A economia brasileira crescer� em torno de 1,0% neste ano, com uma probabilidade maior de ficar abaixo disso, na avalia��o do economista Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central (BC). Chamando aten��o para a lentid�o da recupera��o da economia, Pastore ressaltou que a taxa b�sica de juros (Selic, hoje em 6,5% ao ano) est� em n�vel de produzir est�mulos e at� pode ser baixada, mas apenas com "respaldo fiscal".
"Estamos vendo uma recupera��o da renda per capita a passo de c�gado manco andando de muleta", afirmou Pastore, em palestra durante semin�rio promovido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Funda��o Getulio Vargas (Ibre/FGV) e pelo jornal Valor Econ�mico, no Rio.
No quadro tra�ado por Pastore, a economia seguir� se arrastando nesse ritmo, porque n�o h� fontes de impulso para a demanda agregada. Esse impulso n�o pode vir dos gastos do governo, nem do consumo das fam�lias, nem das exporta��es e, mesmo no caso dos investimentos em infraestrutura, o impulso s� viria de 2021. "Nem os investimentos s�o uma for�a indutora da recupera��o. O melhor quadro � uma economia que vai se arrastar na recupera��o", afirmou Pastore.
Nesse quadro, o ex-presidente do BC recomendou cautela na discuss�o sobre novas rodadas de redu��o na Selic. Em primeiro lugar, Pastore mostrou quatro estimativas diferentes sobre a taxa de juro neutro da economia, todas na casa de 4,0% ao ano e destacou que a taxa de juro real ex-ante em um ano hoje est� entre 2,5% e 2,7% ao ano.
"Est� abaixo da taxa neutra, ent�o � estimulante. Mas se voc� tem uma economia que n�o reage, pode reduzir", disse Pastore.
Para o economista, uma eventual redu��o deve levar em conta dois fatores. Um � o risco externo. O outro, mais importante, � fazer redu��es num contexto em que o BC n�o tenha a argumenta��o a favor de novos cortes n�o tenha credibilidade.
"Com bom respaldo fiscal, n�o vejo problema de usar uma dose monet�ria adicional", disse Pastore, citando que o BC poderia fazer dois cortes de 0,25 ponto porcentual caso uma boa reforma da Previd�ncia seja aprovada. "Agora, se for pro outro lado, o mais prov�vel � que tenha inclina��o da curva (de juros). Se tiver, em vez de produzir est�mulo, vai gerar desest�mulo", completou o ex-presidente do BC.
ECONOMIA