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Estado de Minas ECONOMIA

'Renda fixa permanece o porto seguro'


postado em 28/10/2019 07:26

Ao renovar seu patamar m�ximo hist�rico por tr�s vezes, a Bolsa retomou o protagonismo dos investimentos na semana passada, que tamb�m ficou marcada pela aprova��o final da reforma da Previd�ncia - um dos motivos do otimismo dos gestores. Mas, para o presidente do bra�o de investimentos do BNP Paribas, Luiz Sorge, o momento ainda � de cautela. Apesar de dizer que o Brasil est� no caminho de um "c�rculo virtuoso na economia", o executivo do banco enxerga riscos internos e externos no horizonte da renda vari�vel e, por isso, evita proje��es de curto prazo. "O investidor estrangeiro est� em compasso de espera", diz ele, que tem R$ 60 bilh�es sob gest�o. Como outra prova de modera��o, destaca a prud�ncia dos fundos de pens�o, que ainda n�o viraram a chave da renda fixa. "Os institucionais est�o com 10% a 20% na Bolsa", destaca. "A renda fixa continuar� sendo o porto seguro do investidor."

A seguir, os principais trechos da entrevista.

O Ibovespa renovou n�veis recordes. A aprova��o da reforma da Previd�ncia abriu alguma porta nova para os investidores?

Sem d�vida, e a tend�ncia � de alta. Mas temos a� dois vetores: o do investidor local e o do global. No ano, a gente teve R$ 31 bilh�es de sa�das no mercado secund�rio e R$ 26 bilh�es de entradas nos lan�amentos, dois IPOs (sigla em ingl�s para oferta inicial de a��es), o que d� um d�ficit l�quido de R$ 5 bilh�es. Isso significa que o investidor global est� em compasso de espera. Sim, h� uma redu��o na avers�o a risco por parte do investidor local. Mas n�o d� para pensar que, somente com a anima��o do investidor local, a gente v� puxar de maneira mais consistente a Bolsa.

E como atrair esse investidor estrangeiro?

O Brasil precisa mostrar crescimento sustent�vel com controle de gastos (p�blicos). Al�m das reformas da Previd�ncia e trabalhista, tem de ter um complemento com reformas micro, que j� se iniciaram, com a Lei de Liberdade Econ�mica. Mas mesmo essa lei depende de regulamenta��es para ser implementada. Estava conversando sobre o Brasil com o pessoal das ag�ncias de risco. Para rebaixar ou promover a nota de um pa�s, eles olham se o crescimento � sustent�vel, se a tend�ncia de gastos do pa�s versus o Produto Interno Bruto (PIB) est� favor�vel. Isso tudo faz entrar em um c�rculo virtuoso e gera confian�a nos investidores. O Brasil est� tomando medidas para criar esse c�rculo virtuoso, mas ainda n�o come�ou a rodar, seja por in�rcia do crescimento, seja pela falta de confian�a, seja por aspectos t�cnicos efetivos. S� o fato de dizer que o Brasil vai economizar R$ 800 bilh�es com a reforma da Previd�ncia n�o significa que vai mesmo economizar ou que o Pa�s entrou em uma tend�ncia de queda da rela��o d�vida/PIB.

Quando voltaremos a ver mais fluxo externo na Bolsa?

Infelizmente, o investidor deve voltar com a mesma velocidade do crescimento do Brasil, com uma in�rcia ainda pesada e olhando no detalhe o que est� acontecendo no Pa�s. Espero uma volta para o m�dio prazo. Uma consist�ncia maior em dois a tr�s anos, mas com algum fluxo em 2020. H� dez anos, os fundos internacionais de pa�ses emergentes alocavam 16% do capital no Brasil. Hoje essa aloca��o � de 8%. China era 15%, hoje � 27%. O Brasil tamb�m foi ultrapassados pela Coreia do Sul, que hoje recebe 9% dos fundos, e por Taiwan, que tem 10%.

Nesta quarta, o Copom vai definir a taxa b�sica de juros, a Selic. O mercado espera um corte de 0,5 ponto porcentual. Qual a chance de o BC surpreender o mercado?

Chance sempre tem, mas n�o acredito. Todos os indicadores sugerem essa queda dos juros. O n�vel de atividade econ�mica est� baixo, a infla��o est� baixa, tudo demanda ainda queda de juros, em linha com o que est� acontecendo no mundo. H� espa�o para queda e nossa vis�o � que (a Selic) chegue, at� o fim do ano, a 4,5%.

Uma Selic a 5% ao ano coloca a caderneta de poupan�a e boa parte dos investimentos de renda fixa no zero a zero, quando descontada a infla��o. O que vai acontecer com a renda fixa?

A renda fixa continuar� sendo o porto seguro do investidor, mas talvez com a vis�o sofisticada, quer seja na poupan�a ou nos fundos, de um local para os recursos de curto prazo. Para o investidor ter uma rentabilidade destacada, vai ter de pensar em fundos de investimentos e outros elementos em um prazo um pouco mais alargado. Quanto mais novo o investidor e quanto mais de longo prazo for o seu objetivo, maior � o risco que ele vai ter de tomar.

E como ganhar mais na renda fixa?

Na renda fixa, h� formas de gerar algum pr�mio para o investidor com juros base baixos. As duas mais conhecidas s�o alongar a carteira (comprar t�tulos de longo prazo) e ficar mais suscet�vel a uma oscila��o maior do valor dos t�tulos. Outra � alocar em fundos que investem em cr�dito corporativo, como as deb�ntures de empresas, ou as letras, emitidas pelos bancos. Mas � preciso que o investidor saiba no que est� investindo, porque cr�dito tem risco de a empresa n�o pagar e tem marca��o a mercado, o que pode fazer com que o investimento tenha, em um dia ou em um m�s, um retorno negativo.

O sr. espera uma forte migra��o da renda fixa, que hoje � 86,5% dos investimentos locais, para a vari�vel?

Isso vai depender do investidor institucional. Hoje, os fundos de pens�o est�o alocados em 10% a 20% em renda vari�vel. No mundo, essa m�dia � de 40% a 50% em aplica��o em a��es. Mas vamos supor que eles cheguem entre 30% e 40%, um aumento de 20 pontos porcentuais. Da� a gente est� falando em um fluxo de R$ 200 bilh�es s� de fundos de pens�o. Ou seja, acho que temos dois atores no mercado de a��es que ainda n�o atuaram, o institucional e o internacional.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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