O novo mercado de g�s natural vai ajudar a reduzir o pre�o da conta de luz - inclusive para empresas. Pelo c�lculo de D�cio Oddone, diretor-geral da Ag�ncia Nacional do Petr�leo, G�s Natural e Biocombust�veis (ANP), � poss�vel cortar � metade o custo do megawatt produzido nas usinas t�rmicas, uma das principais fontes de gera��o da matriz energ�tica brasileira. Na segunda-feira, o governo lan�ou um pacote para baratear o combust�vel. Os primeiros efeitos devem aparecer no leil�o de energia de outubro. Em entrevista exclusiva ao Estad�o/Broadcast, Oddone disse esperar que sejam oferecidos mais projetos a g�s e a um pre�o menor que o da �ltima concorr�ncia. Outra aposta � que os investimentos em gasodutos e novas usinas t�rmicas se concentrem no Sudeste, onde est� o pr�-sal e ser� extra�do grande volume de g�s, e tamb�m o principal centro consumidor de energia. Leia os principais trechos da entrevista:
Se todo g�s do pr�-sal estivesse sendo produzido, seria exportado, por falta de demanda. O que justificaria, hoje, investimentos na expans�o dos gasodutos?
� natural que haja conex�o maior entre o mercado de g�s e o sistema el�trico. A �ncora � come�ar a ter gera��o t�rmica a g�s em maior escala. Para o futuro, uma maior presen�a da gera��o t�rmica a g�s. A partir da�, poderia ter constru��o de gasodutos, desenvolvimento da oferta de g�s offshore e um mercado adicional para a ind�stria, ve�culos e com�rcio.
A energia el�trica vai ficar mais barata?
Sim. Hoje, boa parte da gera��o � com �leo combust�vel e diesel. Com o g�s, o valor � bem menor. Roraima, por exemplo, estava gerando com o diesel a mais de R$ 1 mil por megawatt. Agora, com o g�s, o pre�o caiu � metade. Essas medidas v�o se refletir em redu��o do pre�o da eletricidade.
Mas a redu��o de pre�o n�o vai acontecer agora...
N�o tem almo�o gr�tis. Ou come�amos a fazer as coisas para ter resultado daqui a um, dois, tr�s, quatro anos, ou n�o fazemos nada. O pre�o, por�m, j� vai estar refletido no leil�o de energia deste ano.
Haver� a associa��o de petroleiras com empresas do setor el�trico para a constru��o de t�rmicas a g�s?
Tenho certeza. Tem um projeto com esse modelo no Porto do A�u (no Rio de Janeiro). A Shell entrou num projeto de t�rmica em Maca�, em parceria com o fornecedor da turbina (da t�rmica). � um modelo que vamos come�ar a ver com mais frequ�ncia.
A tend�ncia � que as t�rmicas sejam instaladas pr�ximas aos campos produtores, ou seja, mais no Rio e em S�o Paulo?
Coincidentemente, no Brasil, o consumo de energia el�trica est� pr�ximo do centro de oferta de g�s. O pr�-sal est� na frente do Rio e de S�o Paulo.
Faz sentido, ent�o, que as t�rmicas sejam instaladas no Sudeste?
Sim. Como faz sentido que, no Nordeste, onde h� depend�ncia de t�rmicas a �leo combust�vel e diesel, haja substitui��o por modelos a g�s. A gente tamb�m n�o quer depender do combust�vel importado para o resto vida, tendo g�s em Sergipe e no Sudeste. Ent�o, como vamos prever nos pr�ximos leil�es de energia a substitui��o do g�s importado pelo dom�stico? S�o essas coisas que est�o sendo discutidas.
Quem vai colocar dinheiro na expans�o dos gasodutos?
A pr�xima expans�o vai ser feita pelas operadoras do gasoduto, pela Engie ou Broookfield. Quem quiser usar o duto vai ter de contratar a capacidade de transporte.
A ANP tem ideia de quanto g�s a Petrobr�s deixa de produzir atualmente?
� dif�cil fazer esta avalia��o (mas h� outras oportunidades), como no shale (g�s de xisto). Nos Estados Unidos, ele fez uma revolu��o. No Brasil, h� a estimativa de que existam 230 milh�es de p�s c�bicos de g�s (do tipo shale) de recurso.
Mas por que mexer nisso, que provoca tanta contesta��o por parte dos ambientalistas?
Isso j� foi feito 700 mil vezes nos EUA. N�o h� forma de mitigar riscos de algo que est� sendo praticado h� d�cadas? Estamos considerando os riscos, o �nico que a gente
n�o considera � a pobreza. Vamos abrir m�o desses recursos?
Como o shale ser� vendido?
No dia em que conseguirmos convencer a sociedade, ele vai ser leiloado via oferta permanente, porque n�o tem mais leil�o de �reas em terra. Temos de acabar com as barreiras.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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