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Estado de Minas NEG�CIOS

Como sobrevivi � crise: emprendedores contam como driblaram dificuldades este ano

Ap�s sair da mais grave recess�o da hist�ria, Brasil tenta consolidar a retomada do crescimento. Empreendedores, grandes e pequenos, conseguiram driblar as dificuldades


postado em 25/12/2019 04:00 / atualizado em 25/12/2019 07:57

Projeto de empreendimento da Brasal: empresa cresce em meio à crise da construção(foto: Divulgação)
Projeto de empreendimento da Brasal: empresa cresce em meio � crise da constru��o (foto: Divulga��o)


Bras�lia – O Brasil passou pela maior recess�o da sua hist�ria nos �ltimos anos. Entre 2015 e 2016, a atividade econ�mica encolheu quase 7% e a retomada tem sido lenta desde ent�o. O desemprego saltou de 7% para 12,7% no auge da crise, levando ao desespero quase 14 milh�es de brasileiros. A necessidade fez muitas pessoas se abrigarem na informalidade para driblar a falta de oportunidades no mercado de trabalho. Pequenas e grandes empresas tiveram que se reinventar para n�o fechar as portas e manter produ��o e funcion�rios, diante de vendas e servi�os em queda livre. Nesse cen�rio nebuloso, um novo nicho salvou a vida de muita gente: os neg�cios disruptivos garantiram ocupa��o e renda para quem n�o tinha de onde tirar o sustento.

Para mostrar como brasileiros e empresas de todos os portes e ramos de atividade sobreviveram � turbul�ncia dos �ltimos cinco anos, o Estado de Minas mostra hist�rias de supera��o e criatividade. “At� mesmo as empresas eficientes sofrem com uma crise, sobretudo, essa �ltima, com o tamanho que teve”, avalia o diretor de Estudos e Pol�ticas Macroecon�micas do Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea), Jos� Ronaldo de Castro Souza J�nior. “As mais saud�veis, no entanto, sobrevivem. E algumas, com criatividade e ideias inovadoras, conseguem crescer”, explica.

Em geral, �reas associadas � criatividade e �s novas tecnologias foram as que menos sentiram a recess�o. “Pelo contr�rio, como surgiram exatamente no per�odo da crise, essas tecnologias e aplicativos para vendas e servi�os tiveram um desenvolvimento bastante grande. Foi uma �tima solu��o, porque iFood, Uber, 99 e Rappi garantiram trabalho para quem tinha perdido o emprego”, diz. Nas corpora��es, a sa�da foi buscar a otimiza��o dos processos e promover o aumento da produtividade”, analisa.

Desafios 

No entender de Joana Siqueira, coordenadora de pesquisas institucionais da Federa��o das Ind�strias do Rio de Janeiro (Firjan), os profissionais criativos t�m car�ter estrat�gico dentro do mercado. “O per�odo � desafiador no cen�rio nacional, mas os criativos demoraram mais para sentir a crise. Mais do que isso, a gente viu que num quadro em que foram fechados 1,7 milh�o de postos de trabalho, nas �reas da ind�stria criativa houve gera��o de 24,5 mil empregos”, ressalta.

Joana explica que algumas profiss�es s�o buscadas pelas empresas mesmo em cen�rio de crise. “Est� tudo muito relacionado com a transforma��o digital. Aumenta a procura por profissionais especializados, gest�o com foco no consumidor, processos de digitaliza��o e diferencia��o dos produtos e servi�os”, diz. As empresas que sobreviveram bem � crise est�o olhando mais para o consumidor, garantindo experi�ncias diferenciadas, com base num volume gigantesco de dados. “� o que se chama, na ind�stria criativa, customiza��o em massa. A empresa consegue entender o perfil do seu p�blico e criar condi��es diferenciadas. � uma tend�ncia”, observa.

O caminho para a digitaliza��o � inexor�vel e qualquer produto ou servi�o voltado para isso tem espa�o garantido. “Uma pesquisa mostra que as empresas que investem em inova��o t�m resultados 66% melhores, ampliam seus mercados e abrem novos. � uma ferramenta de vantagem competitiva, principalmente na ind�stria”, explica.

Nos pequenos neg�cios, o desafio da sobreviv�ncia existe mesmo sem crise, por isso, os cuidados precisam ser redobrados, ensina o economista e analista de Gest�o Estrat�gica do Sebrae, Marco Bed�. “Das empresas constitu�das em 2012, per�odo em que o pa�s ainda crescia, 76,6% sobreviveram at� 2014, considerando o Microempreendedor Individual (MEI). Sem ele, a taxa de sobreviv�ncia cai para 58,4%”, afirma.

