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Estado de Minas ECONOMIA

N�mero de ind�strias fechadas em S�o Paulo � o maior em uma d�cada


postado em 21/07/2019 13:00

O Estado de S�o Paulo, maior polo industrial do Pa�s, registrou o fechamento de 2.325 ind�strias de transforma��o e extrativas nos primeiros cinco meses do ano. O n�mero � o mais alto para o per�odo na �ltima d�cada e 12% maior que o do ano passado, segundo a Junta Comercial.

O dado indica que a fraca recupera��o da economia brasileira ap�s a recess�o de 2014 a 2016 continua levando ao encolhimento do setor produtivo, deixando um rastro de f�bricas desativadas e desempregados.

Entre 2014 e 2018, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro acumulou queda de 4,2%, enquanto o da ind�stria de transforma��o em todo o Pa�s caiu 14,4%. "Significa que a produ��o caiu bastante e obviamente teve impacto nas empresas, com fechamento de f�bricas e demiss�es", diz o economista Jos� Roberto Mendon�a de Barros, da MB Associados.

Em paralelo, foram abertas de janeiro a maio 4.491 ind�strias em S�o Paulo. Tradicionalmente h� mais abertura do que baixa de f�bricas, mas isso nem sempre � um indicador positivo. Para Mendon�a de Barros, independentemente dos n�meros de novas ind�strias, a queda do PIB industrial mostra que houve encolhimento da produ��o e, provavelmente, foram fechadas empresas grandes e m�dias e abertas unidades de menor porte.

O presidente do Sindicato da Ind�stria de Cal�ados de Ja�, Caetano Bianco Neto, afirma que, nos �ltimos anos, v�rias empresas consideradas de grande porte para a atividade, com 300 a 400 funcion�rios, encerraram atividades. "Quando fecha uma grande, muitas vezes surgem outras tr�s ou quatro micro e pequenas fabricantes, algumas inclusive abertas por ex-funcion�rios, mas com pouca m�o de obra", diz Bianco Neto.

O polo cal�adista de Ja�, refer�ncia nacional na produ��o de cal�ados femininos, j� empregou 12 mil trabalhadores em meados dos anos 2000. Hoje tem 5 mil funcion�rios, diz Bianco Neto. Recentemente, ele e dirigentes da ind�stria de cal�ados das vizinhas Franca e Birigui entregaram ao governador Jo�o Doria (PSDB) um plano de recupera��o do setor.

No grupo das que fecharam as portas, h� ind�strias nacionais e multinacionais. Algumas transferiram filiais para outras unidades da mesma companhia para cortar custos e outras acabaram com a produ��o, deixando um contingente de desempregados, parte deles sem receber sal�rios e indeniza��es.

A ind�stria de autope�as Indebr�s, na zona oeste de S�o Paulo, deixou de operar em abril e colocou na rua 150 funcion�rios. Com sal�rios atrasados e sem verbas rescis�rias, eles ficaram acampados em frente � f�brica por 48 dias. Ap�s acordo na Justi�a do Trabalho, a empresa prop�s fazer o pagamento em 18 parcelas mensais.

"O receio � que a empresa pague as primeiras parcelas e depois suspenda o pagamento, como j� ocorreu em acordos anteriores fechados por outras empresas", diz o diretor do Sindicato dos Metal�rgicos de S�o Paulo, �rlon Souza.

Conjuntura dif�cil

A situa��o da ind�stria paulista se repete em todo o Pa�s. Al�m do encerramento das atividades de empresas de pequeno porte, grandes grupos fecharam unidades consideradas menos produtivas e concentraram a produ��o em outras mais modernas, quase sempre sem levar a m�o de obra.

A fabricante de pneus Pirelli anunciou em maio o fechamento da unidade de Gravata� (RS) e a demiss�o dos 900 funcion�rios. A produ��o de pneus de motos ser� unificada � de pneus para carros em Campinas (SP) onde ser�o geradas 300 vagas ao longo de tr�s anos. A empresa alega necessidade de reestrutura��o "tendo em vista o cen�rio conjuntural dif�cil do Pa�s".

Entre as empresas que fecharam f�bricas este ano est�o PepsiCo/Quaker (RS), PepsiCo/Mabel (MS), Kimberly-Clark (RS), Nestl� (RS), Malwee (SC), Brit�nia (BA) e Paquet� (BA). No ABC paulista, a autope�a Dura informou em janeiro que fecharia a f�brica em maio e demitiria 250 funcion�rios. Ap�s greve e negocia��es envolvendo a prefeitura de Rio Grande da Serra e o Sindicato dos Metal�rgicos do ABC, a medida foi adiada.

Empregados 'abandonados'

Jos� Marques da Silva, 22 anos de casa; Ademir Francisco Santos, 18 anos; C�lio Flor�ncio Nogueira, 13 anos; Nelson Franco de Oliveira, 12 anos; e Jos� Maria da Silva, 4,5 anos, chegaram ao trabalho no dia 28 de janeiro, ocuparam os postos e ligaram as m�quinas, com outros 45 funcion�rios da Lustres Projeto, na zona sul de S�o Paulo. Ap�s duas horas, descobriram que os donos tinham abandonado o neg�cio, deixando equipamentos e ve�culos no local.

Passados mais de cinco meses, suas carteiras de trabalho continuam assinadas, o que os impede de sacar o FGTS, de receber sal�rio-desemprego e de conseguir outro emprego.

"Apareceu um servi�o em uma metal�rgica no bairro da Lapa, mas, quando viram a carteira, n�o quiseram contratar porque n�o foi dada baixa", afirma Santos, de 59 anos. Ele era torneiro repuxador e levantava todos os dias �s 3h40 para chegar ao trabalho �s 6h30, pois mora em Francisco Morato. Hoje, sem sal�rio, diz estar "com o nome sujo" por d�vidas com o cart�o de cr�dito.

