
"Temos que manter a absoluta serenidade. E a melhor resposta � crise s�o as reformas”
Paulo Guedes, ministro da Economia
Bras�lia – O dia come�ou nervoso nos mercados, com a bolsa caindo e o d�lar subindo no ritmo da nova crise internacional do petr�leo e do medo dos investidores provocado pelo avan�o do novo coronav�rus. Enquanto isso, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a equipe econ�mica est� “absolutamente tranquila e confiante” de que o Brasil vai se livrar dessa onda global de desacelera��o e voltar a crescer.
“Estamos absolutamente tranquilos e confiantes de que a democracia brasileira vai reagir transformando essa crise em avan�o das reformas, em mais crescimento e mais empregos. E, enquanto o mundo desce, o Brasil vai come�ar a reacelera��o do crescimento", afirmou Paulo Guedes na chegada ao Minist�rio da Economia na manh� de ontem.
O ministro argumentou que o mundo j� estava em desacelera��o, antes mesmo das crises do novo coronav�rus e do pre�o do petr�leo. “O coronav�rus acelerou a pandemia que acelerou a queda da economia mundial. J� o Brasil est� ao contr�rio”, afirmou o ministro, voltando a dizer que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto da produ��o de bens e servi�os) do Brasil em 2019, apesar de criticado pelo mercado, foi positivo.
“Qual a minha resposta a isso? Temos que manter a absoluta serenidade. E a melhor resposta � crise s�o as reformas”, emendou Guedes, ao defender que o Brasil deve focar em aprova��o das reformas econ�micas porque, assim, pode contrariar o movimento global de desacelera��o econ�mica e crescer neste ano. “O Brasil tem uma din�mica pr�pria de crescimento. Se fizermos as coisas certas, o Brasil reacelera”, afirmou o ministro.
A respeito do d�lar, que chegou a R$ 4,74 ontem, Guedes voltou a dizer que o c�mbio � flutuante e, por isso, pode subir a patamares t�o altos quanto este, diante de crises como a do petr�leo. Ele reafirmou a vis�o de que a moeda norte-americana voltar� a descer se o Brasil passar confian�a para o investidor dando seguimento �s reformas econ�micas.
“O Brasil agora � um pa�s que tem juros de equil�brio mais baixos e um c�mbio de equil�brio mais alto. Mas o c�mbio � flutuante. Tem o coronav�rus, tem a crise. A reforma n�o est� andando, ele sobe. A reforma est� andando, ele desce. Ent�o, o c�mbio vai flutuar”, afirmou.
Segundo o ministro, o governo brasileiro vai fazer o seu dever de casa no que diz respeito �s reformas econ�micas. “A equipe econ�mica � capaz, experiente, segura. E est� absolutamente tranquila quanto � nossa capacidade de enfrentar a crise. Agora, n�s precisamos das reformas. O Brasil pode ser realmente o pa�s que transformou a crise em reacelera��o do crescimento, em gera��o de empregos, em um mundo que est� com s�rios problemas”

Exige (a crise) seriedade e di�logo das lideran�as do pa�s”
Rodrigo Maia, presidente da C�mara dos Deputados
Na contram�o
Os analistas do mercado financeiro reduziram para 1,99% a perspectiva de crescimento da economia brasileira neste ano. � a primeira vez que o n�mero fica abaixo de 2% no Boletim Focus do Banco Central (BC), relat�rio contendo a avalia��o de uma centena de economistas de bancos e corretoras sobre os rumos do pa�s.
A proje��o de crescimento do PIB brasileiro cai h� quatro semanas devido ao avan�o do coronav�rus pelo mundo. Mas, nesta semana, levou um tombo mais agressivo, porque tamb�m incorporou a m� repercuss�o com o baixo crescimento de 1,1% registrado pelo Brasil em 2019.
A proje��o do mercado para o PIB de 2020, que estava em 2,3% h� exatamente um m�s, passou, ent�o, de 2,17% para 1,99%. O crescimento abaixo dos 2%, por�m, j� era esperado e j� havia sido precificado por bancos como o Ita� e o JP Morgan.
Diante da eleva��o do d�lar, os analistas ouvidos pelo BC ainda elevaram de 3,19% para 3,2% a perspectiva de infla��o para 2020 no Boletim Focus. J� as proje��es para o c�mbio e para a taxa b�sica de juros (a Selic, que remunera os t�tulos do governo no mercado financeiro e serve de refer�ncia para as opera��es nos bancos e no com�rcio) foram mantidas em R$ 4,20 e 4,25% ao ano, respectivamente. Os economistas do mercado financeiro ainda alteraram a proje��o para a balan�a comercial em 2020, na pesquisa Focus realizada pelo BC, de super�vit de US$ 36,70 bilh�es para US$ 36,40 bilh�es.
Rebate
O presidente da C�mara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu ontem a ado��o de medidas emergenciais e afirmou que a crise pode se tornar uma oportunidade “se agora os poderes da Rep�blica agirem em harmonia e com esp�rito democr�tico”.
No domingo � noite, Maia publicou em sua conta no Twitter, logo ap�s as primeiras not�cias sobre o choque nos pre�os do petr�leo, um alerta de que o cen�rio internacional “exige seriedade e di�logo das lideran�as do pa�s”.
Para Maia, a crise do petr�leo deve ter impacto de “um ou dois meses”. Ele afirmou tamb�m n�o esperar que o choque tenha efeitos permanentes.
an�lise da not�cia
Perda de tempo
Marta Vieira
O ditado que descobre o pior cego entre aqueles que n�o querem ver se enquadra bem � postura de nega��o do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre as dificuldades j� colocadas � economia brasileira e tamb�m a Minas Gerais, diante dos efeitos do avan�o do novo coronav�rus sobre o humor de investidores, analistas de bancos e corretoras. Por tr�s das pancadas di�rias que a bolsa brasileira tem sofrido nos �ltimos dias e da disparada do d�lar, n�o se pode negar a fragilidade de um pa�s e de um estado dependentes das compras da China e de algumas das grandes na��es da Europa, como a pr�pria It�lia, dois dos pa�ses no centro da epidemia. Sem um mercado de consumo interno forte, como � o caso do Brasil, o impacto do surto na economia mundial tende a rebater mais forte sobre a fabrica��o e as vendas dos produtos brasileiros exportados. Um freio nos investimentos tamb�m, certamente, vai retardar a recupera��o j� morna do emprego e da renda no pa�s. A receita das exporta��es brasileiras de janeiro e fevereiro, de US$ 30,9 bilh�es, encolheu 8,5%. O com�rcio de Minas Gerais com o exterior mostrou tamb�m grandes quedas. As exporta��es do estado diminu�ram 17,6%, ante o primeiro bimestre de 2019, ao somarem US$ 3,319 bilh�es. As duas estrelas das vendas do estado sentiram forte o baque: as de min�rio de ferro e concentrados desabaram 20%, com receita de US$ 1,023 bilh�o, e as de caf� n�o torrado recuaram 8,5%, ao faturar US$ 601 milh�es. Os n�meros n�o costumam mentir – a interpreta��o deles, sim – e indicam que o Minist�rio da Economia ter� de sair do palanque e agir.