Briga entre s�cios da Eldorado deixa projeto de R$ 12 bilh�es na �geladeira�

Segunda maior produtora de celulose do Pa�s, atr�s da gigante Suzano (dona da Fibria), a Eldorado, que pertence � holding J&F;, da fam�lia Batista, e � Paper Excellence (do cl� indon�sio Wadjaya), est� segurando um "cheque" de cerca de R$ 12 bilh�es. O valor refere-se ao projeto de expans�o da companhia, que tem hoje capacidade para 1,7 milh�o de toneladas por ano. Esse investimento est� "sustado" em raz�o da briga entre os dois s�cios e n�o dever� sair do papel enquanto o processo de arbitragem n�o for conclu�do - a pendenga deve ir at� setembro do ano que vem.

Vendido em setembro de 2017 para o empres�rio Jackson Widjaya, da mesma fam�lia que controla a gigante asi�tica Asia Pulp and Paper (APP), o neg�cio foi fechado por R$ 15 bilh�es. Feito quatro meses ap�s as dela��es dos irm�os Batista sobre corrup��o virem � tona, a aquisi��o inclu�a d�vidas, mas n�o foi conclu�da. Desentendimentos entre comprador e vendedor levaram a negocia��o para arbitragem, que est� sob sigilo.

Ao Estado, o presidente da Eldorado, Claudio Cotrim, disse que a Paper Excellence n�o vai tocar esse projeto enquanto n�o tiver 100% das a��es da companhia. A Paper Excellence, segundo ele, n�o tem inten��o de prejudicar ou parar os investimentos da Eldorado. Mas, "a expans�o n�o vai sair at� a gente assumir".

Hoje, os Batistas t�m 50,6% e, os Widjaya, os 49,4% restantes da Eldorado. A Paper Excellence desembolsou R$ 3,8 bilh�es por 49,4% das a��es, mas o neg�cio n�o foi conclu�do porque os Batistas alegaram que os asi�ticos n�o liberaram as garantias prestadas pela holding em d�vidas da Eldorado para pagar os credores. A Paper Excellence acusa a J&F; de ter dificultado a libera��o, por conta da recupera��o dos pre�os da celulose ap�s o neg�cio ter sido fechado. "� a cr�nica do vendedor que se arrependeu de fazer o neg�cio", disse Cotrim.

Enquanto trocam acusa��es, os projetos de expans�o da gigante de celulose ficam, por ora, em compasso de espera. A ideia original da empresa era elevar a capacidade de produ��o dos atuais 1,7 milh�o para 4 milh�es de toneladas. O movimento � vital para que o grupo se mantenha competitivo nos pr�ximos anos, segundo fontes.

Para Cotrim, a Eldorado j� tem feito pesados investimentos na atual f�brica, que devem continuar. A companhia est� investindo cerca de R$ 350 milh�es em uma unidade de biomassa. "Cada dia de tonelada perdida, vou cobrar da J&F; ao final desse processo", disse ele.

Neste momento, os pre�os da celulose no mercado internacional est�o baixos diante da menor demanda da China, maior importador da mat�ria-prima. A demanda da �sia por papel tissue (usado para fazer papel higi�nico, por exemplo), cresce. J� a de papel para imprimir e escrever segue fraca.

A segunda linha de produ��o da Eldorado j� tem projeto de engenharia e licen�a ambiental, al�m da terraplenagem conclu�da. Tirar esse projeto do papel, contudo, n�o � simples: demora mais de tr�s anos para erguer a parte industrial e a empresa precisar� definir com anteced�ncia a compra de mat�rias-primas e elevar a produ��o de eucalipto.

Na semana passada, a Suzano anunciou que vai reduzir investimentos este ano, de R$ 6,4 bilh�es para R$ 5,9 bilh�es. O movimento reflete a queda dos pre�os da celulose no mercado internacional e os altos estoques da companhia. A empresa deve produzir este ano 9 milh�es de toneladas (a capacidade � de 10,9 milh�es).

Em avalia��o. Em nota, a Eldorado informou que a implanta��o de uma segunda linha de produ��o faz parte do plano original do grupo, desde 2010. "A companhia avalia constantemente as condi��es para executar esse projeto, embora a disputa societ�ria em andamento crie um momento desfavor�vel."

A J&F; Investimentos, como acionista controladora, tem tido "o m�ximo cuidado para evitar que a companhia seja afetada pelos atos hostis da acionista minorit�ria".

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.