Com a decis�o do Comit� de Pol�tica Monet�ria Nacional (Copom) da semana passada, a taxa de juros Selic caiu 61,40% em um espa�o de 24 meses - saindo de 14,25% para os atuais 5,50% ao ano. O novo patamar muda a vida do investidor, que tem visto seu dinheiro render menos na renda fixa, e em tese deixa mais f�cil a vida do tomador de empr�stimo, que conta com linhas mais acess�veis no mercado. Ser�?
Em teoria, sim, os gr�ficos apontam que est� mais barato pegar dinheiro emprestado. Na pr�tica, pouca gente percebe essa nova realidade. Isso porque o cr�dito no Brasil caiu de um patamar que os economistas classificam de "extremamente alto" para "muito alto". Das linhas de financiamento pessoal, s� a de aquisi��o da casa pr�pria e, em menor escala, a de compra de autom�veis novos seguem o ritmo de queda da taxa Selic.
Desconsiderando essa duas modalidades de financiamento - o imobili�rio e automotivo - o cr�dito para pessoa f�sica ficou 25,18% mais barato no Brasil desde o in�cio do atual ciclo de corte da Selic, iniciado em setembro de 2017, segundo a Associa��o Nacional dos Executivos de Finan�as (Anefac). Miguel de Oliveira, que dirige a entidade, diz que � natural que os bancos operem bem acima da Selic para o consumidor. Segundo ele, o cr�dito imobili�rio cai mais r�pido porque o tomador d� o im�vel como garantia - "se n�o pagou, o banco toma". Nos demais, outras vari�veis importam at� mais que a taxa b�sica de juros.
De forma geral, diz, as pessoas superestimam a Selic na forma��o dos pre�os no mercado financeiro. "A Selic � importante, mas � s� um fator que impacta na hora de definir o pre�o do cr�dito", aponta. "� como se eu fosse comprar uma camiseta. Eu pago pelo tecido, pela costureira, pelo transporte. No cr�dito, al�m da Selic, tem o risco de inadimpl�ncia, tem o dep�sito compuls�rio do banco, tem muitas outras coisas."
Para a economista e professora do Insper, Juliana Inhasz, falta tamb�m concorr�ncia no mercado. "A gente n�o est� vendo essa redu��o da Selic chegar para o consumidor final. Mas o mercado � muito concentrado", afirma. O Banco Central aponta que os cinco principais bancos do Pa�s (Ita�, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa) respondem por 85% do volume de cr�dito.
Os especialistas n�o esperam grandes mudan�as nesse cen�rio, mesmo que a Selic volte a cair daqui a um m�s e meio, e o mercado j� fala em 5% ao ano no fim de 2019. Segundo eles, uma queda mais acentuada nas modalidades de cr�dito pessoal depende da retomada econ�mica. "Aumento do PIB e melhora do emprego s�o os fatores que afetam o cr�dito", afirma o superintende executivo de neg�cios imobili�rios do Banco Santander.
Por falar em im�veis, o cr�dito para habita��o saiu de uma taxa de quase 11% ao ano em setembro de 2017 para 8,4% agora, de acordo com a m�dia dos contratos dos cinco principais bancos capturada pela fintech Melhor Taxa. Antes da reuni�o do Copom da semana passada, a diferen�a entre essa taxa m�dia dos financiamentos e a Selic era de 2,4 pontos porcentuais, considerada a menor da hist�ria. Agora, � de 2,9 pontos porcentuais.
Rafael Sasso, da Melhor Taxa, j� v� nisso press�o para um novo corte por parte dos bancos. "Provavelmente vai ter mais queda de taxa r�pido", diz ele, que espera um movimento nos pr�ximos dois ou tr�s meses. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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