O agravamento da crise econ�mica em 2014, ap�s um per�odo de abund�ncia de renda e cr�dito, criou um enorme contingente de brasileiros inadimplentes, sem condi��es de voltar ao mercado. Hoje, quase um ter�o dos consumidores (30%) com restri��o ao cr�dito tem mais de uma d�vida em atraso, sendo que 56% dos empr�stimos foram feitos h� mais de sete anos, segundo pesquisa da empresa de recupera��o de cr�dito Recovery.
O levantamento analisou dados de 25 milh�es de pessoas que fazem parte da carteira administrada pela companhia, l�der na cobran�a de d�vidas em atraso no Pa�s. De acordo com a pesquisa, a d�vida m�dia � de R$ 3.116 e a maioria dos endividados est� localizada no Nordeste e no Sudeste e tem idade entre 25 e 45 anos.
Ao todo, o Brasil tem 60 milh�es de inadimplentes. Boa parte deles surgiu na esteira do aumento do desemprego nos �ltimos anos, que chegou a deixar 14 milh�es de pessoas sem trabalho. Com a renda em queda, os �ndices de inadimpl�ncia dispararam e ainda n�o retornaram aos n�veis pr�-crise.
Segundo dados do Banco Central, a taxa de inadimpl�ncia em empr�stimo para pessoa f�sica (exceto cr�dito consignado) est� em 7,5% - meio ponto porcentual acima do verificado em janeiro. No cheque especial, que hoje tem os maiores juros do Pa�s (e que passar�o a ser limitados em 2020), a inadimpl�ncia � de 16,1% - bem maior que os 14,2% do in�cio do ano.
Retomada
Na avalia��o do professor de Finan�as do Insper, Ricardo Rocha, a mudan�a desse quadro s� vai ocorrer com o aquecimento da economia e maior n�vel de contrata��o por parte das empresas. "Um crescimento de 2% ou 2,5% j� daria um al�vio; hoje qualquer impulso na renda teria efeito positivo." Para o professor, quem consegue se recolocar no mercado de trabalho volta a pagar suas d�vidas.
A chefe da �rea de Cobran�a da Recovery, Marcela Gaiato, concorda. Ela afirma que, apesar da lenta retomada econ�mica - que reduziu o n�vel de desemprego de 12,7%, em 2017, para 11,8% -, tem percebido uma iniciativa maior por parte dos consumidores para regularizar suas contas.
Parte desse movimento se deve �s compras de fim de ano e ao recebimento do 13.� sal�rio. A maioria quer ter mais espa�o para adquirir novos cr�ditos e consumir.
Descontos
Esse movimento tamb�m foi verificado no Feir�o Serasa Limpa Nome. Em apenas duas semanas, a empresa j� havia alcan�ado mais de 1 milh�o de negocia��es. A expectativa era dobrar esse n�mero at� o domingo. Os acertos inclu�ram descontos de at� 98% no valor da d�vida.
A confeiteira Bernadete do Carmo Fran�a, de 46 anos, por exemplo, conseguiu fechar um acordo com desconto de quase 90% de uma d�vida de R$ 12 mil. "Acabei pagando o justo, que � o valor da d�vida sem os juros", disse ela, que parcelou o montante renegociado.
A d�vida de Bernadete come�ou a se formar h� mais de uma d�cada, quando conseguiu um cart�o de cr�dito. Em determinado momento, come�ou a pagar o valor m�nimo da fatura. "E, de repente, tinha virado uma bola de neve", diz a confeiteira, que tentou renegociar o d�bito outras vezes, mas n�o conseguiu por causa dos valores elevados. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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