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Estado de Minas SA�DE FINANCEIRA

Porque as academias de gin�stica est�o malhando tamb�m

Para enfrentar a crise da falta de dinheiro na economia, a redu��o da renda dos brasileiros e a concorr�ncia acelerada, o mercado fitness se desdobra para sobreviver com novas estrat�gias e mais investimentos


18/08/2019 04:00 - atualizado 20/08/2019 15:53

Apenas 4,5% dos brasileiros fazem exercícios em academias, enquanto nos Estados Unidos o percentual chega a 19% (foto: AGÊNCIA CLICK/DIVULGAÇÃO)
Apenas 4,5% dos brasileiros fazem exerc�cios em academias, enquanto nos Estados Unidos o percentual chega a 19% (foto: AG�NCIA CLICK/DIVULGA��O)

As academias de gin�stica est�o tendo que malhar para enfrentar a crise que reduziu a renda da popula��o e o aumento da concorr�ncia com a chegada de redes de baixo custo, a implanta��o de salas de muscula��o em clubes e condom�nios residenciais e a instala��o de aparelhos em pra�as p�blicas. Al�m da enorme legi�o de brasileiros que correm nas ruas. Um mercado que movimenta US$ 2,1 bilh�es em todo o pa�s, com 34,5 mil academias e 9,6 milh�es de alunos/atletas, segundo dados do IHRSA Global Report 2019, passou por uma forte transforma��o nos �ltimos anos. De 2015 para 2017, o n�mero de academias cresceu 11,3%, o de clientes aumentou 8,86%, mas o faturamento teve queda de 12,5%. A explica��o � simples: a crise levou mais pessoas a buscar pre�os menores, enquanto o surgimento das low cost (baixo custo) permitiu que mais brasileiros buscassem as academias para se exercitar.

“A crise afetou o mercado de maneira geral. O Brasil � um pa�s com um n�mero de academias relativamente alto, mas com n�mero muito baixo de praticantes por unidades”, afirma o presidente da Associa��o Brasileira das Academias (Acad Brasil), Gustavo Borges. Ele lembra em enquanto no Brasil cerca de 4,5% da popula��o se exercita em academias, nos Estados Unidos esse �ndice chega a 19%. Apesar da baixa penetra��o, dados do International Health, Racquet & Sportsclub Association (IHRSA) mostram que o Brasil � o segundo do mundo em n�mero de academias e o quarto em clientes, embora n�o esteja entre os 10 maiores em faturamento (� o 14º). Tratando-se apenas da Am�rica Latina, o Brasil ocupa a primeira posi��o no ranking em todas as categorias.

Os dados do ranking confirmam as mudan�as ocorridas nos �ltimos anos. O Brasil se manteve como o segundo maior pa�s em n�mero de academias e o quarto em clientes, mas caiu duas posi��es e est� em 13º em faturamento, superado por It�lia e Espanha no ano passado. “O mercado cresceu muito na quest�o das low cost. Ent�o, voc� v� a Smart, Biortimo, Selfit. Blufit e tal que tiveram crescimento, por�m quando voc� coloca isso no mercado de forma geral, ele tem um impacto grande, mas muitas academias fecharam”, diz Gustavo Borges, sem ter n�meros desse impacto.

Uma das que fecharam as portas foi a mineira Hugo Soares, que durante cerca de 30 anos funcionou no Bairro Funcion�rios, em Belo Horizonte. “Ref�gio” de muitos praticantes de exerc�cios f�sicos, a academia n�o resistiu � crise econ�mica e � concorr�ncia das low cost. “O grande vil�o foi o per�odo, porque assumimos no primeiro semestre de 2014 e a gente mudou o nome, mas foi um per�odo de dificuldade econ�mica e o valor do aluguel ficou muito alto”, relata J�lio C�sar Meireles das Gra�as, um dos s�cios da Hugo Soares antes do fechamento.

J�lio lembra que tamb�m no in�cio de 2014 chegaram a Belo Horizonte a Malha��o e a Smart Fit, academias de baixo custo. “Conseguimos manter aquele aluno que gostava de malhar na academia, uma academia mais simples, mas eu acho que seria poss�vel sobreviver se o custo n�o fosse t�o alto”, avalia J�lio C�sar. Segundo ele, academias como a Smart fit atraem “a galera mais independente, mesmo que a presta��o de servi�o seja um diferencial, os que treinam sozinhos e precisam s� do espa�o s�o atra�dos pelo custo menor”, destaca o ex-s�cio da Hugo Soares.

Com pre�os mais baixos e equipamentos mais modernos, as low cost invadiram o pa�s nos �ltimos 10 anos. Hoje, essa modalidade de neg�cio j� representa 13% das institui��es de gin�stica do pa�s, com Smart Fit e Bluefit sendo as maiores desse segmento. A primeira tem cerca de 550 unidades no Brasil e em v�rios pa�ses, e a segunda conta com pouco mais de 60 unidades no pa�s, incluindo duas em Belo Horizonte, nos bairros Prado e Buritis. J� a Smart tem 15 unidades na capital mineira.

