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Estado de Minas ECONOMIA

Ap�s Brumadinho, investidor pressiona por transpar�ncia

Um grupo de 110 investidores com mais de US$ 14 trilh�es sob gest�o questionou 727 mineradoras sobre suas barragens


postado em 27/01/2020 08:44 / atualizado em 27/01/2020 10:23

(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
(foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)

O colapso da barragem da Vale em Brumadinho, Regi�o Central de Minas, h� um ano, foi o gatilho para investidores estrangeiros pressionarem as mineradoras por maior transpar�ncia e seguran�a. Capitaneado pelo fundo de pens�o The Church of England, um grupo de 110 investidores com mais de US$ 14 trilh�es sob gest�o questionou 727 mineradoras sobre suas barragens.

Na �ltima sexta-feira, 24, v�spera do anivers�rio da trag�dia, que deixou 270 v�timas, foi divulgado o primeiro resultado do movimento: a cria��o de um banco de dados global com informa��es de 1.939 barragens. At� o fim do primeiro semestre, deve sair do papel um c�digo de melhores pr�ticas para o armazenamento de rejeitos, com a defini��o de um padr�o internacional.

Protagonista da trag�dia, a Vale sentiu na pele a rea��o de investidores. O Church of England se desfez das a��es da mineradora. O megafundo de pens�o californiano Calpers, com portf�lio de US$ 402 bilh�es, vendeu todos os bonds (t�tulos de d�vida) da companhia ap�s o rompimento da barragem, ressaltando os custos e penalidades a que a empresa ser� submetida por causa do desastre.

L�der em investimentos integrados ao desenvolvimento social, ambiental e de governan�a, a gestora holandesa Robeco p�s a Vale em uma lista de empresas com restri��es de investimento.

Consultados pela reportagem, Church of England e Robeco afirmaram que ainda � cedo para pensar em reinvestir na mineradora brasileira. O Calpers n�o comentou.

"A Vale continua na nossa lista de exclus�o. Os acidentes na empresa foram severos. S� ficaremos confort�veis em revisar nosso posicionamento ap�s a Vale ter descomissionado (fechado) todas as barragens em situa��o de risco em suas opera��es e tenha de fato implementado uma gest�o ambiental de acordo com os padr�es a serem estabelecidos pela iniciativa de investidores globais para a seguran�a no setor", disse a gestora da Robeco para Brasil, Daniela da Costa-Bulthuis.

"N�o temos planos de afrouxar nossa restri��o de investimento na companhia. Ainda h� um longo caminho antes de considerarmos voltar a investir na Vale", afirmou o diretor de �tica e engajamento do Church of England, Adam Matthews .

Responsabilidade

Sob os holofotes do F�rum Econ�mico Mundial de Davos, os crit�rios socioambientais de investimento t�m sido uma das causas do elevado desconto do pre�o das a��es da mineradora brasileira em rela��o �s suas principais rivais, as australianas BHP Billiton e Rio Tinto.

Relat�rio recente do Citi apontou que 50% dessa diferen�a - de 20% a 30% no valor dos pap�is, dependendo crit�rio de an�lise - se deve justamente a quest�es ambientais, sociais e de governan�a.

O diretor de ratings corporativos da ag�ncia de classifica��o de risco Fitch, Phillip Wrenn, afirmou que s�o esses fatores que impedem a Vale de ter um rating corporativo mais alto. "O acidente de Brumadinho ocorreu, apesar da administra��o afirmar que nunca mais haveria um rompimento na barragem semelhante � ocorrida na Samarco - uma joint venture entre Vale e BHP Billiton", disse.

Para ele, h� ainda preocupa��es com o gerenciamento de res�duos e materiais perigosos, al�m da resist�ncia social aos projetos da mineradora, sejam eles novos ou expans�es.

Para Daniela, da Robeco, Brumadinho ampliou o foco do impacto socioambiental da minera��o. Um ano depois da trag�dia, disse ela, a a��o de investidores j� refletiu em maior abertura das mineradoras para falar sobre os riscos ambientais embutidos na atividade.

Sabendo dessa press�o, a Vale dedicou boa parte do Vale Day, encontro com analistas de mercado realizado no fim do ano passado, em Nova York e Londres, para apresentar seu plano estrat�gico para os pr�ximos anos.

Entre as prioridades, segundo a mineradora, est�o reparar integralmente as consequ�ncias de Brumadinho e estabelecer um novo pacto com a sociedade, adotando metas envolvendo mudan�a clim�tica, energia e florestas. A companhia informa que tamb�m lan�ou um portal voltado a dar transpar�ncia �s suas a��es ambientais, expondo problemas e avan�os.

Mudan�a insuficiente

O fundo de pens�o brit�nico Church of England enxerga mudan�as no setor de minera��o, mas ainda insuficientes para a retomada firme da confian�a. Em entrevista, o diretor de �tica e Engajamento do fundo Adam Matthews afirma que n�o pretende afrouxar as restri��es de investimento na Vale. Leia os principais trechos da entrevista:

Um ano ap�s o desastre em Brumadinho � poss�vel dizer que algo mudou no setor pela press�o de investidores?

Sim, mas ainda n�o o suficiente. H� um longo percurso pela frente at� que possamos dizer que a quest�o das barragens foi solucionada. Estamos desenvolvendo um novo padr�o global em barragens de rejeitos, que ser� requerido pelos investidores. Pela primeira vez empresas divulgaram detalhes das opera��es de suas barragens. Recebemos dados de mais de 54% da ind�stria global de minera��o por valor de mercado.

O rompimento da barragem em Brumadinho afetou o apetite dos investidores em rela��o �s mineradoras? � poss�vel recuperar a confian�a no setor?

Brumadinho certamente afetou a confian�a dos investidores nas mineradoras. Mas podemos ter um mundo sem a minera��o? N�o. Ela tem papel fundamental em prover muitos dos recursos necess�rios � transi��o para uma economia de baixo carbono. No entanto, ainda h� problemas a resolver. H� compromissos claros de alguns CEOs nesse sentido, mas eles n�o podem fazer isso sozinhos. O afastamento dos investidores do setor n�o � a resposta. Isso n�o quer dizer permanecer investindo em todas as companhias. Diferenciar as que est�o mudando ou tentando mudar � muito importante.

O Church of England vendeu as a��es da Vale ap�s o colapso de Brumadinho. A empresa ainda est� na lista suja?

Sim. N�o temos planos de afrouxar nossa restri��o de investimento na companhia. Ainda h� um longo caminho antes de considerarmos voltar a investir na companhia. At� hoje n�o constru�ram casas ap�s o desastre (da Samarco) em Mariana, quatro anos atr�s. � simplesmente inaceit�vel.


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