Quanto maior a situa��o de desespero e de desemprego, aumenta a abertura de pequenos neg�cios, alerta Bed�. “O n�mero de empregadores e profissionais por conta pr�pria dispara em per�odo de crise. Isso � comum, porque as pessoas tentam, justamente, buscar uma sa�da para o desemprego”, diz. No entanto, ele orienta alguns cuidados antes de arriscar tudo num novo neg�cio. “O ideal � abrir com calma, planejar, avaliar forma��o de pre�os e custos, estudar os investimentos e, sobretudo, buscar capacita��o para gest�o empresarial”, recomenda.

Quest�es estruturais 

O Brasil � um pa�s muito suscet�vel � crise por quest�es estruturais, avalia Rubens Massa, professor do Centro de Empreendedorismo da Funda��o Getulio Vargas (FGV). “Existe um fator muito relevante, que � como as empresas reagem � crise. Oito em cada 10 s�o de origem familiar, que nasceram por necessidade e n�o por oportunidade. Isso impacta diretamente na forma como as empresas s�o afetadas por fatores externos”, assinala. Quem tem base familiar e necessidade tem n�veis de profissionaliza��o e compet�ncia t�cnica muito baixos, explica. Por outro lado, a caracter�stica familiar tamb�m gera menos burocracia e um n�vel de comprometimento maior, porque todos s�o muito dependentes da empresa, acrescenta o especialista. “S�o fatores que agregam resili�ncia ao neg�cio, mesmo diante das crises mais profundas”, completa.

No contexto de novos neg�cios, Massa ressalta que as startups s�o mais fortalecidas, porque j� nascem com uma vis�o de aprendizado constante, com baixo investimento, e v�o se desenvolvendo conforme o mercado. “As barreiras para o crescimento s�o mais f�ceis de superar. As startups conseguem escala com menos custos. Mas existem problemas semelhantes: pode n�o haver a demanda que o empreendedor acha que existe e exige pessoal qualificado e gest�o profissional.”

Para Edney Souza, diretor acad�mico da Digital House, a economia mundial mudou e quem est� produzindo e vendendo tecnologia est� alinhado a esse movimento. “O que precisamos � formar mais m�o de obra qualificada. A empresa que sobrevive tem que atrair pessoal capacitado. Mas tem muito brasileiro migrando para a Europa para trabalhar com tecnologia”, adverte. As empresas precisam rever a metodologia de trabalho para reter talentos. “Todo mundo precisa ser digital. Mas o que as empresas que est�o se dando bem se deram conta � de que n�o adianta apenas implantar uma tecnologia nova, mas mudar a cultura para atrair pessoas que v�o implant�-las”, sustenta.



Investimentos fazem a diferen�a

Projeto de empreendimento da Brasal: empresa cresce em meio à crise da construção(foto: Divulgação)
Projeto de empreendimento da Brasal: empresa cresce em meio � crise da constru��o (foto: Divulga��o)


Bras�lia – Setor que mais sentiu a crise, a ind�stria da constru��o civil acumulou 20 trimestres seguidos de queda desde o in�cio da recess�o at� agosto deste ano, quando voltou a crescer e empregar. No entanto, uma empresa brasiliense driblou as turbul�ncias e conseguiu aumentar em 91% a receita l�quida de 2015 a 2019: a Brasal Incorpora��es. Na receita de sobreviv�ncia est�o a manuten��o dos investimentos, o fortalecimento dos sistemas de gest�o e a oferta, nos produtos, de solu��es sustent�veis e modernas.

O diretor-geral da empresa, Dilton Junqueira, explica que a Brasal atua em tr�s pra�as com incorpora��es, constru��o e comercializa��o imobili�ria. Em Bras�lia, desde 2003, Goi�nia (2011) e Uberl�ndia (2015). “Os 16 anos de opera��o resultaram em 5.625 unidades lan�adas no mercado, uma �rea total de quase 700 mil metros quadrados (m²) e R$ 3 bilh�es em Valor Geral de Vendas (VGV).

Junqueira ressalta, no entanto, que os anos de 2016 e 2017, contaram com poucos lan�amentos. “Foram os anos em que o mercado todo mais sentiu a crise. Em 2018 e 2019, aumentamos significativamente nosso volume de lan�amentos, com m�dia de seis empreendimentos por ano. Juntando as filiais de Uberl�ndia, Bras�lia e Goi�nia, totalizamos 12 lan�amentos e m�dia de R$ 500 milh�es em VGV/ano”, diz.

