A China revidou o ataque da semana passada do governo americano de Donald Trump com novas armas: pol�tica cambial e suspens�o de compra de produtos agr�colas dos Estados Unidos. O Banco do Povo da China (PBoC), o banco central chin�s, permitiu que a moeda perdesse valor e atingisse a barreira psicol�gica de sete yuans por d�lar, valor que n�o era registrado desde 2008.
O temor de que a escalada da guerra comercial inclua tamb�m um embate cambial desestabilizou o mercado em todo o mundo. Em Nova York, os recuos nas Bolsas ficaram entre 2% e 3%. No Brasil, o Ibovespa (principal �ndice da Bolsa) caiu 2,51% e fechou a 100 mil pontos. J� o d�lar avan�ou 1,66% e atingiu R$ 3,96 - a maior cota��o desde 30 de maio.
Na quinta-feira passada, o presidente americano, Donald Trump, anunciou a imposi��o de uma tarifa de 10% sobre US$ 300 bilh�es em produtos chineses, fazendo com que quase todas as mercadorias da China exportadas para os EUA sejam taxadas. Tanto na quinta quanto ontem, Trump criticou Pequim por desvalorizar sua moeda artificialmente para tornar os produtos chineses mais baratos, alavancando as exporta��es.
O secret�rio do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, designou a China como "manipuladora cambial" e anunciou que vai se reunir com o Fundo Monet�rio Internacional (FMI) para "eliminar a vantagem competitiva injusta criada pelas a��es mais recentes da China".
No in�cio da manh� de ter�a-feira (hor�rio da China), 6, o Minist�rio do Com�rcio chin�s afirmou em nota que as medidas de Trump "s�o uma s�ria viola��o do encontro entre os chefes de Estado da China e dos Estados Unidos" na c�pula do G-20, no fim de junho.
O banco chin�s afirmou que a taxa de c�mbio est� em "n�vel apropriado" e que n�o usar� o c�mbio como ferramenta para lidar com disputas comerciais, em meio � tens�o recente no com�rcio entre as duas pot�ncias.
Para economistas, o aumento das tens�es entre os dois pa�ses indica que as negocia��es est�o longe de ser conclu�das - ao contr�rio do que muitos pensavam - e que o freio na economia global vai ser ainda mais forte. No fim de julho, o FMI j� havia reduzido a previs�o de crescimento para este ano de 3,3% para 3,2%. No ano passado, a economia global registrou expans�o de 3,6%.
"No curto prazo, haver� uma desacelera��o da economia adicional", diz Livio Ribeiro, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV). "O que estamos vendo n�o � apenas uma guerra comercial, mas uma discuss�o geopol�tica de quem vai dominar o mundo nos pr�ximos 50 anos. Talvez estejamos em uma nova guerra fria", acrescentou.
Ribeiro destacou que ainda � cedo para saber se as medidas chinesas s�o um evento isolado ou uma mudan�a no tom das respostas que o pa�s vinha adotando, sempre mais moderadas quando comparadas com as americanas.
Impacto. Al�m de frear a economia global, a escalada da guerra traz uma preocupa��o extra para os pa�ses emergentes como o Brasil. Deve haver uma onda de avers�o ao risco, fazendo com que investidores deixem os emergentes para apostar em pa�ses tidos como mais seguros. Segundo o economista-chefe do Modalmais, �lvaro Bandeira, nesse caso, o c�mbio sofreria mais do que a Bolsa, dado que os investidores estrangeiros t�m pouca presen�a no mercado acion�rio brasileiro.
Bandeira diz ainda que o fato de o Brasil estar avan�ando na agenda de reformas n�o o protege do cen�rio internacional. "N�o d� para fugir (de uma desacelera��o global) e pensar que vamos voltar em 2008, quando todos recuaram e o Brasil, n�o."
Economista-chefe da Rio Bravo Investimentos, Evandro Buccini afirma que o Brasil poder�, novamente, ampliar as exporta��es de produtos agr�colas para a China, mas, o impacto negativo com a desacelera��o do com�rcio internacional ser� predominante.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
ECONOMIA