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Estado de Minas ECONOMIA

'Se o governo gastar mais, a credibilidade acaba e o PIB cai', diz secret�rio


postado em 02/03/2020 13:17

O secret�rio de Pol�tica Econ�mica, Adolfo Sachsida, foi um dos primeiros profissionais da �rea a aderir � candidatura de Jair Bolsonaro, meses antes de o atual ministro Paulo Guedes seguir o mesmo caminho, no final de 2017. Advogado, doutor em Economia pela Universidade de Bras�lia e funcion�rio do Ipea (Instituto de Pesquisa de Economia Aplicada) desde 1997, ele ocupa hoje uma posi��o estrat�gica na formula��o da agenda econ�mica e social do governo.

Nesta entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Sachsida, de 47 anos, diz que a pol�tica de austeridade fiscal � fundamental para o crescimento sustent�vel do Pa�s.

Segundo ele, se o governo ceder �s press�es e voltar a gastar sem lastro, perder� a credibilidade e o Produto Interno Bruto (PIB) vai cair e n�o subir, como acreditam pol�ticos e economistas que defendem o uso de dinheiro p�blico para turbinar a economia.

Em 2019, o crescimento do PIB acabou sendo menor do que o esperado. Como o sr. explica esse resultado?

Temos de dividir 2019 em duas partes. Os primeiros oito meses, que foram muito dif�ceis, e de setembro em diante. Logo que entramos no governo, tomamos uma s�rie de medidas para tentar equacionar o lado fiscal - sendo que a nova Previd�ncia foi a mais importante delas - e melhorar a aloca��o de recursos na economia. Com isso, a partir de setembro, a situa��o mudou bastante. Em julho e agosto, v�rios analistas projetavam o PIB de 2019 entre 0% e 0,5%. Mas o PIB terminou o ano ao redor de 1,1%. Ent�o, quando voc� compara com o in�cio do ano, se esperava mais. Mas, ao olhar como o ano acabou, mostra que estamos no caminho certo.

No final do ano, houve uma redu��o no consumo e isso deixou muitos analistas preocupados com o PIB de 2020. Como o sr. v� essa patinada?

A patinada que vi algumas pessoas comentando j� estava incorporada nas nossas contas. Tanto � que a nossa proje��o para 2020 n�o mudou. A�, voc� fala: "Mas as vendas em supermercados ca�ram em dezembro". Ca�ram 0,1% - e muito por causa da alta da carne. Agora, as vendas de eletrodom�sticos subiram 20%. No agregado, o desempenho dos supermercados acabou afetando o resultado porque tem um peso maior.

O resultado de dezembro n�o pode indicar uma desacelera��o da economia?

Isso j� est� estabilizado. Quando voc� olha os n�meros agregados, parece que o consumo est� parado, mas n�o est�. Tem de olhar dentro do agregado, para ver o que est� acontecendo de fato. O PIB do setor p�blico est� caindo, mas o do privado j� est� crescendo a 2,7% ao ano. O emprego e o cr�dito privado tamb�m est�o crescendo bastante.

H� tamb�m o "efeito coronav�rus". Como isso pode afetar o quadro em 2020?

At� duas semanas atr�s, est�vamos mantendo as nossas estimativas de crescimento em 2,4% neste ano. De l� para c�, o impacto do coronav�rus, associado a alguns outros fatores, passou a preocupar mais. Ainda estamos analisando o efeito disso na economia do Pa�s, mas, pelas informa��es de que dispomos no momento, creio que teremos de rever a nossa proje��o na semana que vem.

Muitos empres�rios e analistas reclamam da lenta retomada da economia e defendem a concess�o de est�mulos ao setor privado e a realiza��o de investimentos pelo governo. Qual a sua posi��o sobre essas demandas?

Estamos numa sociedade democr�tica e � natural que algumas organiza��es de classe pleiteiem vantagens. Agora, todas as vezes que voc� concede uma vantagem para um setor o dinheiro tem de sair de outro setor. Boa parte dos subs�dios do passado foram transfer�ncias de renda de pessoas pobres para pessoas ricas. O exemplo mais �bvio foi a pol�tica de campe�es nacionais, quando o governo transferiu um expressivo volume de recursos de todos os trabalhadores brasileiros para uma classe muito mais rica, com resultados insignificantes em termos de investimento e de crescimento.

Esse mesmo grupo defende uma relaxada na pol�tica fiscal, para alavancar a economia. D� para crescer mais sem o governo abrir as torneiras?

Os estudos da SPE (Secretaria de Pol�tica Econ�mica) mostram que estamos num ajuste fiscal expansionista. Isso quer dizer que o ajuste fiscal � que est� abrindo espa�o para o crescimento. Existem v�rios textos na literatura nacional e internacional que mostram que, quando um Pa�s est� em crise fiscal, o PIB vai cair se o governo gastar mais. Ent�o, temos de manter o teto do gasto, voltar a ter super�vits prim�rios e reduzir a rela��o d�vida p�blica/PIB. Se o governo come�ar a gastar mais, em cen�rio de pouco espa�o fiscal, a credibilidade acaba, as taxas de juro aumentam e ficar� pior para todo mundo.

Agora, mesmo nesse cen�rio de ajuste fiscal, muitos analistas dizem que a rela��o d�vida p�blica/PIB n�o dever� cair como no ano passado. � isso mesmo?

N�s estamos trabalhando para que a rela��o d�vida/PIB continue a cair. Depois que a gente aprovou a reforma da Previd�ncia, as taxas de juro pagas em t�tulos do Tesouro ca�ram muito. A gente j� havia previsto que, com as mudan�as na Previd�ncia, isso aconteceria e teria um efeito muito ben�fico para a economia. O ajuste fiscal � o respons�vel direto pelos juros baixos que temos hoje, al�m do excelente trabalho do Banco Central.

O sr. diz que o setor privado est� puxando a economia. Mas, em 2019, o setor industrial registrou queda no n�vel de atividade. Como se explica esse crescimento no setor privado e essa queda na ind�stria ao mesmo tempo?

Dado que o governo parou de gastar muito e de estimular setores ineficientes, eles est�o tendo de se ajustar. Em compensa��o, os recursos da economia - o capital e o trabalho - est�o come�ando a ir para setores mais eficientes. O investimento privado est� deixando de ir para onde o governo indicava e indo para um lugar mais eficiente. Ainda que o n�mero agregado seja igual, a qualidade do investimento hoje � bem superior.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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