Brasil ter� de treinar 10,5 milh�es de trabalhadores para a ind�stria em 4 anos

O Brasil vai precisar qualificar 10,5 milh�es de trabalhadores para atividades industriais nos n�veis superior, t�cnico, curso profissional e aperfei�oamento nos pr�ximos quatro anos, segundo o Mapa do Trabalho Industrial do Servi�o Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). O universo da m�o de obra qualificada para as f�bricas at� 2023 equivale a 80% do total de desempregados no Brasil atualmente (12,8 milh�es).

O estudo do Senai, que ser� divulgado nesta segunda-feira (12), mostra ainda que a estimativa � de que o aumento de vagas para condutor de processo robotizado no per�odo ser� de 22,4%, quase tr�s vezes mais do que a expans�o m�dia de 8,5% prevista para as ocupa��es industriais. “Esse resultado reflete as mudan�as tecnol�gicas e a automa��o do processo de produ��o, que demandar� cada vez mais profissionais na �rea de implementa��o de processos robotizados”, diz o estudo.

 

“A inser��o da tecnologia na ind�stria est� ganhando velocidade e, tanto para quem est� desempregado quanto para quem est� entrando no mercado de trabalho, o aprendizado deve ser uma premissa. J� a empresa deve estar atenta � quest�o da competitividade”, afirma o gerente de Estudos e Prospectiva da Diretoria de Educa��o e Tecnologia da Confedera��o Nacional da Ind�stria (CNI), M�rcio Guerra, respons�vel pela elabora��o do Mapa do Trabalho Industrial do Senai.

 

De acordo com ele, os n�meros regionais est�o sendo finalizados, mas essa tend�ncia de maior inclus�o de fun��es de base tecnol�gica nas linhas de produ��o ocorre com mais rapidez nos estados do Sudeste e do Sul. “Pela complexidade da estrutura industrial dessas regi�es”, explica Guerra.

A institui��o ligada � CNI, que oferece cursos com conhecimentos de base industrial, estima que as �reas que mais v�o demandar forma��o profissional s�o transversais, com os profissionais trabalhando em pesquisa e desenvolvimento, controle de produ��o e desenhistas industriais, que atuam em v�rias �reas.

 

Nessa especifica��o ser� necess�rio qualificar 1,7 milh�o de trabalhadores. Nas ocupa��es tradicionais da ind�stria, metalmec�nica (1,6 milh�o), constru��o (1,3 milh�o) e log�stica e transporte (1,2 milh�o) s�o as que mais v�o demandar trabalhadores qualificados, seguidas das ind�strias de alimentos (754 mil), inform�tica (528 mil), eletroeletr�nica (405 mil) e energia e telecomunica��es (359 mil).

Oportunidades

Segundo o Senai, a demanda por qualifica��o prevista no Mapa inclui, em sua maioria, o aperfei�oamento de trabalhadores que j� est�o empregados, com apenas 22% necessitando de capacita��o para entrar mo mercado de trabalho. Ainda de acordo com a institui��o, a forma��o vale tamb�m para reposi��o em vagas j� existentes e que se tornam dispon�veis por aposentadoria e afastamentos do trabalho, entre outros motivos.

“O Mapa sinaliza as �reas para oferta de cursos por parte do Senai para quem est� entrando no mercado e para que est� no mercado e n�o correr risco de ficar desatualizado”, diz M�rcio Guerra. Hoje, o Senai conta com 580 unidades em todo o pa�s, que atendem at� 2,3 milh�es de alunos anualmente, com cursos de aperfei�oamento, t�cnico e de n�vel superior.

 

Para o diretor-geral do Senai, Rafalel Lucchesi, conhecer o mercado de trabalho, qualificar-se adequadamente e se manter atualizado por meio de cursos de aperfei�oamento s�o maneiras de aumentar as chances de conseguir e manter um emprego. “� importante tamb�m que as pessoas conhe�am as tend�ncias para, se desejarem, adequar seus projetos de vida �s necessidades do mundo do trabalho”, avalia Lucchesi, em nota distribu�da � imprensa. No n�vel t�cnico, por exemplo, a �rea de transporte e log�stica exigir� a forma��o de 495.161 profissionais, enquanto a metalmec�nica demandar� a qualifica��o de 217.703 t�cnicos.

