Rede zera taxa para clientes, a��es de rivais caem e Cade pede explica��o

O Conselho Administrativo de Defesa Econ�mica (Cade) abriu processo ontem para investigar o Ita� e a credenciadora de cart�es Rede, depois de esta anunciar que vai zerar a taxa de antecipa��o do cart�o de cr�dito para lojistas que tiverem conta no banco. A isen��o da taxa, que marca mais um cap�tulo na 'guerra das maquininhas' no mercado brasileiro, derrubou o pre�o das a��es das concorrentes da Rede.

O procedimento preparat�rio de inqu�rito administrativo foi instaurado pela superintend�ncia geral do Cade, que enviou um of�cio ao Ita� pedindo explica��es sobre a medida.

Segundo o Estad�o/Broadcast, plataforma de not�cias em tempo real do Grupo Estado, apurou, a avalia��o preliminar � que a medida vai contra a jurisprud�ncia do Cade, que j� multou bancos por discriminarem clientes de outras "maquininhas". A suspeita � que haja conduta anticompetitiva, j� que o Ita�, dono da Rede, oferece condi��es melhores para clientes da sua pr�pria credenciadora. Tamb�m ser� investigado se o banco est� praticando pre�o predat�rio e subs�dio cruzado.

A Rede havia anunciado que a antecipa��o do pagamento de vendas no cr�dito � vista ser� feita em dois dias, e n�o no prazo tradicional de um m�s, sem nenhuma cobran�a de taxa adicional. Para isso, no entanto, � necess�rio ter conta no Ita� Unibanco, o que poder� ser considerado abusivo pelo Cade.

As novas condi��es valer�o a partir de 2 de maio e s�o uma ofensiva da institui��o para atrair pequenas e m�dias empresas, al�m de aut�nomos e microempreendedores, com faturamento anual de at� R$ 30 milh�es. A isen��o de taxas vale para atuais e novos clientes da Rede e contemplar� usu�rios de qualquer modelo de maquininha da empresa.

Em 2018, o Cade firmou acordo com a Cielo e suas controladoras, Bradesco e Banco do Brasil, para encerrar processo que investigava condutas anticompetitivas adotadas pelas empresas. Pelo acordo, elas pagaram um total de R$ 33,8 milh�es.

As institui��es eram investigadas justamente por discriminar lojistas que usam "maquininhas" concorrentes da Cielo. Entre as pr�ticas denunciadas estavam a n�o antecipa��o de cr�dito com base nos receb�veis para clientes de outras credenciadoras - o que, para muitos lojistas, � essencial para manuten��o de suas atividades -, a cobran�a de taxas maiores desses clientes e a venda casada de contratos da credenciadora e de servi�os dos bancos, como a abertura de contas.

Mercado

Concorrentes da Rede tiveram ontem um dia de baixa nas bolsas, diante do risco de terem suas margens pressionadas. Na B3, a Cielo viu suas a��es recuarem 7,3%, para R$ 8,25. J� os pap�is ordin�rios (com direito � voto) da Linx ca�ram 12,36%, para R$ 31,20. Na Nasdaq, a Stone caiu 23,69%. Na Bolsa de Nova York, os pap�is da PagSeguro ca�ram 9,74%.

"�, com certeza, uma not�cia negativa para Cielo e outras empresas do setor, como a Linx, porque baixa novamente a r�gua de pre�o. Ou a empresa apresenta uma condi��o melhor ou perde 'market share'. Tendo a mesma condi��o t�cnica, o diferencial � o melhor custo. Por isso, os concorrentes s�o prejudicados", disse Glauco Legat, analista da Necton.

O analista Luis Miguel Santacreu, da Austin Rating, afirmou que a medida da Rede pode ter um forte impacto na Stone, que oferece uma taxa menor na antecipa��o. "A Stone n�o tem como zerar a taxa, porque n�o tem um banco por tr�s. Perderia muita receita", disse.

Em relat�rio, o Citi apontou que a decis�o deve pesar nas receitas das adquirentes. Os analistas do Credit Suisse consideraram que a maior competi��o no mercado de adquir�ncia poderia levar a um aumento consider�vel no custo de financiamento para a Linx.

Procurada, a Rede informou estar convicta de que a "medida beneficia milh�es de clientes" e "posiciona o mercado brasileiro em um patamar mais pr�ximo das pr�ticas internacionais". As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.