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Estado de Minas PARCERIA EM XEQUE

Volta do peronismo preocupa empres�rios brasileiros

Vit�ria da esquerda na Argentina pode afetar negocia��es com o Brasil e prejudicar a consolida��o do livre-com�rcio. Setores de autom�veis, cal�ados, t�xteis e alum�nio mostram apreens�o


postado em 29/10/2019 06:00 / atualizado em 29/10/2019 08:11

Milton Rego, presidente executivo da Associação Brasileira do Alumínio (Abal)(foto: Daniela Toviansky/Divulgação)
Milton Rego, presidente executivo da Associa��o Brasileira do Alum�nio (Abal) (foto: Daniela Toviansky/Divulga��o)


De janeiro a setembro, o pa�s vizinho respondeu por 12% das vendas brasileiras de alum�nio ao exterior
 
 
S�o Paulo – Assim que a contagem das urnas na Argentina cravou, na noite do domingo, 27, a vit�ria dos peronistas Alberto Fern�ndez e Cristina Kirchner sobre o atual presidente, Mauricio Macri, empres�rios e entidades de diversos setores da economia brasileira come�aram a refazer suas contas.

“No setor automobil�stico, o que j� era ruim pode ficar ainda pior”, afirma o executivo de uma montadora francesa, com f�bricas no Brasil e na Argentina, que pediu para n�o ter o nome revelado. “O que ser� do Mercosul ainda n�o sabemos, mas se a dupla eleita na Argentina for coerente com o discurso de campanha, e o presidente Jair Bolsonaro reagir � altura das cr�ticas, a certeza � que o cen�rio pode piorar.”

A perspectiva de deteriora��o das rela��es comerciais com o pa�s vizinho � endossada pela associa��o dos fabricantes de autom�veis, a Anfavea. Embora ainda n�o tenha um c�lculo fechado, a entidade est� revendo para baixo os n�meros de exporta��o.

Os embarques para a Argentina, de janeiro a setembro deste ano, foram de 175,5 mil unidades, uma queda de mais de 50% contra as 363 mil unidades do mesmo intervalo de 2018. Com isso, a participa��o da Argentina nas exporta��es brasileiras de autom�veis despencou de 73% para 52%.

O presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes, preferiu n�o fazer nenhum coment�rio sobre o resultado das urnas, mas informou que um posicionamento deve ser apresentado durante a divulga��o mensal de resultados, na pr�xima semana.

O clima de tens�o gerado pela elei��o na Argentina se justifica. A moeda local, o peso, nunca valeu t�o pouco, as taxas de juros est�o acima de 60% e a infla��o anual passa de 54%. Conhecida por fazer um governo populista e protecionista, Cristina Kirchner promoveu, durante 2007 e 2015, pol�ticas de restri��o � importa��o de produtos brasileiros e estabeleceu tarifas adicionais para diversos setores. O risco, agora, � a volta das sobretaxas, n�o apenas no setor de ve�culos e pe�as, mas tamb�m nas atividades essenciais para os dois pa�ses, como o agroneg�cio.

“Embora por um per�odo intermedi�rio os impostos tenham sido elevados na gest�o de Maur�cio Macri em virtude de problemas or�ament�rios, depois eles foram reduzidos consideravelmente”, diz Michaela K�hl, analista de commodities agr�colas do banco alem�o Commerzbank. A Argentina � o maior exportador de farelo e �leo de soja, al�m de um dos maiores exportadores de milho e trigo. “Muitos agricultores est�o temerosos com o fato de o novo governo poder intervir em uma extens�o muito maior na produ��o e declararam que, se isso acontecer, ir�o reter investimentos”, completa a analista.
 
 
José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB)(foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press %u2013 5/2/2019)
Jos� Augusto de Castro, presidente da Associa��o de Com�rcio Exterior do Brasil (AEB) (foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press %u2013 5/2/2019)

A Argentina � o terceiro principal destino das exporta��es brasileiras, depois da China e dos Estados Unidos
 
 
Farpas 

A tens�o imediata do setor produtivo brasileiro se explica pela recente troca de farpas entre Fern�ndez e Bolsonaro. No dia da vit�ria, o presidente eleito da Argentina fez o sinal de “Lula Livre” com os dedos. J� o l�der brasileiro disse que a escolha do eleitor argentino foi um erro e que o gesto com as m�os foi uma afronta � democracia brasileira.

