
O juro b�sico mais baixo da hist�ria no Brasil d� novo g�s aos investimentos na bolsa de valores. A B3 foi turbinada no ano passado, com valoriza��o de quase 32%, n�o s� pela festejada guinada neoliberal da pol�tica econ�mica sob comando do ministro Paulo Guedes, como tamb�m subiu ao sabor das pol�micas declara��es do pr�prio Guedes, do presidente Jair Bolsonaro, de seus filhos e auxiliares. Quem pensa que s� os tubar�es militam nesse mercado se engana. Pequenos investidores t�m condi��es de se lan�ar na bolsa e aproveitar a oportunidade que a aplica��o oferece.
Em 2019, o n�mero de investidores pessoas f�sicas na B3 ultrapassou 1,6 milh�o, o dobro do verificado no ano anterior.A Selic, aquela taxa que remunera os t�tulos do governo no mercado financeiro e serve de refer�ncia para as opera��es nos bancos e no com�rcio, desceu a 4,5% ao ano. Se a meta do investidor � aumentar o patrim�nio, investir em a��es pode ser uma boa alternativa, recomenda o analista-chefe da Toro Investimentos, Rafael Panonko, que � tamb�m colunista do Estado de Minas. Investidores de todo porte podem negociar ativos de participa��es em empresas com relativa facilidade, segundo o especialista.
“Investir � mais f�cil do que as pessoas imaginam. Todo mundo, hoje, consegue investir na bolsa, n�o precisa ter grande patrim�nio”, diz Panonko. O analista afirma que com R$ 5 mil j� � poss�vel compor uma carteira diversificada. “� poss�vel fazer com um valor menor, mas a diversifica��o fica prejudicada.” No entanto, na vis�o dele, o percentual da renda que o investidor consegue alocar e a frequ�ncia das aplica��es s�o fatores mais importantes do que a quantidade inicial investida.
Destinar parcela do 13º sal�rio, por exemplo, � uma forma de come�ar. “Algumas pessoas come�am com pouco dinheiro, mas podem acumular mais”, explica Panonko. Para o especialista, � importante come�ar no mercado de capitais com uma mentalidade focada no longo prazo e na acumula��o de patrim�nio, e n�o com a vis�o imediatista de ganhar dinhiro. “O segredo no mercado de a��es n�o � apurar muito dinheiro no curto prazo correndo grandes riscos. E sim, ter a consist�ncia de boas rentabilidades no longo prazo, sabendo gerenciar os riscos”, ensina.
Ele recomenda que o investidor conservador ou iniciante em a��es, antes de tudo, se dedique a estudar e conhecer como o processo de aplica��o nesse tipo de ativo. O pr�ximo passo � escolher uma corretora com a qual o investidor se identifique e que esteja alinhada aos seus interesses. Na avalia��o de Panonko, � preciso procurar corretoras que ofere�am bom atendimento e conte�dos educacionais de qualidade. Ou seja, n�o se deve avaliar apenas os custos, e sim se o ambiente de neg�cios � facilitado e simples.
Riscos
A bolsa de valores brasileira busca convencer o pequeno investidor de que � poss�vel se aventurar no mercado de capitais. O site da empresa disponibiliza cursos on-line sobre compra e venda de a��es, bem como renda vari�vel em geral e outras modalidades de investimentos. Um dos textos afirma que investir na bolsa � menos arriscado do que muitos pensam.
“Ser s�cio de uma ou v�rias empresas de grande porte � certamente menos arriscado do que ser dono de um neg�cio pr�prio”, compara. Um “mito” que a B3 pretende quebrar ao disponibilizar essas informa��es � de que investir em a��es � apenas para ricos. “Investidores de qualquer porte podem comprar e vender a��es com seguran�a e facilidade”.
De qualquer forma, existe um perfil que melhor se encaixa na bolsa. Segundo a bolsa, o investimento em a��es � indicado para aqueles que aceitam o risco de colocar dinheiro em um ativo de alta volatilidade. Ou seja, que toleram perder boa parte ou todo o dinheiro investido. O curso no site da B3 define que, ao investir em a��es, o investidor est� sujeito a dois tipos de riscos. Um � o risco de mercado, que diz respeito � alta volatilidade das a��es, o que se deve � imprevisibilidade dos pre�os dos pap�is. “Quanto maior a volatilidade, maior � o risco. Algumas a��es s�o mais vol�teis que outras, dependendo das caracter�sticas de cada empresa”, esclarece o texto.
Outro risco � o de liquidez, que � o tempo que se leva para transformar as a��es em dinheiro. De acordo com a B3, como as negocia��es na bolsa brasileira chegam diariamente a bilh�es de reais, normalmente as a��es t�m boa liquidez. Contudo, nem todos os ativos s�o muito negociados. Ou seja, � preciso analisar o risco de liquidez de cada papel, de acordo com “o volume m�dio de neg�cios de a��es de uma empresa e o montante que um investidor pretende alocar naquela a��o”.
