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Estado de Minas ECONOMIA

Amea�a de calote de concession�ria � alerta para risco em cr�dito privado


postado em 15/07/2019 07:42

Um impasse registrado entre o cons�rcio Rodovias do Tiet�, que administra estradas no interior de S�o Paulo, e 15 mil pessoas que aplicaram recursos em d�vidas lan�adas pela companhia reacende o debate sobre o risco desse tipo de investimento - e como ele vem sendo comunicado pelo mercado aos interessados.

Na opini�o de executivos de bancos e agentes aut�nomos, o mercado tem pecado na miss�o de informar e preparar o investidor para as oscila��es e at� mesmo os riscos de calote representado pelas deb�ntures, nome que se d� aos t�tulos de d�vida emitidos pelas empresas e negociados pela Bolsa de Valores, como se fossem a��es.

Apesar de vendidas como renda fixa, ao lado de CDBs e do Tesouro Direto, as deb�ntures est�o sujeitas �s oscila��es do mercado, podem ter o prazo de vencimento alongado no caminho e at� o pr�mio acertado com o investidor modificado no decorrer do tempo, motivado por altera��es de mercado e no quadro financeiro da empresa.

No caso da Rodovias do Tiet�, que atravessa o Estado de S�o Paulo por 25 cidades, a concession�ria emitiu R$ 1,3 bilh�o em 2013 em deb�ntures incentivadas, que s�o isentas de Imposto de Renda, para financiar a expans�o prevista no edital de concess�o, assinado com o governo de S�o Paulo em 2009. Os t�tulos vencem em junho de 2028, mas, com a queda da arrecada��o nos ped�gios de 2014 a 2018, a empresa passou a operar no vermelho e, desde 2017, vem tentando renegociar a d�vida com os investidores. Na �ltima assembleia com os debenturistas, realizada h� um m�s, a Rodovias do Tiet� tentou mais uma vez, sem sucesso, reduzir de 8% para 1,5% ao ano a taxa de juros das deb�ntures, assim como prolongar o prazo de vencimento dos pap�is.

O novo insucesso fez com que a XP Investimentos enviasse uma carta aos clientes detentores de t�tulos da concession�ria na qual relata o hist�rico de dificuldades enfrentadas pelo cons�rcio e, no final, conclui dizendo que o saldo dos investidores estava de agora em diante "congelado", o equivalente a afirmar que a promessa de lucro de 8% ao ano, mais a corre��o da infla��o pelo IPCA, n�o ser�, ao menos por ora, utilizado para corrigir os valores que os investidores dever�o receber.

Os t�tulos da concession�ria foram distribu�dos pela XP, Ita�, Santander e BTG. Hoje, cerca de 65% desses 15 mil compradores est�o na XP.

"Recebi essa carta e, sinceramente, tomei uma decis�o. Vou parar de acompanhar o que acontece l� nessa empresa e dar por perdido os R$ 150 mil que investi nesses pap�is h� tr�s anos", conta o m�dico Gustavo Poletto, de Canoas (RS). Desde o ano passado ele tenta liquidar as deb�ntures no mercado secund�rio, mas n�o encontra comprador.
"Eu venderia para receber metade do que investi, uns R$ 70 mil, por exemplo. Mas ningu�m quer esses pap�is", diz Poletto. "A verdade � que eu errei, mas quem me assessorou errou tamb�m. Depois disso, passei a me informar e eu mesmo cuido dos meus investimentos", conta o m�dico, que hoje aplica em Tesouro Direto atrelado � infla��o e, nos �ltimos anos, compra a��es de empresas de constru��o, bancos e consumo na Bolsa. "N�o quero mais deb�nture", afirma.

Luz amarela

Para Rodrigo Franchini, respons�vel pela �rea de produtos da Monte Bravo, gestora com R$ 4,9 bilh�es em recursos administrados, o epis�dio da Rodovias do Tiet� acende uma luz amarela sobre o mercado. Para ele, o movimento atual de diversifica��o dos portf�lios faz com que as casas como a dele sugiram ao investidor cr�dito de empresas. Mas alguns setores s�o mais arriscados que outros. "Deb�nture � renda fixa com risco e, talvez, tenha havido uma oferta muito grande de alguns ativos. Eu n�o gosto dessa �rea de rodovias. Est� certo que em 2013 o Brasil estava em expans�o, mas alguns sinais desses ativos, como o prazo de vencimento longo e a garantia no caso de um calote, sempre foram ruins", analisa.

Para Claudio Sanches, diretor de produtos de investimento e previd�ncia do Ita� Unibanco, o caso das Rodovias do Tiet� deve ser encarado como uma li��o para o mercado. "Acho que fica a mensagem de que, de fato, cr�dito n�o � CDI. Deb�nture apresenta risco e isso � uma coisa que temos falado com os nossos clientes. Falamos que esse ativo deve compor o portf�lio de risco e nunca ser usado como caixa."

Emiss�es

No primeiro semestre de 2019, segundo dados da Associa��o Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), o total das emiss�es de deb�ntures foi de R$ 84,6 bilh�es, contra R$ 77,5 bilh�es do mesmo per�odo de 2018, o que representa aumento de 9,3%.

Hoje, 34 concession�rias de rodovias contam com emiss�es ativas no mercado, o que gera um total de R$ 25,8 bilh�es no setor, sendo 32% delas de deb�ntures incentivadas, ou seja, isentas de compra de Imposto de Renda. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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