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Estado de Minas ECONOMIA

Mulher competente tem que ganhar mais e n�o menos, diz empres�ria Chieko Aoki


postado em 08/12/2019 09:45

Fundadora da rede de hot�is Blue Tree e uma das principais empres�rias do Pa�s, Chieko Aoki alcan�ou cargos executivos quando mulheres em posi��es de comando eram raridade absoluta no meio corporativo brasileiro. Foi presidente do Caesar Park e da Westin Hotels. Trabalhou nos Estados Unidos, no Jap�o e na Europa. Estudou administra��o hoteleira na Cornell University.

Aos 71 anos, pode dizer que vivenciou o que agora aconselha a jovens que querem ter sucesso na carreira. "Toda mulher, n�o importa o cargo que ocupe, tem de gostar do que faz, investir em si mesma e buscar se diferenciar", diz Chieko. "Depois da grande felicidade de superar um desafio, haver� outro desafio para enfrentar."

Integrante do grupo Mulheres do Brasil, que re�ne mais de 35 mil integrantes, a executiva defende a import�ncia de pol�ticas p�blicas e empresariais para reduzir a desigualdade que ainda existe entre os g�neros no Pa�s. Tantos de oportunidades quanto de sal�rio. Em todos os setores e as atividades, seja na hotelaria ou nos conselhos das grandes companhias. "Se a mulher � competente, tem de ganhar mais, n�o menos."

Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista:

Como era a presen�a feminina na hotelaria quando a senhora come�ou a atuar no setor?

Ainda n�o havia muitas mulheres e elas geralmente se concentravam na �rea de governan�a. Uma hist�ria ilustra bem a situa��o. Eu era vice-presidente da rede Caesar Park quando a empresa decidiu comprar a Westin Hotels, em 1988. Nessa outra rede n�o havia executivas. E eu perguntei: "Voc�s n�o t�m nenhuma gerente-geral?". Depois disso, eles se sentiram na obriga��o de escolher uma executiva. Foi o primeiro pontap� para que tiv�ssemos mulheres no topo, na lideran�a. A mulher realmente tem as caracter�sticas de que precisamos na hotelaria e na posi��o de gerente-geral.

Qual � a dificuldade de estar em um ambiente profissional prioritariamente masculino?

Olhe para mim: japonesa, pequenininha, magrinha� Comecei como diretora de Marketing do Caesar e, depois, assumi a presid�ncia. Quando eu ia aos eventos do setor, s� encontrava homens. Mas nunca me senti exclu�da. O que eu sentia mais era a minha pr�pria defici�ncia. Eu queria aprender mais e os homens me ajudaram muito a crescer.

Percebe mudan�a no mercado de hotelaria ao longo desse tempo? Quando as mulheres come�aram a chegar ao topo?

Eu j� havia chegado � presid�ncia quando as mulheres passaram a entrar em mais quantidade. Muitas fizeram escola de turismo e hotelaria. Tudo � um processo: as mulheres procuram as escolas, se formam e assumem cargos melhores. Levou um tempo, naturalmente. Primeiro, entraram em �reas como marketing, vendas, governan�a, eventos ou recep��o. Mas, aos poucos, foram atingindo o n�vel gerencial. Hoje, na minha empresa, temos um n�mero equilibrado de homens e de mulheres como gerentes-gerais.

Sendo uma das pioneiras, como v� o crescimento da participa��o das mulheres no ambiente executivo?

A sociedade est� exigindo mais mulheres em posi��o de lideran�a. E n�o apenas no meu setor. Cada vez mais, o mercado � de coworking, colaborativo, transparente. Tudo isso tem muito a ver com a forma de a mulher pensar. � o momento de as mulheres acreditarem nessas caracter�sticas, que s�o muito importantes nesse novo mundo, onde as coisas s�o t�o r�pidas que, se voc� n�o compartilha e d� autonomia, fica muito para tr�s. Acredito que vamos ter mais mulheres em cargos de lideran�a. Assim como imagino que v�rios homens v�o passar ter a forma de pensar mais parecida com a das mulheres, que geralmente s�o mais ligadas no cuidar, no compartilhar e em ter uma lideran�a mais livre, aberta e aut�noma.

