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Estado de Minas Tr�s d�cadas de hist�ria e renda

Feira Nacional de Artesanato completa 30 anos e tem edi��o especial em BH

Evento alcan�a marco da receita superior a R$ 1,2 bilh�o. Valor � maior que o PIB de Itaobim, cidade de mestres nessa arte


01/12/2019 08:20 - atualizado 01/12/2019 08:35

Grupo de artesãos de flores de Piedade dos Gerais, coordenado por Luciani Amorim, vende toda a produção do ano por meio da feira(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press -27/11/14)
Grupo de artes�os de flores de Piedade dos Gerais, coordenado por Luciani Amorim, vende toda a produ��o do ano por meio da feira (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press -27/11/14)

Porta de entrada da arte popular de Minas Gerais e de outros estados no varejo brasileiro e no exterior, a tradicional Feira Nacional de Artesanato (FNA) completa 30 anos nesta semana, com marco que ultrapassa R$ 1,2 bilh�o em vendas diretas feitas pelos artes�os. A cifra ganha express�o quando comparada ao modesto valor de toda a produ��o de bens e servi�os, medida pelo PIB, de duas pequenas cidades mineiras, embora reconhecidas pela forma��o de mestres na atividade. Itaobim e Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, est�o entre os munic�pios pobres do estado, com PIBs de R$ 260,3 milh�es e R$ 712 milh�es, respectivamente, apurados em 2016, �ltimo dado disponibilizado pela Funda��o Jo�o Pinheiro, de Belo Horizonte.
 
Itaobim se tornou refer�ncia no artesanato em barro da regi�o do Jequitinhonha, que, no ano passado, foi eleito patrim�nio imaterial de Minas, registro de saberes, of�cio e express�es art�sticas. Dossi� conduzido pelo Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico (Iepha-MG) cadastrou, � �poca, 122 pessoas dedicadas � arte em 12 munic�pios do vale, inclu�das as cidades de Turmalina, Minas Novas, Ponto dos Volantes, Cara�, Itinga e Ara�ua�.
 
Em tr�s d�cadas, a FNA retrata a evolu��o do artesanato, hist�rias de dedica��o e luta desses artistas carentes de incentivo. Considerada a maior exposi��o da Am�rica Latina em representatividade dos participantes no setor ao qual pertencem, a feira deixou a condi��o inicial de uma singela mostra de 200 expositores com 60 estandes no antigo Minascentro, em 1989. Era um per�odo conturbado da economia brasileira e v�spera do pol�mico Plano Collor de Mello, lan�ado no ano seguinte para tentar debelar a infla��o.
 
Agora, a FNA repete, desta ter�a-feira a domingo, a estrutura grandiosa montada desde 2004 no centro de conven��es Expominas, com a participa��o de 5,2 mil artes�os de 24 estados e 1,2 mil estandes, de acordo com o Instituto Centro Cape, respons�vel pelo evento, e bra�o do M�os de Minas, maior central de cooperativas de artes�os de Minas. Esses artistas populares tamb�m n�o poderiam ser os mesmos do in�cio dos anos 90: a predomin�ncia das mulheres permanece – elas s�o cerca de 75% do universo da atividade no pa�s –, mas hoje o perfil dos artes�os � diferente. Mais da metade est�o na maturidade, acima de 50 anos, e se formou no ensino superior, segundo pesquisa contratada pelo Instituto Centro Cape.

Vitrine

Protagonistas do hist�rico dos �ltimos 20 anos da feira, as artes�s e artes�os de flores em tecido de chit�o, malha e retalhos de Piedade dos Gerais, distante 100 quil�metros de BH, n�o teriam seu trabalho conhecido e demandado sem a oportunidade de divulgar as pe�as mi�das e delicadas durante esse tempo. Coordenadora do grupo, batizado de Gente Nossa, Luciani Ribeiro de Amorim conta que as flores artesanais s�o vendidas, hoje, tanto em Minas quanto no Rio de Janeiro, S�o Paulo e at� em Pernambuco e Rio Grande do Norte.
 
“Tudo o que vendemos durante o ano � consequ�ncia das encomendas feitas durante a feira. Quando levamos as nossas flores pela primeira vez para a exposi��o e conferimos as vendas realizadas foi uma grande satisfa��o”, afirma. Os recursos do grupo s�o t�o escassos que n�o permitem a participa��o em outras feiras al�m da FNA.
 