Por�m, segundo a bolsa brasileira, esses riscos n�o s�o diferentes do que os do mercado de im�veis, por exemplo. “No mercado acion�rio, os riscos s�o mitigados pela transpar�ncia, forte fiscaliza��o e atua��o de �rg�os reguladores, liquidez e facilidade de diversifica��o.” Em 2019, o investimento em a��es foi o que rendeu maior retorno no Brasil. O Ibovespa, principal �ndice da bolsa, se valorizou 31,58% no ano, superando as aplica��es em ouro, que renderam 28,1%.
* Estagi�rio sob supervis�o da subeditora Marta Vieira
O melhor � diversificar
Diversificar os segmentos das empresas das quais se compram participa��es o quanto puder � outra recomenda��o para que o aplicador reduza o risco inerente a esse tipo de investimento. “A diversifica��o � o melhor caminho para todos os tipos de investidores”, diz Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos. Al�m disso, diversificar as modalidades de investimento tamb�m ajuda a reduzir os perigos.
O mais indicado, de acordo com Panonko, � que as a��es formem uma carteira de investimentos variada. O analista-chefe da Toro Investimentos explica que fundos imobili�rios e uma pequena percentagem de investimentos no exterior, atrelados ao d�lar, s�o boas op��es para comp�r uma carteira saud�vel. Essas modalidades entram ao lado das a��es e aplica��o de renda fixa, que pode servir como um fundo de emerg�ncia.
Segundo o analista de investimentos, todo esse processo deve ser feito individualmente, at� porque cada investidor deve fazer com regularidade uma an�lise de perfil de aptid�o ao risco. Trata-se de uma classifica��o que denomina os conservadores, moderados ou arrojados. “Querer seguir dicas e fazer o que outros investidores est�o fazendo, na maioria das vezes, n�o d� certo. Cada pessoa tem objetivos diferentes”, esclarece.
Mirando no pequeno investidor de varejo, nesta semana a B3 anunciou que vai reduzir em cerca de 10% a tarifa cobrada para a negocia��o de a��es pelas pessoas f�sicas em geral. A taxa de manuten��o de conta, de R$ 110 ao ano, ser� zerada. A expectativa � que as mudan�as sejam oficializadas ao longo de 2020. Segundo a B3, as altera��es representam um corte de R$ 250 milh�es em tarifas anuais pagas pelos investidores na bolsa brasileira, se considerado o volume negociado nos �ltimos 12 meses.
O presidente da B3, Gilson Finkelsztain, afirmou no fim do ano passado que a institui��o come�ou a pensar em reduzir a tarifa��o depois de perceber que muitas corretoras estavam absorvendo esses custos e n�o os repassavam aos clientes. A aposta da bolsa � que, na esteira dos juros baixos, o perfil do investidor brasileiro tenda a renda vari�vel e que h� potencial nesse cen�rio para a amplia��o da base de investidores pessoa f�sica. “Estamos sens�veis � quest�o de tarifa��o para garantir que o crescimento da pessoa f�sica continue”, declarou Finkelsztain.
Para come�ar
» Tenha mentalidade de longo prazo ao investir em a��es
O comportamento indicado na bolsa de valores � ter foco longo na acumula��o de patrim�nio. Quem procura ganhar muito dinheiro rapidamente aumenta os riscos que corre
» N�o � preciso ter muito dinheiro para investir
Com R$ 5 mil j� � poss�vel adquirir uma carteira de pap�is diversificada. Com menos de R$ 30 o investidor j� consegue comprar participa��o em uma empresa, mesmo que pequena
» A��es s�o investimento para quem tolera risco
Como os pre�os das a��es n�o s�o totalmente previs�veis, o perfil do investidor no mercado de capitais � mais arrojado do que no de renda fixa. � necess�ria an�lise de aptid�o ao risco
» Estude e aprenda sobre o mercado de capitais
Em raz�o da volatilidade, as perdas podem ser grandes e � mais perigoso para o investidor que n�o conhece a din�mica do mercado. Dedicar-se a entender o processo � fundamental
» N�o fa�a o que os outros investidores est�o fazendo
Cada um tem objetivos e um perfil de aptid�o a riscos distintos. Por isso, n�o � recomend�vel seguir dicas e o que outros investidores fazem na bolsa
» Procure uma corretora alinhada com seus interesses
A escolha da corretora deve fazer sentido com os objetivos pessoais de cada investidor. Busque bom atendimento, processo de negocia��o facilitado e materiais educativos
» Diversifique a carteira de a��es e de investimentos em geral
Para ter carteira saud�vel e protegida de grandes riscos, devem-se adquirir participa��es em empresas de diferentes setores. A��es devem ser apenas uma modalidade de investimentos