Morreu na quinta-feira (18) o ex-ministro do Trabalho Walter Barelli. Aos 80 anos de idade, ele estava em coma havia tr�s meses, depois de bater a cabe�a numa queda, na escadaria do Instituto Tomie Ohtake, em S�o Paulo. Ele estava internado no hospital S�rio Liban�s e morreu de (fal�ncia de m�ltiplos �rg�os), ao lado da fam�lia.
Foi casado com Lourdes Barelli. Deixa os filhos Suzana, Pedro e Paulo Barelli, e cinco netos. Nascido em S�o Paulo, ele ser� enterrado no cemit�rio Geths�mani Anhanguera e o vel�rio acontecer� na tarde desta sexta-feira (19), na cripta da Catedral da S�. Ele completaria 81 anos no pr�ximo dia 25.
Ministro do governo Itamar Franco, ele tamb�m foi secret�rio de Emprego e Rela��es do Trabalho dos governos M�rio Covas e Geraldo Alckmin e deputado federal pelo PSDB. Ex-seminarista, n�o perdia as missas dominicais nem os jogos do Corinthians. Segundo familiares, Barelli vinha tendo uma vida plena, antes do acidente, participando como volunt�rio em v�rias atividades, principalmente na C�ria, na produ��o de artigos e no conv�vio com filhos e netos.
Graduado em Economia pela FEA e p�s-graduado em Sociologia do Desenvolvimento tamb�m pela USP, ele era doutor em Economia e professor da Unicamp.
Barelli come�ou sua carreira no Departamento Intersindical de Estat�stica e Estudos Socioecon�micos (Dieese), no qual trabalhou entre 1966 e 1990 e se tornou diretor-t�cnico. Em plena ditadura, o Dieese ganhou destaque pela elabora��o de �ndices econ�micos sem manipula��o feita pelo governo, � �poca. "Quando o Banco Mundial publicou algumas tabelas dizendo: 'para 1973 n�o usamos os dados oficiais, mas uma estimativa que � a mais correta (elaborada pelo Dieese)' foi a gl�ria", escreveu Barelli em seu site pessoal.
No auge do movimento sindical, os c�lculos da entidade passaram a ganhar peso e import�ncia nas negocia��es salariais. Por anos, o Estado usou o �ndice do custo de vida do Dieese. Assim, a entidade tornou-se refer�ncia e ganhou proximidade sobretudo de sindicatos e movimentos de esquerda.
Em 1979, durante o governo Jo�o Figueiredo, a pris�o de Barelli pelo Departamento de Ordem Pol�tica e Social (Dops) gerou como��o. Os ent�o deputados Almir Pazzianoto e Eduardo Suplicy e v�rios l�deres sindicais, entre eles Luiz In�cio Lula da Silva, foram ao pr�dio do Dops e � sede do Dieese, onde fizeram uma "vig�lia c�vica". Barelli acabou sendo solto, com o diretor do Dops � �poca, Romeu Tuma, dizendo que havia sido "um grande engano".
A import�ncia, o apartidarismo do Dieese e a proximidade de Barelli com movimentos sindicais de tend�ncias variadas foram alguns dos motivos que causaram estranheza quando ele aceitou o convite para o Minist�rio do Trabalho, no governo Itamar Franco e, posteriormente, filiar-se ao PSDB.
Sua indica��o para a pasta encontrou a oposi��o dos l�deres industriais, que o identificaram com as propostas � esquerda. Barelli costumava dizer que o Brasil precisava mais de um Minist�rio do Emprego do que um Minist�rio do Trabalho. Elaborou programas de gera��o de empregos, enfatizando a recupera��o econ�mica de setores empregadores de m�o de obra intensiva, como constru��o naval, agroind�stria e automobil�stico.
Deixou o governo para disputar a candidatura a vice-governador de S�o Paulo na chapa encabe�ada por M�rio Covas, mas o escolhido foi Geraldo Alckmin, ent�o presidente do PSDB de S�o Paulo. Participou da elabora��o do programa do candidato de seu partido � presid�ncia da Rep�blica, Fernando Henrique Cardoso, no tocante � gera��o de empregos, que considerava prioridade do PSDB.
Em janeiro de 1995, assumiu a Secretaria de Emprego e das Rela��es de Trabalho de S�o Paulo, compondo a equipe do governador M�rio Covas. Criou o Banco do Povo, que fornecia financiamentos para microempres�rios e o Programa Emergencial de Aux�lio-Desemprego, com o objetivo de possibilitar a recoloca��o no mercado de trabalho de cerca de 50 mil desempregados atrav�s das "frentes de trabalho".
Entre outras, publicou as seguintes obras: Pesquisa de cargos e fun��es (1974), Dez anos de pol�tica salarial (em coautoria com C�sar Concone, 1975), Distribui��o funcional dos bancos comerciais (1979), Crise econ�mica de alimenta��o do trabalhador (1984), Le c�ut social de la modernisation conservatrice (1990), O futuro do sindicalismo (1992) e O Futuro do Emprego (2002).
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