Com a retomada dos lan�amentos, a Brasal abriu empregos. “Sempre que iniciamos uma nova obra, ampliamos nosso quadro de colaboradores. A quantidade de postos de trabalho varia a cada tipo de empreendimento e, tamb�m, a cada fase da obra. Podemos considerar um n�mero m�dio de 120 pessoas em uma obra. Alguns colaboradores s�o contratados diretamente, e outros por meio de empreiteiras”, destaca. Em 2019, a Brasal Incorpora��es tem nove obras em execu��o. “Em 2020, vamos dobrar esse n�mero para 18, considerando as tr�s filiais, o que representar� aumento bem significativo de postos de trabalho”, afirma o diretor.

O segredo do sucesso, para ultrapassar o turbulento per�odo de 2016 e 2017, no qual foi necess�rio reduzir lan�amentos, obras e equipe, foi manter, nesse per�odo, “um trabalho consistente de planejamento, investimento e sistema de gest�o para fortalecimento de sua estrutura organizacional”. “Aproveitamos o per�odo para refor�ar os valores da Cultura de Realiza��o Brasal junto aos nossos colaboradores, eles traduzem o jeito Brasal de fazer e construir”, explica.

Tecnologia 

Quando o objetivo do neg�cio � aprimorar sistemas de gest�o com solu��es que reduzem custos operacionais, momentos de crise podem representar oportunidades de crescimento. � o caso da Softplan, de Florian�polis (SC), uma das maiores companhias de software do pa�s, h� 30 anos no mercado. Utilizando tecnologia de ponta, como machine learning, data science, intelig�ncia artificial e an�lises preditivas, a empresa transforma �rg�os p�blicos e privados e est� presente em todos os estados brasileiros.

Produz solu��es para digitaliza��o de �rg�os p�blicos, da Justi�a, da constru��o civil e, mais recentemente, do setor de sa�de. Em 2016, concluiu e inaugurou sua sede nova no Sapiens Park, com investimentos de R$ 40 milh�es. O s�cio-fundador e diretor-executivo da Softplan, Ilson Stabile, explica que o segredo do sucesso � manter um corpo t�cnico muito especializado. “De 2015 a 2019, a crise foi grande. Mas foi um momento de reavaliar nosso planejamento, nossa efici�ncia operacional. S�o �pocas boas para otimizar, rever processos”, conta.

O diferencial da Softplan, diz ele, foi levar ao mercado solu��es e consultoria que ajudaram os clientes a ser mais eficientes. “Em �poca de car�ncia de recursos, as empresas buscam as nossas solu��es. No setor da constru��o civil, muitas ficaram pelo caminho na recess�o. As que sobreviveram tentaram melhorar sua efici�ncia operacional. Foi justamente nesse segmento que tivemos crescimento. N�o houve impacto na nossa opera��o”, revela. 

A for�a da inclus�o

Ao contr�rio dos grandes bancos, que t�m fechado ag�ncias para reduzir custos, o Sistema de Cooperativas de Cr�dito do Brasil (Sicoob) ampliou sua participa��o no mercado financeiro e ganhou reconhecimento do Banco Central como protagonista de inclus�o e agente de transforma��o social. “O cooperativismo prospera em tempos de crise”, reconhece o presidente do Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob) – bra�o financeiro do Sicoob –, Marco Aur�lio Borges de Almada Abreu. Ao levar cr�dito para regi�es remotas ou vulner�veis e incluir parcela da popula��o desbancarizada, o cooperativismo reduz problemas socioecon�micos locais, que se agravam quando a economia est� em recess�o.

A expans�o do setor foi t�o significativa que, em dezembro de 2015, gerava 25,9 mil empregos no pa�s e, em junho deste ano, o n�mero saltou quase 50%, para 38,7 mil funcion�rios. “O crescimento foi bastante grande, porque o modelo de neg�cios se desenvolve nas lacunas dos agentes normais de mercado”, explica Almada. Os postos de atendimento passaram de 2.407 em dezembro de 2015 para 3.093 em junho de 2019, alta de 28,5%. “Muitos dos nossos postos foram abertos em cidades pequenas, onde n�o tinha ag�ncia de bancos tradicionais. A mais recente abertura ocorreu numa favela de Belo Horizonte. (SK)


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