Apesar da chegada das low cost, o n�mero de academias em Minas cresceu. Dados do Conselho Regional de Educa��o F�sica da 6ª Regi�o (CREF) mostram que em todo o estado as unidades de atividades f�sicas passaram de 3.179 em 2018 para 3.307 no primeiro semestre dese ano. Pelos n�meros do Conselho Federal de Educa��o F�sica, h� mais de 55 mil estabelecimentos no pa�s registrados no conselho e Minas seria o sexto maior em unidades. J� pelos n�meros da Acad Brasil, Minas � o segundo no ranking nacional, com 4.065 academias de gin�stica. A diferen�a se deve a crit�rios de registro em uma e outra entidade.

“Com o problema econ�mico do pa�s, vem aumentando a quantidade de pessoas que frequentam academias de rua ou as academias mais baratas. Abriu uma academia low cost em um shopping com equipamentos no padr�o de uma rede grande, muito boa, que no primeiro m�s tinha 2 mil alunos. As pessoas est�o se exercitando, mas buscam espa�os p�blicos ou custo menor”, afirma Bia Bicalho, do conselho de �tica do CREF em Minas.
 

A crise afetou o mercado de maneira geral. O Brasil � um pa�s com um n�mero de academias relativamente alto, mas com n�mero muito baixo de praticantes por unidades%u201D

Gustavo Borges, presidente da Associa��o Brasileira das Academias (Acad Brasil)

 
GRANDES EMPRESAS
FECHADAS

Essa realidade afetou a academia do empres�rio Rodrigo Lopes, na Savassi, em Belo Horizonte. Segundo ele, a unidade, que leva seu nome, come�ou a sentir a crise a partir de 2014, com a perda de clientes. Ele lembra que grandes empresas fecharam na regi�o a partir dessa �poca, o que impactou os neg�cios na regi�o. De uma m�dia entre 450 e 480 alunos em 2014, a Rodrigo Lopes caiu para algo entre 280 e 300 alunos hoje. “Os alunos querem o melhor benef�cio pelo menor custo, mas o mercado convive com a academia de baixo custo, que atrai mais o p�blico jovem, mas entre os de meia-idade elas n�o amea�am”, diz Rodrigo Lopes, que mant�m a academia h� 15 anos com o pai, D�cio Lopes.

Com pre�os que variam entre R$ 80 e R$ 120, a Rodrigo Lopes tem alunos em pacotes de empresas e tamb�m por interm�dio do Gympass, aplicativo que d� acesso �s academias cadastradas a partir de uma mensalidade cobrada do cliente e uma taxa paga por aulas. Hoje, o aplicativo responde por 40% a 50% dos alunos da Rodrigo Lopes, que est� oferecendo a possibilidade de aulas semanais pagas por cada dia de atividade com a assist�ncia de um profissional para acompanhar o treino. “A ideia � permitir que pessoa que saiu por motivo financeiro ou falta de tempo possa dar continuidade � sua prepara��o f�sica com essa op��o”, diz o empres�rio que adotou o novo plano com inten��o de aumentar o n�mero de alunos na academia.

Apesar da crise e das transforma��es, tanto o n�mero de academias quanto o de praticantes de atividades f�sicas continua aumentando. Para Rubens Jos� Amaral, professor de economia da UNA, o brasileiro que teve acesso �s academias no per�odo de crescimento econ�mico tenta manter a atividade f�sica. “Houve queda no pre�o dos servi�os por causa da crise e da concorr�ncia e as academias, para compensar, est�o com pacotes para a terceira idade e os mais jovens no hor�rio entre 10h e 15h, como forma de reduzir a ociosidade”, avalia Rubens Jos�. “N�o houve perda de mercado porque o mercado cresceu”, resume Bia Bicalho, do CREF.
 
Crescimento � vista


Enquanto as pequenas academias buscam reduzir a ociosidade oferecendo pre�os melhores para hor�rios com menor n�mero de alunos e planos mais acess�veis, as grandes investem para se ajustar e ampliar a fatia de mercado ou complementar a rede de atendimento na cidade. A Cia Athletica est� investindo entre R$ 4 milh�es e R$ 5 milh�es at� o fim do ano para repaginar toda sua �rea no Diamond Mall, onde est� h� 15 anos. J� a Bodytech acaba de concluir um investimento de R$ 7 milh�es para inaugurar no Ponteio Lar Shopping a sua quarta unidade na Grande BH. As duas redes, que atuam no segmento de oferta completa de servi�os com atendimento profissional para um p�blico que vai das primeiras idades at� os centen�rios, reconhecem a movimenta��o no mercado nos �ltimos anos, mas apostam no diferencial dos servi�os.

