Apesar dos esfor�os para tentar reativar o mercado imobili�rio no Pa�s, a atividade da constru��o permanece em recess�o. J� s�o 20 trimestres consecutivos de perdas, que devem ser sucedidos por nova queda no segundo trimestre deste ano, segundo c�lculos do Instituto Brasileiro de Economia da Funda��o Get�lio Vargas (Ibre/FGV) obtidos pelo Estad�o/Broadcast.
A expectativa � que a constru��o tenha encolhido 1,8% no segundo trimestre em rela��o ao mesmo per�odo do ano anterior, de acordo com dados desagregados do Monitor do PIB (Produto Interno Bruto) da FGV. O resultado oficial das Contas Nacionais ser� divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) na pr�xima quinta-feira, 5.
Considerando as nove recess�es registradas pelo Pa�s, esta � a primeira vez que a constru��o encolhe j� no per�odo de expans�o da economia (p�s-recess�o).
"Como a constru��o � uma atividade que emprega muita gente tamb�m, isso acaba tendo reflexo no mercado de trabalho", observou a economista Juliana Trece, pesquisadora do Ibre/FGV.
Desde o primeiro trimestre de 2014, a constru��o j� encolheu 31%, retornando ao patamar de dez anos atr�s. No atual per�odo de expans�o da economia - iniciado no primeiro trimestre de 2017 at� o primeiro trimestre de 2019 -, a atividade de constru��o acumulou uma perda de 6,7%. O setor, que corresponde a praticamente metade dos investimentos na economia, teria de avan�ar 46,7% para retornar ao n�vel pr�-crise.
Para o coordenador do Monitor do PIB-FGV, Claudio Considera, o esfor�o recente feito pela equipe econ�mica do governo para aumentar as transa��es imobili�rias - via cr�dito ao consumidor com taxas de juros mais baixas e corre��o do saldo devedor pela infla��o oficial, o IPCA - n�o deve ter a efic�cia esperada para alavancar o setor de constru��o.
"Acho pouco prov�vel, porque com a taxa de desemprego muito elevada e com o endividamento crescendo, as fam�lias n�o v�o se endividar no longo prazo. Ainda mais do jeito que est�o fazendo, baixando juros, mas com risco de assumir o peso de uma infla��o mais adiante", avaliou Considera. A retomada de obras federais que est�o paralisadas � o caminho mais r�pido para tirar a economia brasileira da paralisia em que se encontra, defendeu Considera.
"Isso (o gasto p�blico com obras) n�o bate no prim�rio, n�o bate na regra de ouro, porque investimento n�o conta. Bate no teto de gastos. Fure o teto de gastos! Fa�a o que tem de fazer, porque h� uma urg�ncia de cuidar de 13 milh�es de desempregados, quatro milh�es de desalentados, mais quatro milh�es de subempregados", opinou Claudio Considera.
Segundo o coordenador do Monitor do PIB, a elevada capacidade ociosa em diversos segmentos da economia - como ind�stria, com�rcio e servi�os - deve inibir um salto significativo nos investimentos em m�quinas e equipamentos, restando a constru��o como via alternativa para fazer a atividade econ�mica voltar a girar.
Obras paradas. O Brasil tem 14.403 obras paralisadas ou inacabadas, financiadas com recursos federais, segundo levantamento feito pelo Tribunal de Contas da Uni�o (TCU) em 2018 e levado a plen�rio em maio deste ano. "Mais de um ter�o das obras que deveriam estar em andamento pelo Pa�s, cerca de 37%, n�o tiveram avan�o ou apresentaram baix�ssima execu��o nos �ltimos tr�s meses analisados em cada caso. Juntas, elas alcan�am um investimento previsto de R$ 144 bilh�es, dos quais R$ 10 bilh�es j� foram aplicados", apontou o TCU na s�ntese da auditoria operacional sobre obras paralisadas.
Para o TCU, as consequ�ncias da paralisa��o das obras v�o muito al�m dos recursos desperdi�ados e s�o "extremamente nocivas" para o Pa�s.
"Entre outros efeitos negativos, podem ser citados os servi�os que deixam de ser prestados � popula��o, os preju�zos ao crescimento econ�mico do Pa�s e os empregos que n�o s�o gerados. S�o mais de R$ 132 bilh�es que deixaram de ser injetados na economia. Apenas no tocante aos recursos destinados �s creches do Programa Proinf�ncia, 75 mil vagas deixaram de ser criadas e oferecidas � popula��o", diagnosticou o TCU, na s�ntese da auditoria.
Potencial de recupera��o. O Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea) calcula que os investimentos em constru��o civil tenham crescido 0,6% no segundo trimestre de 2019 em rela��o ao primeiro trimestre do ano, ainda bastante aqu�m do necess�rio para que volte ao patamar pr�-crise. O potencial para alavancar o setor deve vir do segmento de infraestrutura, corroborou Leonardo Melo de Carvalho, t�cnico de planejamento e pesquisa da diretoria de Estudos e Pol�ticas Macroecon�micas do Ipea.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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