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Estado de Minas ENTREVISTA/JUAN CARLOS GAONA

'Cortar investimento em sa�de sai mais caro no final', diz executivo

Para executivo colombiano Juan Carlos Gaona, pa�s � muito focado na cura de doen�as, sem se preocupar com a preven��o


postado em 27/05/2019 06:00 / atualizado em 27/05/2019 09:14

Juan Carlos Gaona(foto: Amanaje Fotografia/Divulgação)
Juan Carlos Gaona (foto: Amanaje Fotografia/Divulga��o)

S�o Paulo – O executivo colombiano Juan Carlos Gaona comanda uma das mais importantes opera��es do laborat�rio Abbott no mundo. A empresa � l�der global de cuidados para a sa�de, com mais de 103 mil funcion�rios em 160 pa�ses.

Presente no Brasil h� mais de 80 anos, a Abbott emprega aproximadamente 2.400 colaboradores no pa�s, em �reas como produ��o, pesquisa e desenvolvimento, log�stica, vendas e marketing. Em entrevista ao Estado de Minas, Gaona fala das inova��es que est�o transformando o setor, dos desafios de investir no mercado brasileiro e das perspectivas para os pr�ximos anos.

 

Que inova��es a Abbott est� trazendo para o Brasil?
Estamos trazendo muitos novos produtos em nossas diversas �reas de atua��o. Investimentos em quatro grandes frentes: o neg�cio nutricional, diagn�stico, dispositivos m�dicos e produtos farmac�uticos estabelecidos. Em todas elas, a inova��o est� presente. Na �rea farmac�utica, a grande novidade � um inalador que permite que a part�cula do medicamento inalada por uma crian�a com asma, por exemplo, seja entregue no local espec�fico do pulm�o. Os outros inaladores n�o fazem isso. Na �rea de diagn�stico, temos o lan�amento da linha Alinity, que � algo novo no portf�lio de solu��es em diagn�stico, que permite que voc� seja muito mais eficiente em exames de laborat�rio. Com ele, basicamente, � poss�vel ter um n�mero maior de testes, na metade do espa�o que antes ocuparia. Isso faz com que o laborat�rio de diagn�stico tenha muita efici�ncia.

''O Brasil est� muito focado em procedimentos que curam doen�as, sem preocupa��o coma preven��o. Quando algu�m diz que n�o investe em novas tecnologias porque s�o caras, provavelmente n�o est� fazendo a conta de longo prazo''



Na pr�tica, o que isso muda para as empresas do setor de sa�de?
Tudo isso gera uma oportunidade para que o sistema de sa�de seja cada vez melhor gerenciado e mais produtivo. Temos tamb�m novidades intensas, como o Sierra, que � um medicamento que trouxemos para o Brasil e que oferece aos pacientes cardiovasculares a chance de gerenciamento do ritmo card�aco. � uma solu��o que anteriormente n�o existia. Essa inova��o est� atrelada a outro produto, que permite o monitoramento cont�nuo da glicose. Com ele, pacientes diab�ticos conseguem saber em tempo real, pelo smartphone, seu n�vel de glicose, sem a necessidade de furos nos dedos e amostras de sangue. Tudo funciona com um sensor encostado na pele.

Se isso j� existe, por que os exames continuam seguindo o modelo convencional?
Falta conhecimento e investimento. Se o paciente n�o precisa mais furar o dedo, essa � uma grande revolu��o. A tecnologia traz mais qualidade de vida, al�m de permitir que se tenha uma vis�o muito mais completa da sua doen�a, com dados hist�ricos e estat�sticos.

O que representa no neg�cio da Abbott as vendas para o governo e para o setor privado?
� muito diferente um neg�cio do outro. N�o temos como definir esse n�mero. No diagn�stico molecular, por exemplo, temos um contrato muito grande com o SUS. Nesse caso, temos uma parceria muito importante com o governo.

''H� um deslocamento em termos da sa�de com o ritmo de crescimento da economia. A sa�de � um setor resiliente. Quando as fam�lias precisam cortar custos, a sa�de � a �ltima da lista''



A crise fiscal do governo e as dificuldades gerais da economia n�o afetaram as vendas da companhia?
O desafio � dar mais efici�ncia ao sistema como um todo. Estamos muito cientes da complexidade que tem a sustentabilidade futura do sistema de sa�de p�blica e privada no Brasil e no mundo. � ineg�vel que a conta est� ficando dif�cil de equilibrar, em raz�o principalmente da inefici�ncia do sistema. Quando um paciente est� bem diagnosticado, e ele tem um tratamento adequado, ele tem menos complica��es ao longo da vida e gera menos custos com poss�veis complica��es. Pacientes com diabetes deveriam viver uma vida absolutamente normal, simplesmente cuidando da doen�a.

O problema � a falta de diagn�stico?

