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Estado de Minas CARNAVAL S/A

Empresas lucram nos circuitos do carnaval em BH

Demanda por grades de prote��o de pr�dios comerciais e residenciais, edif�cios p�blicos, pra�as e jardins aumenta cerca de 50% na capital. Custo alcan�a R$ 50 o metro quadrado


postado em 22/02/2020 08:20 / atualizado em 22/02/2020 09:18

Como a Praça da Liberdade, outras 15 praças de BH foram cercadas com gradil pela prefeitura, que tem despesa incluída no orçamento da festa (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Como a Pra�a da Liberdade, outras 15 pra�as de BH foram cercadas com gradil pela prefeitura, que tem despesa inclu�da no or�amento da festa (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
A expans�o do carnaval de Belo Horizonte cria oportunidades de receita at� mesmo para os setores mais especializados da economia, a exemplo do ramo da seguran�a patrimonial. Pr�dios residenciais e comerciais, al�m dos �rg�os p�blicos, lan�am m�o do aluguel de grades para conter aqueles foli�es afoitos e descuidados da responsabilidade coletiva com a preserva��o da cidade. O n�mero de contrata��es do servi�o chega a aumentar 50% durante os dias oficiais da folia. Enquanto isso, os recursos movimentados pelos blocos de rua e pelo setor de com�rcio da capital mineira contribuem para o grande fluxo de dinheiro que a folia traz para BH.

A empresa Tentec Eventos, especializada em aluguel e montagem de equipamentos para festas, verificou aumento consider�vel de demanda durante o carnaval. O gerente da companhia, Cl�ber Pinheiro, afirma que com o crescimento do carnaval da cidade, cada vez mais condom�nios e pr�dios comerciais alugam grades para proteger as portarias e jardins de potenciais atos de vandalismo. Ele estima que o n�mero de contrata��es desse servi�o aumente 50% durante os pr�ximos dias da festa. “� capaz de alguns empres�rios nem conseguirem atender � demanda”, conclui. A empresa cobra di�ria de R$ 7 por grade. Pinheiro afirma que o aluguel de tendas tamb�m aumenta, em especial no interior.

Os moradores do condom�nio L'Unico, no Bairro Funcion�rios, decidiram gradear o entorno do pr�dio pela primeira vez para o carnaval de 2020. A empres�ria e s�ndica do pr�dio, Ericka Franco, acredita que o custo foi elevado: R$ 50 por metro quadrado. “Tivemos que colocar este ano e vamos colocar nos outros que vir�o devido � falta de educa��o das pessoas. � invi�vel este tipo de investimento todo ano”, conta. Ela afirma que o problema piorou com o crescimento r�pido do carnaval de Belo Horizonte.

O problema de alguns � a oportunidade de outros. A empresa Mark Eventos trabalha exclusivamente com a fabrica��o e aluguel de grades de prote��o h� 10 anos. Segundo o propriet�rio da empresa, Marcos Antony, nos �ltimos tr�s anos a demanda pelos alugu�is cresceu muito. “� uma demanda surpreendente. Aguardo que continue crescendo. O carnaval tem sido bem interessante pra gente”, afirma. Segundo o empres�rio, as contrata��es do servi�o tiveram eleva��o de 50% nos cinco dias da festa, sem contar o per�odo de pr�-carnaval. A empresa cobra di�ria de R$ 8 pela unidade. “N�o � [ben�fico] apenas para n�s, mas tamb�m gera emprego e renda para os mineiros da capital”, diz.

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) responde por cerca de 90% do total de alugu�is de grades oferecidas pela Mark Eventos. A PBH contrata os servi�os das empresas de aluguel de grades com o intuito de “proteger o patrim�nio p�blico e garantir a seguran�a”. Segundo a Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur), foi feito um estudo dos blocos com p�blico acima de 500 foli�es. No percurso definido para um bloco desse tamanho m�nimo, a prefeitura gradeou pra�as, jardins e est�tuas. Pelo menos 16 pra�as foram cercadas, incluindo a Pra�a da Liberdade e aquelas integrantes do programa Adote o Verde. Pr�dios como o Pal�cio das Artes, a Funda��o de Educa��o Art�stica e o Instituto de Criminal�stica tamb�m receberam gradeamento.

Patroc�nio privado 

De acordo com a Belotur, o dinheiro gasto com o aluguel das grades vem das planilhas de estruturas e servi�os, que t�m valor total de R$ 8,3 milh�es. Esse valor � captado por meio de edital de patroc�nio privado e se destina a gastos de estrutura em geral, como arquibancadas. Ainda segundo a Belotur, os pr�dios residenciais e comerciais que quiserem alugar as grades n�o precisam de autoriza��o da prefeitura.

Os gastos dos blocos de rua s�o outro lado que mostra o que o carnaval significa para a economia na capital. Os grupos criam postos de trabalho e investem em estrutura para a festa. O Bloco da Calixto, por exemplo, emprega mais de 70 pessoas diretamente, sem contar os postos de trabalho indiretos. Entre dezembro e fevereiro, o bloco gasta R$ 70 mil: R$ 50 mil com pessoal – que inclui m�sicos, fot�grafos, assessores, seguran�as e t�cnicos –, mais R$ 20 mil destinados � estrutura e trio el�trico.

A produtora do Bloco da Calixto, Renata Almeida, afirma que todos os funcion�rios recebem pelo trabalho. “J� est� na agenda, j� � um evento nosso anual e nos programamos para cumpri-lo. Fora o que � gerado de forma indireta: os locais onde realizamos os shows, o p�blico que utiliza transporte pra ir ao local, o que vem de fora. � muito dinheiro”, conta. Por�m, ela afirma que o carnaval � um investimento “zero a zero”. “� basicamente para pagar conta, n�o temos lucro com o carnaval”, diz.

