A proposta do governo federal de extinguir munic�pios com menos de 5 mil habitantes com grande depend�ncia dos repasses federais n�o agradou os moradores de Quadra, cidade de 3.587 habitantes, no sudoeste paulista. "Seria um retrocesso, � como voltar ao s�culo passado", disse o comerciante Elias Dias Carvalho, de 60 anos, dono do Bar do Eli Baiano, na pra�a central da cidade. Vereador pelo PSB, ele disse que a C�mara deve se posicionar contra a proposta na pr�xima sess�o legislativa - s�o duas por m�s, sempre � noite. Moradores discutiam o assunto, nesta quarta-feira, 6, nos bares e "churrasquinhos" da Pra�a Chico Vieira.
O estudante Tiago Soares, de 22 anos, acha que a cidade ser� rebaixada e ficar� dependente de outro munic�pio, "Ser� vergonhoso para Quadra, � como um rebaixamento para a segunda divis�o." Seu colega, Gustavo Guto, de 21 anos, defende a medida. "Acaba com a farra dos cargos pol�ticos. Se a outra cidade der conta, n�o vejo mal."
Os agricultores Jos� Milton Barbosa, de 57 anos, e Isac Pereira Ramos, de 70 anos, tamb�m t�m opini�es conflitantes. Eles discutiam a proposta nesta quarta-feira em um banco da pra�a. "Precisa voltar a distrito, sim, para reduzir as mordomias e o gasto de dinheiro p�blico", defendeu Barbosa. "Est� bom como est�. Quando Quadra era distrito de Tatu�, isso aqui era um lugar esquecido. Veja como est� hoje, uma cidade com bons postos de sa�de, asfalto nas ruas. Antes, era s� terra vermelha."
A prefeitura, maior empregadora da cidade, com mais de 300 funcion�rios, usa esse argumento para defender a perman�ncia de Quadra como munic�pio. "Quadra se emancipou em 1993 e, nesses 23 anos, a mudan�a � ineg�vel. A popula��o quase dobrou e nosso or�amento, do ano passado para este, cresceu 5%, chegando a R$ 20 milh�es", afirmou o secret�rio de Planejamento e Gest�o, Alexandre Luiz Soares.
Ele reconhece que o munic�pio, agr�cola e sem ind�strias, depende dos repasses estaduais e federais, e tamb�m dos empregos gerados pelos servi�os p�blicos. Na quarta-feira, o prefeito Luiz Carlos Pereira (PSDB) tinha viajado para Bras�lia, na tentativa de conseguir recursos para a cidade.
"Nossa receita pr�pria, com IPTU, ISS e taxas, mal atinge 10% do or�amento. Metade de tudo o que arrecadamos vem do Fundo de Participa��o dos Munic�pios (FPM). Outra parcela significativa � a cota do ICMS", explicou o gestor. Ele explica que isso acontece porque a base da economia � rural.
Os moradores locais continuam dependendo de Tatu�, cidade mais pr�xima, onde ficam o f�rum, o cart�rio de registro de im�veis e as faculdades. Os estudantes de Quadra s�o obrigados a viajar para fazer curso superior. A cidade tem apenas uma ag�ncia banc�ria. Soares reconhece que o habitante de Quadra depende de Tatu� at� para nascer. "Temos unidades de sa�de, mas n�o temos hospital com maternidade. H� muito tempo n�o nasce ningu�m aqui."
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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