E como aumentar o n�mero de mulheres nesses cargos de lideran�a?

Fa�o parte de um grupo criado pela Luiza Helena Trajano, da Magazine Luiza, o Mulheres do Brasil. J� somos mais de 35 mil integrantes. Muitas s�o executivas, mas outras, n�o. Todas as mulheres contam, todas fazem parte. Auxiliamos umas �s outras, de acordo com o que cada uma busca. Uma quer ser executiva? A gente ajuda a promover. Comparando com o Jap�o, por exemplo, o Brasil � o para�so. No Jap�o, � muito dif�cil para as mulheres assumirem cargos de dire��o, mas mesmo l� as coisas est�o come�ando a mudar. T�quio, a cidade mais representativa do Jap�o, tem uma governadora (Yuriko Koike).

Como o Mulheres do Brasil trabalha na pr�tica?

Temos n�cleos e comit�s, que est�o buscando assegurar uma cota de 30% para mulheres nos cargos de conselho das empresas, onde a presen�a feminina ainda � pequena. Esse empurr�o � muito importante. Tamb�m trabalhamos com as meninas, as jovens, para que elas consigam se projetar at� os cargos de lideran�a. Tamb�m � importante definir regras para que as mulheres possam trabalhar de forma mais livre. Uma gr�vida pode precisar ficar em casa e a m�e recente tem necessidade de cuidar do beb�. As pol�ticas das empresas e do governo precisam acompanhar essas necessidades.

De onde devem partir as iniciativas para que essa transforma��o aconte�a? Das empresas ou do governo?

Tudo conta. Quando come�amos algo, n�o existe f�rmula. � preciso experimentar. Pol�ticas p�blicas s�o importantes? Sim, porque criam uma regra muito mais ampla. As empresas contam? Claro. S� que, no caso das empresas, ainda hoje a gente tem um maior n�mero de executivos homens. E os homens t�m mais amigos. Ent�o, indicam mais homens para cargos de conselho. Conhe�o mulheres espetaculares. Tenho certeza de que os homens n�o conhecem essas mulheres. A mudan�a precisa vir de todas as partes. As empresas, por exemplo, podem estabelecer regras para ter 50% de candidatos homens e 50% de mulheres nos processos seletivos.

Como lidam com a quest�o da igualdade de g�nero no grupo Blue Tree hot�is? Existe alguma pol�tica afirmativa?

Em nenhuma empresa do grupo Blue Tree se olha com discrimina��o para a mulher. Olhamos com admira��o. O importante � dar resultado, � dar certo. Lidamos com a compet�ncia, com a capacidade e com as oportunidades que as pessoas querem para si. H� pessoas que amam o que fazem, mas n�o gostam de liderar. Quando h� jeitos diferentes, caracter�sticas diferentes, existe muito mais aprendizado do que quando todo mundo � igual. Os homens aprendem com as mulheres e as mulheres, com os homens.

Existe uma forma para atingir a igualdade salarial entre homens e mulheres?

Acho a diferen�a injusta. Se a mulher � competente, tem de ganhar mais, n�o menos. Algumas empresas j� s�o muito conscientes, principalmente dos Estados Unidos. Suas filiais seguem o padr�o que estabelece que n�o pode haver diferen�a salarial. Na minha empresa, nunca fiz distin��o ou percebi situa��es assim. Acho que algumas dessas diferen�as ainda s�o resqu�cios de um passado em que as pr�prias mulheres n�o pleiteavam a igualdade. Em que elas se sentiam sem direito de pleitear um sal�rio maior, �s vezes at� por causa da maternidade. Pode demorar um pouco, mas as coisas est�o mudando.

O que voc� diria para as jovens profissionais que buscam crescimento em suas carreiras?

Dificuldade faz parte. Desafio faz parte. Agora, o mais importante � ter vontade de aprender. � saber que, depois da grande felicidade de superar um desafio, haver� outro desafio para enfrentar. Invista em voc�, aprenda com tudo e com todos - com os homens e com as mulheres. Acredite que esse mundo, agora, � muito mais f�cil para as mulheres do que j� foi antes. Fa�a o seu melhor. Toda mulher, n�o importa o cargo que ocupe, tem de gostar do que faz, investir em si mesma e buscar se diferenciar.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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