At� pouco tempo, fazer uma boa foto de um objeto distante envolvia usar uma lente profissional e alguma habilidade como fot�grafo. Novos smartphones podem mudar esse cen�rio: o Huawei P30 Pro tem zoom digital de 50x - um dos mais potentes do mercado. Mais que s� uma c�mera poderosa, o aparelho traz tamb�m software que melhora a qualidade da imagem, evitando os borr�es comuns a outras fotografias de celular feitas com zoom.
Junto da inova��o, por�m, o smartphone levanta d�vidas sobre privacidade. Afinal, o mesmo zoom que aproxima o usu�rio de seu �dolo em um show pode ser usado para espionar o vizinho - como uma vers�o contempor�nea do que se passa no filme Janela Indiscreta, de Alfred Hitchcock. Na Europa, o P30 Pro est� sendo vendido por � 999 - ainda n�o foi divulgado o pre�o para o Brasil. Segundo fot�grafos consultados pelo jornal O Estado de S. Paulo, lentes teleobjetivas profissionais que permitem um zoom semelhante ao do smartphone - mas com qualidade de imagem superior - custam a partir de R$ 2,5 mil.
"A quest�o do superzoom no celular n�o foge do debate que j� existe sobre drones ou teleobjetivas. A diferen�a est� apenas no acesso a esse tipo de tecnologia, que deixaria de ser algo restrito", diz Carlos Affonso Souza, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS).
Hoje n�o existe uma lei espec�fica sobre o zoom de um celular. A prote��o que existe em casos de viola��o de privacidade com o superzoom � o direito � imagem, mesma regra aplicada quando algu�m divulga uma foto n�o desejada de outra pessoa na internet.
Bin�culo.
Aplicar uma regra parecida aos celulares seria invi�vel: n�o teria como proibir que as pessoas andem com os celulares na rua. "Proibir o superzoom de celulares seria como restringir o uso do bin�culo", afirma Dennys Antonialli, diretor do centro de pesquisa de tecnologia e direito Internet Lab. "� mais f�cil fechar a cortina para se proteger do vizinho."
Para o fot�grafo Fabr�cio Vianna, especializado em fotos de shows e casas noturnas, a evolu��o da tecnologia pode gerar situa��es complicadas. "Hoje, j� h� casos de fot�grafos que usam o zoom 'na noite' para ver um decote", conta. "Dar uma ferramenta dessa na m�o de qualquer pessoa pode ser perigoso."
Procurada pelo jornal O Estado de S. Paulo, a Huawei disse que acredita que "inova��o e tecnologia digital contribuem para as experi�ncias fotogr�ficas dos consumidores, sempre de acordo com as leis vigentes e a etiqueta de comportamento social."
H� ainda quem se preocupe com um segundo cap�tulo dessa hist�ria: o uso das c�meras para reconhecimento facial. "Se o zoom tiver mecanismo de reconhecimento facial, ele infringiria a legisla��o", afirma Antonialli, do Internet Lab. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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