os principais parceiros comerciais do Brasil est�o "sofrendo", o que dever� resultar em um freio no ritmo de expans�o das importa��es brasileiras. "A atividade nos Estados Unidos est� se acomodando, e a Argentina n�o deve melhorar t�o r�pido."
O Ita� projeta que a economia global cres�a 3,4% neste ano, ante uma estimativa de 3,8% em 2018. A expans�o na China deve passar de 6,6%, no ano passado, para 6,1% em 2019, causando impacto negativo no pre�o das commodities. O presidente da AEB, Jos� Augusto de Castro, lembra que a queda nas commodities, al�m de prejudicar o Brasil, afeta toda a Am�rica do Sul, que tamb�m � produtora desses itens. "Esses pa�ses compram 40% das exporta��es manufaturadas brasileiras. Se eles s�o prejudicados, importam menos do Brasil, que acaba sendo duplamente atingido (nas commodities e nas manufaturas)."
Castro conta que, desde 2014, as vendas de manufaturados brasileiros est�o estagnadas entre 36% e 38% do total das exporta��es. A depend�ncia das commodities deixa o Pa�s sem controle sobre seu com�rcio internacional, explica ele. "O panorama depende mais do mundo e menos do Brasil." No ano passado, por exemplo, uma seca sem precedentes dizimou a produ��o de soja argentina, deixando o Brasil sem concorrentes no primeiro semestre do ano, �poca da safra na regi�o, e impulsionando os embarques.
Segundo Castro, se as reformas da Previd�ncia e tribut�ria forem aprovadas, esse cen�rio de depend�ncia completa do cen�rio internacional pode come�ar a mudar a partir de 2020, com um aumento da produtividade e, consequentemente, da comercializa��o de manufaturados. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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