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Estado de Minas ECONOMIA

A revolu��o da energia que vem do sol


postado em 03/11/2019 09:39

Desde fevereiro, 4 mil pain�is solares instalados numa fazenda em Vassouras, no interior do Rio de Janeiro, geram energia para quatro lojas da Renner, na capital fluminense. O projeto, erguido a 120 quil�metros do local de consumo, tem reduzido em 13% a conta de luz das unidades e ajudado a varejista a alcan�ar a meta de chegar a 75% da energia consumida vinda de fontes renov�veis.

At� o fim do ano, duas novas usinas v�o abastecer as lojas do Distrito Federal e Rio Grande do Sul.

A iniciativa da Renner faz parte de um movimento de populariza��o da energia solar no Brasil, que alcan�a igrejas, redes de varejo, shopping center e at� hidrel�trica. De 2016 para c�, o n�mero de sistemas de energia solar saltou de 8,7 mil para 111 mil no Pa�s, um avan�o de 1.181%.

A pot�ncia instalada cresceu ainda mais, de 91,84 megawatts (MW) para 1,34 mil MW - salto de 1.359%. Essa capacidade equivale a quase uma Hidrel�trica de Porto Primavera, que demorou 19 anos para ficar pronta.

O apelo dos pain�is solares come�ou com as mudan�as nas regras do setor de energia, em 2012, que deram um pouco mais de liberdade ao consumidor para escolher de onde vem a sua eletricidade. Al�m disso, as regras permitiram ao microgerador jogar a energia n�o consumida no sistema el�trico e obter um cr�dito para abater na conta de luz.

Com o forte crescimento das tarifas de energia el�trica nos �ltimos anos - de 2013 para c�, a tarifa residencial subiu quase 90%, mais que o dobro da infla��o no per�odo -, os clientes residenciais foram os primeiros a descobrir as vantagens da microgera��o ou minigera��o de energia - no jarg�o do setor, a gera��o distribu�da.

Mas, nos �ltimos tr�s anos, foram as empresas (com�rcio, ind�stria e servi�os) que deram impulso a esse segmento. Hoje, elas s�o respons�veis por mais da metade da capacidade instalada de "miniusinas" solares no Pa�s, apesar de representar apenas 20% do n�mero de sistemas, segundo dados da Associa��o Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).

Do total de 3,6 mil MW de energia solar gerados no Brasil, 62% v�m de grandes parques, que vendem energia para o mercado livre e para o mercado cativo, das distribuidoras - como � o caso do Complexo Guaimb�, da AES Tiet�, de 150 MW. O restante vem da gera��o distribu�da. "Conforme a energia solar foi se tornando mais competitiva, com diferentes modelos de neg�cios, os setores de com�rcio e de servi�os passaram a investir mais", diz o presidente da Associa��o Brasileira de Energia Solar (Absolar), Rodrigo Sauaia.

Desde 2015, al�m de instalar pain�is no telhado de seus estabelecimentos, as empresas tamb�m podem gerar energia em um local e consumir em outro, como fez a Renner. A rede de varejo firmou parceria com uma empresa que construiu a fazenda solar a 120 km das lojas localizadas em Ipanema, Copacabana, Largo do Machado e no Shopping Madureira, no Rio.

"Com essa usina, conseguimos chegar a 38% do nosso consumo atendido com energia renov�vel (solar, e�lica, biomassa e PCH)", diz a diretora de Opera��es da Lojas Renner, Fabiana Taccola. Segundo ela, nas novas usinas que v�o abastecer as lojas do Distrito Federal e Rio Grande do Sul, a economia deve ficar entre 18% e 20%.

O investimento da Renner s� foi poss�vel porque, nos �ltimos anos, os equipamentos ficaram mais baratos. Segundo dados da Ag�ncia Nacional de Energia El�trica (Aneel), entre 2014 e 2019, houve queda de 43% no pre�o m�dio dos pain�is solares, o que provocou um recuo no tempo de retorno do capital aplicado, de 7 anos, em 2015, para 4,5 anos, agora.

Para as empresas, no entanto, a quest�o n�o � apenas financeira. Al�m da redu��o na conta de luz, o apelo sustent�vel traz retornos importantes para a marca - e ajuda at� na hora de conseguir um empr�stimo. "O investimento ser� recuperado pelo desconto que temos no custo em rela��o � tarifa tradicional, mas tamb�m pela atra��o de pessoas que se identificam com nossa ideologia", diz o vice-presidente do grupo de shopping centers Multiplan, Vander Giordano.

Em parceria com a empresa de energia portuguesa EDP, o grupo investiu em uma �rea equivalente a 24 campos de futebol para gerar energia para o Shopping Village Mall, no Rio. A fazenda solar fica em Itacarambi (MG), a mais de mil km de dist�ncia do shopping, tem 25.440 pain�is e reduziu em 20% o gasto da empresa com energia. No ano, isso significa uma economia de R$ 5 milh�es.

Hoje para instalar um sistema de cerca de 300 kWp (quilowatt-pico, quanto o painel gera quando o sol est� mais forte), uma empresa vai gastar cerca de R$ 1,1 milh�o, segundo o Portal Solar - site que inclui a cadeia de gera��o solar. Mas, em grandes companhias, esse valor � proporcionalmente maior.