“Estamos otimizando espa�os que s�o de 15 anos atr�s e hoje a gente v� muitos espa�os f�sicos subutilizados e n�s vamos ocupar uma �rea 25% menor, o que vai dar ganho de rentabilidade porque tinha espa�os ociosos”, diz Eduardo Guarani, s�cio-diretor da Cia Athletica em BH. “O mercado vem sofrendo uma revolu��o em fun��o das low cost, que s�o as academias pequenas que cobram pouco. Para as grandes, a mudan�a � muito menor”, avalia Ana Gutierrez, s�cia-propriet�ria da Bodytech em Minas e s�cia da rede nacional, que conta com 104 unidades com as marcas Bodytech e F�rmula. Em 2018, a rede faturou R$ 485 milh�es e para este ano a previs�o � uma receita de R$ 533 milh�es.

“Nossa previs�o este ano, descontando a unidade do Ponteio, � um crescimento de 7,5% a 10%”, diz Ana Gutierrez em rela��o �s academias na Savassi, Belvedere e Nova Lima. “Vamos ter um aumento de faturamento com novos clientes, com 20% mais clientes porque utilizamos a ociosidade. N�o tem altera��o de valor e tem os mesmos servi�os”, afirma Eduardo Guarani, referindo-se � reestrutura��o que vai reduzir a �rea ocupada no shopping de 4 mil para 3 mil metros quadrados. A �rea vai atender aos cerca de 2,5 mil alunos da Cia com os mesmos servi�os oferecidos antes. “Vamos trocar todo o card da academia, com equipamentos Technogym, de fabrica��o italiana, vamos trocar a sala de spine, com metade, ou um pouco mais da metade em equipamento, vamos ter a orange zone, com tr�s modalidades e aula monitorada”, ressalta Eduardo Guarani. Com 16 unidades no pa�s, a Cia Athletica de BH � uma das maiores da rede

Com 3.400 metros quadrados e capacidade para atender 1.800 alunos, a Bodytech do Ponteio vai oferecer exerc�cios com foco no desempenho cardiovascular. Tantom a Body quanto a Cia contam com piscina e outras atividades e aulas associadas ao exerc�cio f�sico. Na Cia, os planos completos custam mais de R$ 500, enquanto na Bodytech h� op��es de R$ 135 mensais no plano anual para clientes de 12 a 25 anos que estudam em hor�rios determinados e de R$ 230 mensais no plano anual para pessoas acima de 70 anos com atendimento especial na muscula��o. O tiquete m�dio da Bodytech, segundo Ana Gutierrez, gira entre R$ 300 e R$ 500.

AMBIENTE FAMILIAR

“A sa�de � uma das �ltimas �reas que o brasileiro deixa de investir e hoje em dia a sa�de � um ponto que as pessoas n�o deixam de cuidar. Hoje, a atividade f�sica � prescri��o m�dica”, lembra Ana Gutierrez. Para ela, o setor ainda tem muito para crescer no Brasil. “N�o � crescer em cima dos 5% que praticam atividade f�sica para dividir o pouco. As academias t�m um mercado de 95% dos brasileiros para brigar por eles. A gente briga pelo pouco e n�o briga pelo muito”, afirma a empres�ria mineira. Ela conta ainda que o praticante mineiro de atividade f�sica tem uma caracter�stica muito de fam�lia.

“O sonho de toda academia � ter um ambiente familiar, aconchegante”, afirma o psicoterapeuta J�lio C�sar Sampaio, que h� cerca de 30 anos frequenta as academias de Belo Horizonte. Ele conta que como usa o espa�o para fazer os exerc�cios sem a necessidade de uma orienta��o mais espec�fica de um profissional da academia, chegou a fazer um ano na Smart Fit, rede de baixo custo. “Os equipamentos s�o �timos, mas eu n�o me adaptei com o ar-condicionado”, diz J�lio, que treinou na academia Hugo Soares at� ela fechar e hoje � cliente da academia Rodrigo Lopes. “L� todo mundo sorri para voc�, voc� cumprimenta todo mundo. E n�o � o caso da Smart”, diz J�lio Sampaio. 
 
Brasil sedent�rio

O Brasil � l�der mundial do sedentarismo, com 47% da popula��o sem praticar atividades f�sicas suficientes para se manter saud�vel, segundo a Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS). A entidade diz que uma pessoal adulta precisa de 150 minutos de exerc�cio por semana para n�o ser sedent�ria. No mundo, o sedentarismo atinge um quarto dos adultos, ou cerca de 1,4 bilh�o de pessoas. Hoje, no Brasil, apenas cerca de 5% da popula��o se exercitam. “O Brasil sempre foi um pa�s muito sedent�rio. Ent�o, a cultura de atividade f�sica � muito ruim, a gente n�o tem isso dentro das escolas como uma disciplina s�ria, a gente n�o tem isso sendo propagado nas fam�lias numa cultura de casa, de investir mais em exerc�cio do que em rem�dio”, observa Gustavo Borges, ex-atleta, medalhista ol�mpico e presidente da Associa��o das Academias do Brasil (Acad Brasil).

 
 
 


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