Carreiras promissoras

O Mapa mostra ainda que a tecnologia � a base dos novos empregos que apresentam as maiores taxas de crescimento no per�odo. Segundo o estudo, al�m dos condutores de processos robotizados, ter�o crescimento na demanda por profissionais qualificados as �reas de pesquisa de engenharia e tecnologia (17,9%), de engenharia de controle e automa��o, engenharia mecatr�nica e afins (14,2%), de dire��o de servi�os de inform�tica (13,8%) e de opera��o de m�quinas de usinagem CNC (13,6%). Embora o n�mero de empregos gerados nessas atividades ainda seja baixo em rela��o ao total de vagas criadas na ind�stria, a tend�ncia � de que profiss�es com base tecnol�gica tenham crescimento acelerado.

 

“O mundo vive a 4ª revolu��o industrial e o levantamento mostra que o Brasil, mesmo diante das dificuldades, est� se inserindo aos poucos na Ind�stria 4.0”, avalia Lucchesi. Ele lembra que, para atender a essa demanda por qualifica��o o Senai est� preparado para formar profissionais nessas �reas. “Com a qualifica��o adequada, ter�o mais oportunidade de empregos”, acrescenta o diretor-geral do Senai. “O que a gente percebe no Mapa � uma exig�ncia crescente de conhecimento tecnol�gico, mas h� necessidade de habilidades que dependem do comportamental e a forma��o tem que fazer a fus�o da tecnologia com o emocional”, diz Guerra. 

Apesar de haver um batalh�o de 12,8 milh�es de desempregados no pa�s e de a ind�stria estimar a necessidade de 10,5 milh�es de trabalhadores qualificados nos pr�ximos quatro anos, o pa�s pode voltar a ter problemas com oferta de m�o de obra no futuro.

“O desafio no Brasil, quando a economia se recuperar � que vai haver uma demanda maior por trabalhadores qualificados e a� quem est� no mercado, para se manter tem que entender a necessidade de se desenvolver”, afirma o gerente de Estudos e Prospectiva da CNI, M�rcio Guerra, respons�vel pela elabora��o do Mapa do Trabalho Industrial do Senai. O estudo mapeou a necessidade de empregos e a qualifica��o necess�ria at� 2023.

 

Guerra admite que h� o risco de a ind�stria tem problemas de m�o de obra. “O Brasil, crescendo a 1,5% ou 2% num per�odo de tr�s anos vai come�ar a haver dificuldade com m�o de obra qualificada”, admite o gerente da CNI. Para ele, h� risco de a situa��o vivida no Brasil nos primeiros anos deste s�culo quando houve o que se chamou de “apag�o de m�o de obra”. Para explicar o risco, Guerra lembra que muitos dos desempregados hoje s�o oriundos da ind�stria – que cortou postos de trabalho – e, portanto, t�m alguma qualifica��o.

“Dependendo da velocidade da mudan�a, com o pa�s voltando a crescer, se esse trabalhador n�o se aperfei�oar tecnologicamente e no comportamental, de boa conviv�ncia social, h� o risco de faltar m�o de obra qualificada para as f�bricas”, admite Guerra.

 

Ele lembra que as transforma��es tecnol�gicas devem impactar os empregos na ind�stria, mas observa que v�o surgir outras atribui��es e que � para elas que os trabalhadores devem se preparar, como mostra o Mapa  do Trabalho Industrial. “O Mapa possibilita um inser��o r�pida de cursos de especializa��o, t�cnicos e superior para que o Senai consiga contribuir com a forma��o dessa m�o de obra qualificada”, afirma Guerra.

O Mapa � elaborado a partir de cen�rios com base no comportamento da economia e dos seus setores, projetando o impacto dessas premissas sobre o mercado de trabalho para estimar a demanda por forma��o profissional com base industrial. O estudo � feito a cada quatro anos e atualizado anualmente.