Na Usina Capim Branco, de 5 MWp, constru�da pela CPFL Solu��es para atender � Algar Telecom, o investimento foi de R$ 21,7 milh�es. A unidade representa 18% do seu consumo total, com economia de 10% na conta. No grupo, as primeiras iniciativas com energia solar come�aram em 2013, com a instala��o de 28 pain�is na sede em Uberl�ndia (MG).

De l� para c�, a companhia n�o s� investiu na usina como tamb�m comprou uma startup de energia fotovoltaica. "Temos planos de aumentar a participa��o da energia solar na empresa. A tem�tica da sustentabilidade � muito importante", diz o diretor da Algar Telecom, Luis Lima.

Rev�s

A onda de investimentos, no entanto, pode sofrer um retrocesso, avalia a Absolar. Isso porque a Ag�ncia Nacional de Energia El�trica (Aneel) decidiu rever as regras de microgera��o solar. Em meados do m�s passado, a ag�ncia colocou em consulta p�blica uma proposta pela qual o dono de um sistema fotovoltaico passaria a pagar encargos e custo da rede de distribui��o, o que n�o ocorre hoje.

Para a Absolar, a proposta poder� reduzir em mais de 60% a economia de quem investe em gera��o. O diretor-geral da Aneel, Andr� Pepitone, discorda. Para ele, as medidas tentam equilibrar a expans�o de forma a n�o onerar os demais consumidores da rede.

Fonte vai abastecer escrit�rio de Furnas

A estatal Furnas, uma das maiores geradoras hidrel�tricas do Pa�s, est� construindo tr�s unidades fotovoltaicas na �rea da Hidrel�trica Anta (RJ/MG). Com capacidade de 3 MW, as unidades v�o abastecer 40% do consumo do escrit�rio central da empresa.


Residencial responde por mais de dois ter�os das instala��es no Pa�s

Respons�veis por 75% dos sistemas instalados no Brasil, os consumidores residenciais ganharam independ�ncia com a energia solar. Al�m do apelo ambiental, muitos investiram na fonte de energia como uma forma de reduzir a escalada da conta de luz, que nos �ltimos anos n�o deu tr�gua para o consumidor brasileiro.
Hoje, para instalar um sistema solar numa resid�ncia m�dia, com quatro pessoas, o consumidor vai gastar cerca de R$ 20 mil.

Ainda n�o � um custo que esteja ao alcance da maioria dos brasileiros, mas os progn�sticos para o futuro s�o positivos uma vez que a tecnologia tem barateado os equipamentos. Na verdade, j� houve uma redu��o dos pre�os, mas anulada em parte pela alta do d�lar.

Para o aposentado Abel Tavares, a instala��o de um sistema solar em sua casa sempre fez parte de um sonho. Na primeira oportunidade que teve, n�o titubeou e contratou uma empresa para fazer sua "miniusina" solar. Comprou 12 placas e as instalou no telhado de casa, no Planalto Paulista, em S�o Paulo. Investiu R$ 30 mil e h� um ano consegue gerar um ter�o do que consome.

Mas ele tem planos de comprar mais 18 placas e aumentar essa gera��o. "Minha ideia � zerar a conta." O investimento, no entanto, vai depender das mudan�as que a Aneel pretende fazer nas regras para microgera��o de energia solar. "Se for incluir todos os encargos, pode ser que o retorno do investimento demore muito e o projeto fique invi�vel", diz Tavares.

O m�dico Lu�s Salvoni corre para ter a homologa��o de sua conex�o antes das mudan�as regulat�rias. O sistema de gera��o solar foi um dos requisitos na constru��o de sua nova casa em Santana de Parna�ba, a 41 quil�metros de S�o Paulo. Os 15 pain�is instalados no telhado da resid�ncia dever�o abastecer quase 100% do consumo da casa, quando a distribuidora fizer a conex�o do sistema.

A op��o pela energia solar teve motivos financeiros e ambientais. "� uma energia mais limpa, mas tamb�m evita as varia��es das bandeiras tarif�rias, que encarecem a conta." O investimento total do sistema foi de R$ 40 mil, que deve se pagar em cerca de cinco anos; a expectativa � que as placas produzam 600 kW por m�s. Em toda a resid�ncia, priorizou a aparelhagem el�trica - do forno ao aquecimento do chuveiro.

Potencial

Para o presidente da Absolar, Rodrigo Sauaia, o apelo da sustentabilidade, aliado � redu��o da conta de luz, tem potencial para turbinar a capacidade instalada no Brasil em pouco tempo. Hoje, o Pa�s est� distante dos maiores geradores solares do mundo. Mas, em 2018, ficou pr�ximo dos dez maiores investidores em solar, com 1,2 mil MW instalado - a Holanda, 10.� maior investidor em 2018, instalou 1,3 mil MW. O maior produtor � a China, com 176,1 mil MW - mais que toda a pot�ncia instalada no Pa�s, em todas as fontes de energia.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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