Ap�s o presidente Donald Trump afirmar na �ltima ter�a-feira, 30, que os Estados Unidos ir�o trabalhar em um acordo de livre-com�rcio com o Brasil, o secret�rio de Com�rcio Exterior do Minist�rio da Economia, Marcos Troyjo, disse ao �Estad�o/Broadcast� que o Brasil vai atuar para firmar um tratado mais "ambicioso e abrangente" poss�vel com o pa�s.
Ele lembrou que existem v�rias formas de acordos e parcerias comerciais poss�veis, mas frisou que o governo brasileiro buscar� um entendimento que inclua a retirada de tarifas e cria��o de cotas de importa��o com menos tributos. Para isso, o acordo teria de ser fechado via Mercosul, como foi o da Uni�o Europeia, anunciado no fim de junho.
Apesar do entusiasmo provocado pelas declara��es de Trump, que disse ainda "amar a rela��o com o Brasil", o secret�rio de Com�rcio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, que cumpre agenda no Pa�s, sinalizou que pode n�o ser t�o simples lan�ar as tratativas.
Segundo ele, h� interesse dos EUA em estabelecer um tratado comercial com o Brasil, mas h� risco de compromissos assumidos pelo Mercosul com os europeus, no bojo do acordo firmado pelo bloco com a UE, se tornarem um empecilho. Ross citou que h� diverg�ncias dos americanos com a comunidade europeia em setores como farmac�utico, qu�mico, de alimentos e autom�veis, al�m de quest�es fitossanit�rias.
"� importante que n�o haja nada nesse acordo que seja contradit�rio a um acordo de livre-com�rcio com os Estados Unidos", disse a jornalistas ap�s participar de um evento ter�a em S�o Paulo.
Para integrantes do governo e do setor privado brasileiro, h� uma janela preciosa que deveria ser aproveitada neste momento. Trump v� com bons olhos a aproxima��o e h� tanto no Brasil como na Argentina, os mais influentes pa�ses do Mercosul, desejo de que o tema avance. No in�cio do m�s, o presidente da Argentina, Mauricio Macri, falou publicamente sobre a inten��o de firmar um acordo comercial com os americanos.
O governo Trump imp�s tarifas sobre o a�o e o alum�nio ao Brasil e a outros pa�ses no ano passado, ao tentar fortalecer a ind�stria de metais dos EUA em meio � sua agenda "Am�rica Primeiro".
Parceiro. Os EUA foram o principal destino de exporta��es brasileiras de bens (US$ 28,7 bilh�es em 2018) e de servi�os (US$ 16 bilh�es em 2017), de acordo com a C�mara Americana do Com�rcio (Amcham). J� o Brasil est� entre os dez maiores destinos de exporta��es de bens dos EUA no mundo (US$ 29 bilh�es em 2018).
No final de junho, Trump e Bolsonaro se encontraram em Osaka, no Jap�o, tr�s meses ap�s visita oficial do presidente brasileiro aos EUA. Durante o encontro, Trump elogiou Bolsonaro.
A Confedera��o Nacional da Ind�stria (CNI) compartilha a vis�o de que o Brasil est� diante de uma oportunidade �nica. H� anos a institui��o apoia o lan�amento de negocia��es com os EUA, pa�s que mais importa produtos industrializados brasileiros e principal destino de multinacionais do Brasil.
"� a economia desenvolvida com que o Brasil tem mais complementaridade e integra��o. Por muito tempo o governo brasileiro n�o tinha interesse em ter rela��o mais pr�xima aos EUA, mas o setor privado tinha. A din�mica de neg�cios ent�o acabou se acelerando independentemente do governo", diz Diego Bonomo, gerente executivo de Assuntos Internacionais da CNI.
Mesmo o setor do agroneg�cio, onde Brasil e EUA competem no mercado internacional em diversos produtos, h� interesse em abrir negocia��es. Segundo Ligia Dutra, superintendente de Rela��es Internacionais da Confedera��o Nacional da Agricultura (CNA), os EUA s�o o terceiro principal mercado para o setor e h� pontos de converg�ncia. "� um parceiro importante e vamos, sim, dar aten��o especial", afirmou.
Abertura. As conversas com os EUA fazem parte dos planos de abertura da equipe econ�mica de Jair Bolsonaro h� alguns meses. Em mar�o, durante visita aos EUA, a possibilidade de abertura de negocia��es comerciais foi discutida de forma preliminar entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e Wilbur Ross. Hoje, os dois, que se conhecem h� anos e t�m bom relacionamento, ir�o se reunir e o tema voltar� a ser tratado.
Para Troyjo, negocia��es com os EUA tamb�m envolver�o temas que podem avan�ar bilateralmente, sem a necessidade de aval do Mercosul, como facilita��o de com�rcio, redu��o de barreiras n�o tarif�rias, converg�ncia regulat�ria, regras de propriedade intelectual, com�rcio eletr�nico, aceita��o de certificados de origem digitais e reconhecimento de operadores econ�micos autorizados.
"O interc�mbio comercial entre Brasil e EUA est� muito aqu�m do potencial. Um dos maiores desperd�cios de oportunidade � o n�vel comparativamente pequeno de com�rcio com EUA, por isso que uma das prioridades para o Brasil � aumentar esse interc�mbio", disse. / COLABORARAM B�RBARA NASCIMENTO E MONIQUE HEEMANN
ECONOMIA