S�o 18 mulheres e dois homens, parte deles da mesma fam�lia, que v�o trazer � capital mineira, nesta semana, ao redor de 10 mil flores de 15 modelos. A atividade garante renda complementar e emprego para adulto e jovens de Piedade dos Gerais, que se re�nem toda semana no s�tio em que vive Luciani Amorim. Para a edi��o deste ano da FNA, o grupo obteve assist�ncia financeira da prefeitura local, que vai pagar o transporte dos produtos at� a capital mineira.
 
Outro veterano das edi��es da FNA, que participou da feira por 15 anos, Elvis Pereira Gomes concorda que feiras em locais p�blicos s�o instrumentos praticamente �nicos de venda direta dos artes�os. “Julga-se ainda no Brasil que o artes�o � um artista menor. Nas feiras, ele n�o s� torna seu produto conhecido como � valorizado. E a Feira Nacional de Artesanato cumpre esse papel”, afirma.
O artes�o de BH tornou-se reconhecido pela produ��o de esculturas e mosaicos retratando pontos tur�sticos da capital, a exemplo da Igreja S�o Francisco, a chamada Igrejinha da Pampulha, e o Mineir�o. Foi participando de uma feira, em S�o Paulo, que Elvis conquistou o  carro-chefe das vendas do trabalho dele, contrato firmado com a congrega��o respons�vel pelo Santu�rio Nossa Senhora Aparecida. Elvis abastece a loja de lembran�as mantida pela catedral com orat�rios, mosaicos, e pe�as decoradas pela pomba que representa o Divino Esp�rito Santo.
 

SERVI�O

• 30ª Feira Nacional de Artesanato
• Data: de ter�a-feira a domingo
l• Local: centro de conven��es 
Expominas
• Ingressos: R$ 15, com devolu��o de R$ 5 na forma de vale-compra 
nos estandes
• Menores de 12 anos e maiores de 60 n�o pagam

Of�cio de profissionais

Profissionalismo, evolu��o dos processos de produ��o, e acesso a mercados de consumo, apesar da ainda modesta fatia das exporta��es do artesanato brasileiro, podem ser considerados os maiores avan�os que a Feira Nacional de Artesanato (FNA) retratou e ajudou a impulsionar em 30 anos. A avalia��o � de T�nia Machado, presidente do Instituto Centro Cape, que v� grande dificuldade hoje para os artes�os comercializarem os seus produtos, diante da falta de est�mulo � atividade e do custo alto da log�stica no Brasil.
 
“Os artes�os se profissionalizaram demais, entendendo que n�o s�o um projeto social e t�m de ficar firmes no mercado consumidor”, afirma. Exportar tem sido uma batalha. Com o fim do apoio da Ag�ncia Brasileira de Promo��o das Exporta��es e Investimentos (Apex), as vendas externas do artesanato feito no pa�s enco- lheram. De janeiro a novembro deste ano, a Central M�os de Minas embarcou o equivalente a R$ 236,8 mil, ao passo que essa opera��o j� havia alcan�ado a casa do milh�o de reais.
 
Em Minas, cerca de meio milh�o de pessoas trabalham nesse of�cio. Estima-se que a atividade movimente R$ 6 bilh�es por ano no estado. No Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), h�  8,5 milh�es de pessoas trabalhando na arte popular. Mais de um ter�o dos artes�os trabalha sozinho, mas a capilaridade do of�cio tamb�m � grande. H� estimativas de que cada artes�o demande a colabora��o de outras cinco pessoas.
 
A presidente do Instituto Centro Cape destaca que a edi��o deste ano da FNA vai homenagear e divulgar 30 cidades onde a atividade representa fonte de sustenta��o de emprego e renda, das quais 14 est�o localizadas no Norte de Minas e no Vale do Jequitinhonha. Durante os seis dias da exposi��o, s�o esperados 140 mil visitantes. O p�blico ter� � disposi��o desde utilit�rios e objetos de decora��o de variados pre�os a pe�as de cole��o avaliadas em R$ 20 mil. O c�lculo da receita proporcionada em 30 anos de edi��o da feira foi feito com base no hist�rico da movimenta��o financeira dos �ltimos 12 anos, com atualiza��o monet�ria pello Banco Central. (MV)



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