O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou na quarta-feira, 13, que o Brasil conversa com a China sobre a possibilidade de estabelecer uma �rea de livre-com�rcio entre os dois pa�ses. Este tipo de acordo costuma prever uma fase de transi��o at� o fim de todas as barreiras tarif�rias na venda de produtos.
O jornal O Estado de S.Paulo/Broadcast apurou que as negocia��es est�o em est�gio inicial e que, formalmente, ainda n�o incluem a ideia de uma �rea de livre-com�rcio. Al�m disso, pelas regras do Mercosul, pa�ses membros do bloco n�o podem firmar individualmente acordos bilaterais que envolvam elimina��o de tarifas.
Neste sentido, uma eventual negocia��o teria de acontecer entre a China e o Mercosul. � o que faz hoje o bloco em conversas com Coreia do Sul, Canad�, L�bano e Singapura.
Segundo fontes, neste momento o objetivo � aumentar os itens na pauta de exporta��o para a China, hoje concentrada em tr�s produtos: soja triturada (34%), �leos brutos de petr�leo (24%) e min�rio de ferro (21%).
"Estamos conversando com a China sobre a possibilidade de considerarmos uma 'free trade area' (�rea de livre com�rcio). Estamos buscando um alto n�vel de integra��o. � uma decis�o. Queremos nos integrar �s cadeias globais. Perdemos tempo demais, temos pressa", afirmou o ministro, em semin�rio do banco do Brics, em Bras�lia. A capital federal recebe desde quarta-feira o encontro de c�pula do grupo, que re�ne l�deres de Brasil, China, �ndia, R�ssia e �frica do Sul.
Durante evento distinto do que teve Guedes como participante, o presidente Jair Bolsonaro ressaltou o desejo de uma maior aproxima��o com a China, mas n�o fez men��o a um acordo de livre-com�rcio entre os dois pa�ses. "A China � nosso primeiro parceiro comercial e, juntamente com toda minha equipe, bem como com empresariado brasileiro, queremos mais que ampliar, queremos diversificar nossas rela��es comerciais", disse Bolsonaro.
J� o presidente chin�s, Xi Jinping, disse que a China est� disposta a trabalhar com o Brasil "em p� de igualdade" para interc�mbio em diferentes �reas. Os dois pa�ses fecharam na quarta-feira acordos bilaterais em transporte, sa�de, seguran�a, comunica��es e agroneg�cio. O �ltimo possibilita a venda de mel�o brasileiro para a China em troca da importa��o de pera chinesa.
Balan�a
A China � hoje o maior parceiro comercial do Pa�s. De janeiro a outubro deste ano, o Brasil exportou US$ 21,5 bilh�es a mais do que importou da China. Os chineses respondem por 27,8% das exporta��es e por 20% das importa��es. Sem entrar em detalhes, Guedes afirmou que o objetivo do Brasil � ampliar as trocas comerciais com o pa�s asi�tico, ainda que isso signifique uma redu��o do super�vit comercial do Brasil com o parceiro. "N�o me incomodo se nossa balan�a (comercial) com a China se equilibrar l� na frente."
Presidente da Associa��o de Com�rcio Exterior do Brasil (AEB), Jos� Augusto de Castro afirmou que o an�ncio � positivo, mas ressaltou que, diferentemente do Brasil, a China possui baixos custos de produ��o e alta efici�ncia. Assim, uma eventual abertura afetaria principalmente o setor de manufatura brasileiro, que seria tomado por produtos chineses. "A ind�stria brasileira n�o est� preparada para nenhuma abertura de mercado hoje", disse ele.
Segundo fontes do governo, as conversas entre autoridades dos dois pa�ses incluem a forma��o de joint-ventures com empresas chinesas para manufaturar os produtos no Brasil, aumentando o valor agregado.
O Brasil tem uma demanda antiga para que os chineses abram o mercado interno a produtos agr�colas processados e semiprocessados, de maior valor agregado, como a soja, que poderiam ampliar os ganhos nas exporta��es.
Guedes n�o descartou acordos com outros pa�ses ou blocos comerciais. "Se pudermos passar para a �rea de livre-com�rcio com outras �reas do mundo, tamb�m queremos", afirmou o ministro da Economia. "Queremos nos integrar. Vamos fazer 40 anos em quatro."
No fim de julho, o Brasil iniciou oficialmente as negocia��es para o fechamento de um acordo comercial com os Estados Unidos, ap�s o Mercosul ter fechado, semanas antes, um acordo de livre-com�rcio com a Uni�o Europeia.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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