Um eventual acordo entre China e EUA colocando fim � guerra comercial j� causa tens�o no setor agr�cola brasileiro. "E a preocupa��o � grande, n�o � pequena, n�o", diz o diretor-geral da Associa��o Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sergio Mendes.
O receio � que Pequim passe a priorizar os produtos agr�colas americanos em detrimento dos brasileiros. Desde a tr�gua anunciada pelos dois pa�ses em dezembro, as vendas de soja dos EUA para a China subiram.
Em 2018, o Brasil foi um dos maiores beneficiados pela guerra travada entre os dois pa�ses. O Pa�s exportou 82,8 milh�es de toneladas de soja, alta de 21% ante 2017. "Os n�meros de 2018 s�o completamente fora da curva. Vendemos sem concorr�ncia e a guerra comercial foi preponderante", explica Mendes.
A Anec estima exportar 70 milh�es de toneladas neste ano, volume que pode diminuir se o acordo entre China e EUA for muito favor�vel aos americanos. Os EUA est�o com estoque alto de soja e poderiam vender para a China j� neste primeiro semestre, concorrendo com Brasil e Argentina - a safra dos pa�ses da Am�rica do Sul � no come�o do ano, enquanto a americana � no segundo semestre.
Da soja exportada pelo Brasil, 82% foram para a China, quase dez pontos porcentuais a mais que em 2017. Segundo Mendes, como a China compra quase a totalidade da produ��o brasileira, o Pa�s n�o ter� para onde destinar seus gr�os caso os orientais reduzam suas importa��es.
O produtor Valdir Edemar Fries, de Itamb� (PR), calcula que vai exportar 21% a menos neste ano. Ele ainda n�o estimou a perda em receita, mas acredita que superar� esse porcentual. "Al�m de ter produzido menos por causa da estiagem, o acordo branco (informal) entre China e EUA j� afeta a cota��o. H� dez dias a soja estava a R$ 71 a saca. Hoje (quinta-feira, 14), n�o passa de R$ 67,50". Na safra 2017/18, Fries conseguiu m�dia de R$ 72,50 por saca.
A estiagem que afetou a produ��o de soja no Paran�, segundo maior produtor brasileiro, atingiu tamb�m as lavouras de Fries. A produtividade por hectare, que havia sido de 75 sacas, em m�dia, na safra passada, caiu para 58,8. Ele conta que havia a possibilidade de compensar parte da perda com pre�os melhores, o que n�o ocorreu. "Quando fiz as vendas no mercado futuro, em novembro, vendi apenas o necess�rio para cobrir os custos, pois achava que, em raz�o da guerra comercial, os pre�os iriam subir. N�o foi uma boa aposta".
O produtor Em�lio Kenji Okamura, presidente da Cooperativa Agr�cola de Cap�o Bonito (SP), teme pelo escoamento mais lento da soja para o porto. "Nossa cooperativa tem capacidade para 600 mil sacas e os silos est�o lotados. Muitos n�o quiseram vender acreditando que a briga dos EUA com os chineses ia longe, mas Donald Trump amenizou e j� tem soja de l� sendo levada para a China."
"Quem vendeu antecipado conseguiu at� R$ 80 a saca, mas muito produtor preferiu esperar e agora o pre�o oscila entre R$ 71 e R$ 72. Ningu�m sabe como o mercado vai ficar nos pr�ximos meses, o que torna dif�cil um planejamento", diz Okamura. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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