“Se o Brasil deixar o Mercosul, o acordo comercial com a Uni�o Europeia pode fracassar”, diz Lucas Dezordi, economista-chefe da Trivella M3 Investimentos. “Fora do bloco, o Brasil perderia a oportunidade de capitalizar com a parceria.”

Outros setores, historicamente dependentes da corrente comercial com a Argentina, tamb�m receberam com apreens�o o resultado das elei��es no pa�s vizinho. Para o presidente da Associa��o Brasileira da Ind�stria T�xtil e de Confec��o (Abit), Fernando Pimentel, “o momento � de observar, acompanhar e trabalhar para que a rela��o entre Brasil e Argentina cres�a e se desenvolva”. A Argentina � o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, ficando atr�s penas de China e Estados Unidos. O pa�s � o principal destino das vendas internas da ind�stria t�xtil e de confec��o.
 
No setor de alum�nio, a ordem � esperar para entender melhor os planos do novo presidente argentino. “Ainda � cedo para qualquer an�lise sobre o impacto da elei��o de Alberto Fern�ndez para os neg�cios do setor. A torcida � para que o novo governo promova o crescimento sustent�vel do pa�s. Ser� bom para todos: para a Argentina, para o Brasil e para o nosso alum�nio”, diz Milton Rego, presidente executivo da Associa��o Brasileira do Alum�nio (Abal).

A Argentina � um dos principais parceiros da balan�a comercial do alum�nio. De janeiro a setembro, o pa�s vizinho respondeu por 12% das exporta��es brasileiras de alum�nio.Para a Associa��o Brasileira das Ind�strias de Cal�ados (Abical�ados), o vi�s mais protecionista do que o do liberal Maur�cio Macri traz novamente o fantasma de barreiras aos cal�ados brasileiros exportados para a Argentina.

“� natural que exista o receio. Durante boa parte do governo de Cristina Kirchner, hoje vice-presidente na chapa eleita, tivemos problemas com a libera��o de licen�as, com preju�zos que chegaram a mais de US$ 200 milh�es”, afirma o presidente-executivo da entidade, Haroldo Ferreira.
 
 Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit)(foto: divulgação)
Fernando Pimentel, presidente da Associa��o Brasileira da Ind�stria T�xtil e de Confec��o (Abit) (foto: divulga��o)
 
 

A Argentina � o principal mercado das vendas internas da ind�stria t�xtil e de confec��o

 
Apesar da crise na Argentina, o pa�s segue sendo o segundo principal destino internacional do cal�ado brasileiro, atr�s apenas dos Estados Unidos. Entre janeiro e setembro deste ano, foram exportados para l� 7 milh�es de pares, que geraram US$ 77,14 milh�es, quedas tanto em volume (de 25,5%) quanto em receita (de 33%) na rela��o com igual per�odo de 2018.

Haroldo Ferreira, presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados)(foto: divulgação)
Haroldo Ferreira, presidente executivo da Associa��o Brasileira das Ind�strias de Cal�ados (Abical�ados) (foto: divulga��o)


Ideologia 

O p�ndulo ideol�gico esquerda-direita-esquerda � o que mais tem gerado tens�o na rela��o entre as duas maiores economias da Am�rica do Sul, segundo o presidente da Associa��o de Com�rcio Exterior do Brasil (AEB), Jos� Augusto de Castro.

“Quest�es ideol�gicas n�o deveriam interferir nos neg�cios entre os dois pa�ses. Se o Brasil criar dificuldades, pode perder um comprador ainda importante. N�o podemos abrir m�o da Argentina porque a China pode ficar muito feliz com qualquer preju�zo na rela��o”, afirmou ele.


Segundo Castro, a Argentina deve ainda adotar barreiras � importa��o brasileira e o setor automobil�stico deve ser o mais afetado. A rela��o entre os dois pa�ses, de acordo com ele, � importante para favorecer neg�cios entre o Mercosul e a Uni�o Europeia, por exemplo. “O melhor � deixar a poeira assentar e n�o fazermos coment�rios contra a Argentina”, afirmou Augusto de Castro.
 



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