Renata Almeida acredita que o carnaval de rua de Belo Horizonte se tornou um dos tr�s maiores do Brasil gra�as a “uma mobiliza��o �nica e exclusiva da popula��o”. Por outro lado, a produtora avalia que os �rg�os p�blicos demoraram a entender que a festa gera lucro e turismo para a cidade. Ela afirma que h� muito a ser feito ainda, especialmente no que se refere ao sistema de financiamento dos blocos. “Acho que o carnaval de BH tende s� a crescer, mas ainda est� aprendendo a lidar com seu tamanho. Crescemos muito e em pouco tempo”, diz.

O bloco Funk You tamb�m d� ideia do tanto de dinheiro movimentado com a festa em Belo Horizonte. O bloco e a banda que leva o mesmo nome movimentam juntos cerca de R$ 250 mil durante todo o per�odo do carnaval. O or�amento inclui, al�m do desfile, ensaios, eventos e vendas de produtos. Pelo menos 75% desse montante vem dos cach�s que a banda recebe. Parte do dinheiro � usada para pagar os 50 funcion�rios diretos do grupo.

A produtora do Funk You, Polly Paix�o, conta que para conseguir pagar o desfile, que custa cerca de R$ 50 mil, � necess�rio promover outros eventos durante o ano. O custo � maior do que os R$ 12 mil recebidos, este ano, da prefeitura, o m�ximo permitido. “O tanto que os bares ganham, circula dinheiro, favorece o emprego de pessoas. Os grandes blocos, a rede hoteleira, de transporte por aplicativo. Movimenta-se muito mais dinheiro nessa �poca. Tanto no pr�-carnaval como no dia do desfile”, afirma.

*Estagi�rio sob supervis�o da subeditora Marta Vieira

Varejo pronto pra faturar

O crescimento do carnaval de BH puxa tamb�m a expectativa de ganhos de alguns segmentos do com�rcio e do setor de servi�os e turismo. A conclus�o � de pesquisa da Federa��o de Com�rcio, Bens e Servi�os de Minas Gerais (Fecom�rcio-MG), indicando que 66,7% do empresariado acredita que o per�odo ser� positivo para o setor. Pouco mais da metade (51,2%) espera vender mais este ano do que em 2019. Os comerciantes apontam o n�mero maior de turistas na cidade e o crescente movimento nas ruas como as principais raz�es para o otimismo.

“O retorno � garantido”, disse ontem a comerciante Jaqueline de Moura, enquanto montava banca de produtos para venda durante o carnaval na Pra�a da Savassi, Zona Sul de BH, local tradicional da folia. Jaqueline investiu R$ 5 mil no estoque e na estrutura para lucrar com a festa. H� dois anos, ela deixou de curtir o carnaval na Bahia e transforma o carnaval em fonte de renda na capital mineira.

Entre as empresas que participaram da pesquisa da Fecom�rcio-MG, 48,9% funcionar�o durante todo o per�odo do carnaval. Desse universo, quase 70% abrir�o todos os dias. J� 68,6% das empresas que estar�o abertas durante a festa realizaram investimentos para atender � demanda maior. Aumentar o estoque de produtos, vender itens que n�o s�o normalmente comercializados e treinar funcion�rios foram as a��es mais citadas. A entidade consultou 280 empresas das regi�es Centro-Sul, Leste e Oeste de BH, entre 28 de janeiro e 13 de fevereiro.

Para a analista de pesquisa da Fecom�rcio-MG Let�cia Marrara, a expans�o do carnaval em Belo Horizonte favorece o turismo interno. “Observamos aumento no fluxo de turistas nacionais, principalmente pela alta do d�lar, o que favorece o setor, impactando, principalmente, as atividades econ�micas. Al�m disso, o carnaval j� � considerado pelos empres�rios como um per�odo de grandes oportunidades de vendas”, afirma.

De acordo com outra pesquisa, da C�mara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), o gasto m�dio de cada foli�o deve ser de R$ 54,79 em cada compra feita durante o carnaval na cidade. Os empres�rios entrevistados pela associa��o esperam maior volume de vendas de alimentos (57,4%), bebidas (52%) e roupas (17,6%).

Para conseguir atender � demanda maior, as empresas que participaram da pesquisa pretendem contratar em m�dia tr�s funcion�rios tempor�rios para o per�odo. O levantamento da CDL/BH tamb�m aponta que os turistas que visitar�o a capital mineira ficar�o hospedados por quatro dias, e gastar�o em m�dia R$ 810 na rede hoteleira. A pesquisa foi realizada com empres�rios de BH entre 20 de janeiro e o �ltimo dia 3.

Segundo c�lculos da Confedera��o Nacional do Com�rcio de Bens, Servi�os e Turismo (CNC), o setor do turismo e entretenimento de Minas Gerais deve movimentar R$ 809,7 milh�es durante o carnaval. O volume de recursos estimado para o estado � o quarto maior do Brasil, atr�s do Rio de Janeiro (R$2,68 bilh�es), S�o Paulo (R$ 1,94 bilh�o) e Bahia (R$ 1,36 bilh�o). Ainda de acordo com a CNC, 88% da receita gerada com o feriado no pa�s vir� dos segmentos de bares e restaurantes, transporte rodovi�rio e hotelaria. (Com Felipe Quintella)

Hotelaria

R$ 810

� a estimativa de gastos dos turistas que ficar�o hospedados em BH nos pr�ximos quatro dias

Infraestrutura

R$ 8,3 milh�es

Cifra total destinada � estrutura e aos servi�os necess�rios para a organiza��o do carnaval de BH, segundo a Belotur 


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