O problema � quando h� um paciente que, sendo ou n�o diagnosticado, gera complica��es s�rias nos rins, nos olhos. Em alguns casos, at� mesmo perdendo um p� ou evoluindo ao �bito. A neglig�ncia  gera um custo brutal para o sistema de sa�de, e sai mais caro no final nas contas. Muitos governos j� entenderam isso, como Jap�o, Inglaterra e Estados Unidos, e est�o investindo em monitoramento cont�nuo para que o custo seja menor.

No Brasil n�o existe esse investimento?

Ainda estamos muito focados em procedimentos que curam doen�as, sem a preocupa��o com a preven��o dessas doen�as. Ent�o, quando algu�m diz que n�o investe em novas tecnologias porque elas s�o caras, provavelmente n�o est� fazendo a conta do longo prazo. Temos de criar um debate para entender melhor esse modelo, tanto para pagadores, governos, hospitais, quanto para a ind�stria. Precisamos chegar a um acordo que leve em conta a qualidade de vida, custos e preven��o de doen�as ou o agravamento delas. Quando se corta investimento em sa�de, o custo � mais alto no final.

O problema da falta de investimento na preven��o � um problema mais focado na sa�de p�blica ou isso tamb�m tem acontecido na iniciativa privada?
� um problema cultural, na verdade, mas est� mudando. Felizmente, a gente est� vendo que o comportamento, a atitude do paciente est� mudando. Faz algum tempo, claramente, que o paciente est� mais empoderado com as novas tecnologias. Hoje, um celular pode fazer os mesmos diagn�sticos que um laborat�rio fazia 10 anos atr�s. O smartphone pode monitorar a sa�de, controlar a qualidade do sono, da dieta, da rotina de exerc�cios e muitas outras coisas. Com mais informa��es nas m�os, os pacientes podem decidir o que devem ou n�o fazer para viver mais e melhor. H� quase 240 milh�es de celulares no Brasil. � mais celular do que gente. O sucesso depende de como iremos conscientizar esse paciente de que ele � a chave do jogo.

Mas o autodiagn�stico n�o � um risco para o paciente?

N�o. A gente v� s� coisas positivas nisso. � poss�vel que existam alguns setores que possam se sentir incomodado, porque o paciente, cada vez mais, vai ter mais vis�o e poder de decis�o. Mas esse movimento faz parte da mudan�a natural da nova economia. N�o vejo riscos porque, no final do dia, quanto mais educado e bem informado estiver o paciente, menos ele precisa ir ao m�dico.

Mesmo com a crise na sa�de p�blica e privada, a Abbott vai continuar investindo em pesquisa e desenvolvimento?

O or�amento n�o � fixo, depende de cada ano. Mas vamos seguir investindo, sim. No ano passado, nosso or�amento foi de US$ 2,3 bilh�es, proporcional ao faturamento de US$ 30 bilh�es. A cada ano esse valor dever� aumentar.

Qual a relev�ncia do Brasil na estrat�gia de desenvolvimento de novos produtos?

O Brasil faturou mais ou menos US$ 500 milh�es no ano passado. � uma das filiais mais relevantes para a companhia n�o s� em raz�o do faturamento, mas principalmente pelo que enxergamos como oportunidade para um pa�s que tem 202 milh�es de pessoas e ainda uma grande necessidade n�o atendida. Um exemplo dessa relev�ncia � a decis�o de termos investido, em 2015, R$ 20 milh�es na constru��o de um centro de desenvolvimento farmac�utico no Rio de Janeiro. Fizemos isso em um dos piores anos da crise econ�mica. Temos um engajamento com o Brasil a longo prazo. Estamos no pa�s h� mais de 80 anos, e vamos ficar pelo menos mais 80.

Qual sua vis�o sobre o atual momento da economia? Existe uma rela��o direta entre o desempenho econ�mico com os resultados da Abbott?
Existe. Obviamente, quando se est� inserido numa economia pujante, sentimos os benef�cios. Os segmentos crescem muito mais rapidamente. Somos otimistas em rela��o ao Brasil por conta da nossa vis�o de longo prazo. Honestamente, n�o nos preocupamos muito com quem est� hoje no poder. Agora, feita esta ressalva, h� um pequeno descolamento em termos da sa�de com o ritmo de crescimento da economia. A sa�de � um setor resiliente. Quando as fam�lias precisam cortar custos, a sa�de � a �ltima da lista.

Quanto a empresa cresceu em 2018 e qual a previs�o para 2019?

Eu n�o posso responder. Cada neg�cio tem uma din�mica diferente. O que posso dizer � que crescemos acima dos mercados com os quais concorremos e o nosso objetivo � continuar nesse ritmo em cada um dos nossos neg�cios. Temos uma ambi��o muito clara de sermos o n�mero 1 ou o n�mero 2 em cada um dos mercados em que atuamos.


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