Oliveira, de 55 anos, aguarda a libera��o do FGTS para voltar com a fam�lia para o Piau�, de onde saiu em 1985 em busca de trabalho. "Minha inten��o era ficar, mas agora S�o Paulo est� t�o ruim quanto o Piau�; a diferen�a � que l� o aluguel � mais barato", diz o ex-motorista. Casado e pai de duas meninas, de 4 e 11 anos, ele aproveitou o tempo parado para aprender um novo of�cio que vai exercer no Piau�: afia��o de alicates de unha.

� fazendo bicos, assim como a mulher, que presta servi�os de manicure em casa, que tem conseguido pagar o aluguel, de R$ 800 mensais, e comprar alimentos. Ele vendeu o Corsa 1998, mas diz que a reserva financeira est� no fim. "A gente est� amarrado aqui h� cinco meses; se demorar muito para liberar a carteira, s� Deus sabe o que acontecer�."

Segundo o Sindicato dos Metal�rgicos de S�o Paulo, a tradicional f�brica de lustres e lumin�rias, aberta h� 40 anos, foi vendida em 2017 e, desde ent�o, a situa��o s� piorou. "J� n�o depositavam o FGTS havia dois anos e os novos donos continuaram a n�o depositar", relata Silva, de 44 anos, o mais antigo funcion�rio do grupo. Subencarregado de expedi��o, ele vive com dois filhos, de 5 e 11 anos, e a mulher, que trabalha como auxiliar administrativa e banca os gastos da fam�lia.

Um grupo de 27 trabalhadores entrou na Justi�a por meio do sindicato para conseguir a baixa da carteira e pelo menos receber o FGTS e o sal�rio-desemprego. "J� tivemos duas audi�ncias e a terceira, marcada para 3 de julho, foi remarcada para 2 de setembro", diz Silva. "Fomos abandonados h� cinco meses e ainda teremos de esperar mais dois, sem ter certeza de que os ju�zes v�o nos atender."

O faxineiro Jos� Maria, de 55 anos, mora sozinho na comunidade de Heli�polis e aceita bicos como pedreiro, encanador, eletricista "ou qualquer outra coisa", mas diz que est� dif�cil conseguir servi�o. Ele tamb�m veio do Piau� h� 30 anos e sempre trabalhou na �rea de limpeza. "Essa � a situa��o mais dif�cil que j� passei na vida." Ele ajuda nos estudos do filho, de 21 anos, que quer "ver formado".

"Tenho enviado curr�culos, mas sem carteira liberada ningu�m aceita", diz Nogueira, soldador, de 57 anos. Renan de Aquino, empregado por 11 anos, conseguiu a baixa na carteira e recebe sal�rio-desemprego. O dono da Projeto n�o foi localizado.

Usina fechada abala Sud Mennucci

Anunciado em maio, o encerramento das atividades da Usina Santa Ad�lia Pioneiros, instalada h� mais de 40 anos em Sud Mennucci, interior de S�o Paulo, j� tem impacto na economia local. Produtora de a��car, etanol e bioenergia, � a �nica grande ind�stria e a maior empregadora privada da cidade de 7,7 mil habitantes. Com o fechamento previsto para o fim de 2020 ser�o extintos 140 empregos na planta industrial e parte dos 500 do canavial.

Segundo o prefeito Julio Cesar Gomes (MDB), apesar do cronograma prever a continuidade das opera��es em duas safras, a produ��o de a��car j� foi encerrada. "Eles continuam produzindo etanol e bioenergia, mas j� houve redu��o de m�o de obra." As opera��es ser�o transferidas para a usina de Pereira Barreto, a 50 km de dist�ncia. Empresas terceirizadas que atuavam no transporte de cana foram dispensadas.

Gomes prev� impacto "monstruoso" na economia local. "Vamos ter uma perda significativa nos repasses de ICMS pelo Estado, incidente sobre a produ��o direta da usina, e tamb�m no ISS que as terceirizadas e oficinas pagam ao munic�pio."

O com�rcio tamb�m ser� afetado. "Mesmo que parte dos funcion�rios seja reaproveitada em Pereira Barreto, muitos v�o passar a consumir l�. J� perdemos a oficina que fazia a manuten��o da frota", diz Gomes.

O prefeito e lideran�as da C�mara tentaram reverter o fechamento, mas n�o conseguiram. "Eles apontam a crise que afeta a economia e o setor sucroalcooleiro, mas garantiram que v�o transferir parte dos funcion�rios. Tamb�m prometeram manter trabalhadores rurais, pois o cultivo da cana ser� mantido. Tenho d�vida, pois aos menos tr�s fazendas arrendadas para o plantio foram devolvidas."

Gomes busca um plano B para evitar o colapso da economia. "Conseguimos incluir Sud Mennucci na rela��o de Munic�pios de Interesse Tur�stico do Estado e apostamos no turismo, pois estamos na beira de um Rio Tiet� totalmente limpo, com belas prainhas. Um frigor�fico que estava parado havia 15 anos est� reabrindo e deve absorver 50 empregados. Tamb�m h� investimentos na citricultura, o que implicar� mais empregos no meio rural."

A Santa Ad�lia tamb�m tem usina em Jaboticabal, onde fica sua sede. O grupo atua no setor desde 1937 e foi um dos primeiros a aderir ao Pro�lcool nos anos 70. Em nota, informa que unificar� a produ��o do polo noroeste em Pereira Barreto, "focada na melhoria da produtividade e efici�ncia operacional". Segundo a empresa, o volume de moagem na regi�o ser� mantido. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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